
O posto de combustíveis clandestino funcionava dentro da terra indígena, em São Félix do Xingu, no sul do Pará. Foto Igor Soares/Ministério da Defesa/. (Foto: )
Os
criminosos que atuam incessantemente na Amazônia, derrubando florestas,
facilitando o tráfico de madeira e a grilagem de terras, principalmente em
áreas indígenas, sofreram mais um golpe. As Forças Armadas, em operações
realizadas na quarta e quinta-feira, 28 e 29, chegaram à área da reserva
indígena Trincheira/Bacajá, em São Félix do Xingu, no sul do Pará,
identificando e reprimindo uma série de ações ilegais. É mais um esforço
conjunto para a proteção da Amazônia e combate às organizações criminosas.
Na
quinta-feira, militares e agentes ambientais da Operação Samaúma derrubaram
pontos de apoio ao desmatamento na Terra Indígena Trincheira/Bacajá, próxima à
Vila Sudoeste, a cerca de 1 mil quilômetros de Belém. Esses locais são barracas
improvisadas que infratores utilizam para abrigarem-se e prepararem refeições.
Esses
pontos de apoio contam com poço artesiano, fogareiro de barro, panelas,
assentos e mesa. As estruturas possibilitam a sobrevivência dos infratores e
contribuem para facilitar a abertura de novas ocupações irregulares.
No mesmo
local, a equipe da Operação cortou, ainda, uma cerca que caracterizaria um
loteamento dentro da Trincheira/Bacajá. O caminho dos agentes e militares foi
longo para chegar até ali. Parte da equipe saiu às 4h30 da madrugada para a
Vila Sudoeste, partindo da Base São Francisco, em um trajeto de 75 km, para
apoiar parte do grupo que seguiu de helicópteros do Ibama, Marinha e Exército.
Ao se encontrarem, continuaram por mais um trecho de 20 km, em estrada de chão
batido. Este percurso demorou cerca de uma hora.





Ao chegar
na entrada de Trincheira, as equipes encontraram toras de sustentação da ponte
jogadas no córrego. “A metodologia utilizada pelos invasores é serrar parte da
estrutura da ponte. Os invasores fazem isso para que os agentes não adentrem
nas terras indígenas”, explicou o indigenista da Fundação Nacional do Índio
(FUNAI) Jonilson Navarros.
Dessa
forma, a equipe fez a travessia a pé, embaixo de forte calor e muita poeira, em
direção ao local dos ilícitos, andando sobre as toras que restaram da ponte.
“Verificamos in loco os ilícitos para que possamos tomar as atitudes”, disse
Navarros.
Os
militares das Forças Armadas integrantes do Comando Conjunto Norte realizaram a
segurança dos agentes dos órgãos. “Fazemos a segurança afastada, para evitar,
por exemplo, que alguém venha das cidades mais próximas e interfira nas ações”,
explicou o Comandante da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, General de Brigada
Giovani Moretto.

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Os militares do Exército e Marinha, com apoio de
agentes do Ibama, criaram barreiras de proteção ao trabalho da “Operação
Samaúma. Foto de Igor Soares
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De acordo
com o coordenador de fiscalização da FUNAI, Luiz Conde, aquele local foi
escolhido para a atuação da Operação Samaúma após detectadas ações de
desmatamento, identificadas pelo Centro de Monitoramento Remoto (CMR) do órgão.
Esse sistema monitora as ocorrências de desmatamento e degradação nas terras
indígenas e acompanha as mudanças de uso e ocupação do solo. “Fazemos esse
acompanhamento e verificamos que aquelas entradas da Terra Indígena estão sendo
ampliadas, dando a certeza de que ali ocorre desmatamento”, explicou Conde.
A Terra
Indígena possui 1.651.000 hectares, englobando áreas dos municípios de
Altamira, Anapu, São Félix do Xingu e Senador José Porfírio, todos no Pará. A
atividade contou com o apoio de dois helicópteros das Forças Armadas.
Combate
a ilícitos
A Operação
Samaúma, de Garantia da Lei e da Ordem, ocorre em terras indígenas e unidades
de conservação de 26 municípios dos estados do Amazonas, Pará, Rondônia e Mato
Grosso. No Pará, seis municípios integram a Operação Samaúma: Altamira,
Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso, Trairão e São Félix do Xingu. Nesse
último, a atuação das agências abrange duas terras indígenas: Apyterewa e
Trincheira/Bacajá. Os 26 municípios definidos para atuação foram mapeadas pelo
Grupo Gestor do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), sendo os mais
críticos em termos de desmatamento no Brasil.
A Samaúma
abrange a participação das Forças Armadas, Polícia Federal, IBAMA, Força
Nacional e FUNAI. A operação teve início em 28 de junho e prossegue até 31 de
agosto. As Forças Armadas são responsáveis pela segurança da Base instalada
para os profissionais das agências, pelos postos de bloqueio e controle de
estrada e pelas patrulhas para reconhecimento de terreno. Além disso, emprega
seus meios de transporte, como caminhões e helicópteros, para que os agentes de
fiscalização cheguem aos locais de difícil acesso.

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Cercas de arame farpado, construídas por
invasores da terra indígena para demarcar a área, foram destruídas pelos
militares durante a operação. Foto de Igor Soares
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Incrível:
posto de combustível clandestino
Militares
e agentes envolvidos na Operação Samaúma, na quarta-feira, apreenderam cerca de
800 litros de combustível — entre gasolina e diesel — no interior da Terra
Indígena Apyterewa, a 200 quilômetros de São Félix do Xingu. Na ação, ainda
foram apreendidos um gerador, 334 litros de óleos lubrificantes, uma balança de
precisão e uma pequena quantidade de ouro.
Agentes do
Ibama multaram a proprietária do estabelecimento clandestino em 110.000 reais e
lacraram as bombas de gasolina e diesel. A ação teve o suporte da Polícia
Federal e da Força Nacional de Segurança Pública. “Nas nossas investigações,
descobrimos que esse posto é utilizado por pessoas que adentram as terras
indígenas para abastecer motos, motosserras, maquinários. É uma estrutura de
apoio ao desmatamento nessas reservas”, afirmou o agente federal do Ibama,
Wallace Lopes.
“Um posto
pode prejudicar as pessoas que transitam aqui, há grande risco de explosão.
Além disso, como o solo não está impermeabilizado, todo o óleo, que
eventualmente caia no chão, pode contaminar o lençol freático e a água consumida
aqui”, ressaltou Lopes. Militares do Comando Conjunto Norte, que acompanhavam a
ação, fizeram três bloqueios nas vias de acesso ao local do crime e a equipe da
Força Nacional atuou na segurança da equipe do Ibama, em conjunto com a Polícia
Federal.
A Operação Samaúma, de Garantia da
Lei e da Ordem, ocorre em terras indígenas e unidades de conservação de 26
municípios dos estados do Amazonas, Pará, Rondônia e Mato Grosso.
A Samaúma tem a participação das Forças Armadas, Polícia Federal, Ibama, Força Nacional
e Fundação Nacional do Índio. A operação teve início em 28 de junho e prossegue
até 31 de agosto. (Do Ver-o-Fato, com informações do Ministério da Defesa)