Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

POLÍCIA
Publicada em 20/10/21 às 18:12h - 531 visualizações
PF cumpre mandados em ação contra tráfico internacional de drogas no Amapá, Pará e mais sete estados
Segundo a PF, o Amapá servia como ponto logístico de apoio à organização criminosa. No Pará, os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos em Belém e Ananindeua

Jornal O Niquel

Durante a ação, foram apreendidos armas, dinheiro e relógios  (Foto: Jornal O Niquel)


 

A Polícia Federal (PF), com o apoio do Ministério Público Federal (MPF), deflagrou, na manhã desta quarta-feira (20), a Operação “Vikare”, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que atua no tráfico internacional de drogas e esquema de lavagem de dinheiro em nove estados do Brasil. Segundo a PF, o grupo utilizava o estado do Amapá como base operacional de suas atividades relacionadas à importação e transporte de drogas, por meio de aeronaves a serem distribuídas para diferentes pontos do país.

A operação envolve 300 policiais federais, que deram cumprimentos a 24 mandados de prisão preventiva, além de 49 mandados de busca e apreensão. No Amapá, foram cumpridos quatro mandados de busca e dois mandados de prisão preventiva em empresas e em duas residências localizadas em Macapá, assim como em um aeródromo particular.








Além dos mandados na capital amapaense, foram alvos pessoas físicas e empresas com endereços nos estados do Pará (Belém e Ananindeua), Amazonas (Manaus e Itacoatiara), Piauí (Teresina), Ceará (Fortaleza), Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Paranhos e Aral Moreira), São Paulo (capital e Sorocaba); Rio de Janeiro (capital) e Paraná (Foz do Iguaçu e Londrina). De acordo com a PF, com o aprofundamento do trabalho de investigação, foi identificada uma grande e articulada organização criminosa com participação de brasileiros e estrangeiros, voltada à prática de diversos crimes, notadamente o tráfico internacional de drogas, por meio de uma rota que passava por países da América do Sul, principalmente Colômbia e Venezuela, e tinha o estado do Amapá como uma de suas bases logísticas fundamental, de onde as drogas partiriam para outras regiões do Brasil.

Ficou evidenciado, ainda, que empresas de “fachadas” de outros estados participavam do esquema para ocultar e mesmo dissimular o dinheiro amealhado ilegalmente. “A organização criminosa possuía, na estrutura, mecânicos de aeronaves, pilotos, operadores financeiros responsáveis por transacionar os valores obtidos pelas atividades ilícitas, além de terceiros que recebiam quantias em contas pessoais e empresas, cujo objetivo era dar aparência de licitude aos valores obtidos com a prática criminosa”, afirma a PF.

Ainda segundo a PF, a ação que originou a operação deslanchada nesta quarta-feira teve origem em maio de 2020, quando investigações conduzidas pela corporação, no Amapá, “descortinaram” movimentações suspeitas de aeronaves na região. “Foram descobertos destroços de um avião de pequeno porte, que ficou atolado em uma região no município de Calçoene. Este estava, em grande parte, destruído por um incêndio. Os policiais ainda perceberam que o avião estava adaptado para transportar drogas, semelhante ao que é feito com outros apreendidos em ações policiais Brasil afora. Os investigadores levantaram informações de que uma outra aeronave pousou no mesmo local e resgatou os tripulantes e a carga”, informa a PF.

Com o avanço da investigação, verificou-se que o proprietário do avião foi preso em julho do mesmo ano, no Paraguai, enquanto pousava uma outra aeronave carregada com 425 kg de cocaína. A aeronave de pequeno porte utilizada para resgate das pessoas e carga, que havia caído em Calçoene, em março, fora vendida a um outro indivíduo. Este, em novembro de 2020, também foi preso em flagrante na cidade de Ipixuna, no nordeste do Pará, próximo a Paragominas, na região sudeste paraense, transportando 450 kg de skunk, logo após deixar Macapá, saindo de um aeródromo da capital amapaense.

No Amapá, a Polícia Federal encontrou indícios de que este aeródromo fornecia apoio logístico, como combustível, para aeronave fazer esses voos aos demais estados brasileiros, bem como a outros países fornecedores da droga, como Colômbia e Venezuela. “O local também foi utilizado como ponto de apoio para realização dos preparativos da aeronave de modo a deixá-la em condições para voar com autonomia para longas distâncias e assim trazer a maior quantidade de drogas possível”, destaca a Polícia Federal.

 

Uma das empresas investigadas foi constituída no ramo de cosméticos, sob a administração de uma mulher de origem colombiana, residente em Sorocaba (SP), o que facilitava o acesso a produtos químicos usados no refino de drogas. “Constatou-se indícios de que a suspeita já havia sido presa em 2012 por tráfico de drogas e era a principal responsável pelo fornecimento de drogas da organização criminosa. A investigação revelou também que uma empresa do ramo de venda de peixes no Rio de Janeiro foi identificada como integrante da organização criminosa, cuja atuação consistia em esconder as drogas no meio da carga de pescado, na tentativa de dificultar o trabalho da polícia”, enfatiza a PF.

Além dos mandados de prisão e busca e apreensão, a Justiça Federal no Amapá, após representação da Polícia Federal, ainda impôs medidas de sequestro de bens, direitos e valores de 68 pessoas físicas e jurídicas, sendo 95 veículos, entre carros, caminhões e motos, boa parte de luxo, com proibição da transferência de propriedade; três aeronaves com indisponibilidade e restrição de uso; 19 embarcações com indisponibilidade e restrição de uso; indisponibilidade de diversos imóveis em nome de 41 pessoas físicas e jurídicas; bloqueio de ativos financeiros de pessoas físicas e jurídicas que chegam ao montante de R$ 5,8 milhões. Os valores são individuais, ou seja, aplicados a cada envolvido.

De acordo com a PF, os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, pelos delitos de tráfico internacional de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem chegar a 51 anos de reclusão, além do pagamento de multa.

Tina DeBord – com informações da PF

Foto: Polícia Federal




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