Irislene da Silva Miranda e Deyvyd Renato foram condenados por morte de bebê (Foto: )
Após dois dias de julgamento, o Tribunal de Júri de
Parauapebas condenou o casal Irislene da Silva Miranda e Deyvyd Renato Oliveira
Brito, na noite desta quinta-feira (21), a pena que, somadas, chegam a quase
130 anos de prisão. O casal foi considerado culpado pela tortura, estupro e
morte de pequena Carla Emanuele Miranda Correia, de um ano e oito meses.
O crime, que envolveria ainda rituais satânicos, aconteceu
em janeiro de 2020 e chocou a cidade de Parauapebas, assim como teve grande
repercussão no estado e também foi noticiado pela Imprensa nacional. De acordo
com a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Pará (MPPA) a partir de
robusto inquérito policial, a morte da menina foi provocada por hemorragia
intracraniana.
Segundo os laudos periciais, a criança era vítima
frequente de abusos sexuais, tortura e agressões. Em uma dessas sessões de
perversidade, a bebê ficou muito mal e foi levada para o Hospital Municipal de
Parauapebas (HMP).
Na ocasião, a mãe da menina contou ao chegar no
hospital que a criança tinha caído e bateu a cabeça, mas depois dos exames
comprovarem que ela tinha sofrido violência sexual, ela admitiu aos policiais
que sabia dos abusos cometidos pelo companheiro contra a bebê, acrescentando
que quando ela se recusava a manter relações sexuais com Deyvyd, ele abusava da
criança.
O casal foi sentenciado pelos crimes de homicídio
qualificado, estupro de vulnerável, lesão corporal grave e tortura. O juiz
fixou pena à Irislene Miranda de 46 anos, cinco meses e 20 dias de detenção; e
Deyvyd Renato, padrasto da menina, teve a pena fixada em 83 anos e quatro meses
de reclusão.
As penas irão ser cumpridas inicialmente em regime
fechado e sem a possibilidade de recorrer em liberdade. Deyvyd retorna à Cadeia
Pública de Parauapebas, enquanto Irislene volta ao Centro de Recuperação
Feminino (CRF) de Marabá, onde estão presos desde a época do crime.
Crime: O crime
ocorreu na Rua Axixá, Bairro Liberdade II, em uma residência alugada na qual
moravam Deyvyd, Irislene e Carla. Testemunhas relataram que presenciavam com
frequência hematomas no rosto da criança, assim como a presença de inchaços e
marcas roxas. Além disso, contaram que a criança possuía um temor evidente do
padrasto.
Segundo a denúncia do MPPA, com base nas
investigações policiais conduzidas pela titular da Delegacia Especializada de
Atendimento a Mulher (Deam), delegada Ana Carolina, no dia 7 de janeiro de
2020, por volta das 14h20, Carla Emanuele Miranda Correia, de 1 ano e 8 meses,
deu entrada no Hospital Municipal de Parauapebas (HMP) com sinais de abuso
sexual e lesões cranioencefálicas. A menina chegou nos braços da mãe, Irislene
Miranda, desacordada, sem pulsação e com traumas na região da cabeça, sob o
pretexto de que havia caído da cama e batido a cabeça.
Ao realizar os exames, a equipe médica do hospital
verificou que a criança estava com lesões no ânus e na vagina, correspondentes
a conjunção carnal e atos libidinosos, com vestígios recentes e antigos. Diante
da situação de abuso sexual, o Conselho Tutelar e a polícia foram acionados.
Ao ser questionada sobre o ocorrido, Irislene
Miranda relatou que havia saído para comprar carne em um açougue nas
proximidades de sua residência e, ao retornar, encontrou Carla deitada na cama,
desacordada, e com Deyvyd Renato, ao lado, bastante nervoso. Ao vê-la, ele
entregou a criança para ela e pediu para que lavasse as partes íntimas da
menina, que estavam sujas.
Na época, a mãe revelou que ao negar manter
relações sexuais com Deyvyd Renato, ele abusava sexualmente da menina. Irislene
teria conhecimento e presenciava os abusos sexuais cometidos contra a própria
filha. O inquérito policial apontou também que a genitora podia ouvir os choros
da menina e os barulhos provenientes dos abusos. Devido a esse fato, o crime
chocou até mesmo a equipe policial que conduziu as investigações.
Na casa do casal foi encontrado ainda um altar,
onde seriam feitos rituais de magia negra e a criança também seria usada nessas
oferendas, o que deixa o caso ainda mais chocante. Na época, a delegada Ana
Carolina destacou que a criança vivia uma rotina de terror, com agressões e
violência sexual.
Tina DeBord