A Corregedoria do CNJ afastou o juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo. (Foto: )
Em sessão nesta terça-feira, 14, a Corregedoria do
CNJ afastou o juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo, da 4ª vara criminal
da justiça federal do Pará.
A medida adotada foi unânime entre as conselheiras
e conselheiros do Conselho Nacional de Justiça, órgão que fiscaliza a ação dos
membros do judiciário, disciplinando aqueles que comentem atos ilegais ou que
não cumprem o que a legislação determina.
Além de afastado do cargo, ele irá responder a um
Processo Administrativo Disciplinar, que pode acabar em sua aposentadoria
compulsória.
A ministra corregedora do CNJ, Maria Thereza
de Assis Moura elencou 12 fatos que justificaram seu voto para que o
magistrado fosse afastado do cargo e respondesse ao PAD, afim de que não
comprometa as investigação que estão por vir.
Entre os motivos apresentados pela relatora, o juiz
é suspeito de cometer irregularidades em diversos fatos inusitados e repletas
de decisões rápidas e incomuns, adotadas durante férias ou em ausências de seus
colegas, magistrados de outras varas, em ações penais que não eram de sua
competência.
Consta no voto da relatora, por exemplo, uma
decisão do juiz em um processo de crime ambiental. Estranhamente, o magistrado
determinou a liberação de madeira que havia sido apreendida na operação
“handroanthus” — a mesma que motivou a abertura de inquérito contra o
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Neste caso que ganhou
notoriedade mundial, sobretudo nos EUA, foram liberados mais de 131
mil m³ em toras, interceptadas em balsas na divisa entre os estado do Pará e do
Amazonas.
CARGA ILEGAL – Os agentes em campo:
220 000 metros cúbicos de toras avaliadas em cerca de 130 milhões de reais
– Polícia Federal/Divulgação.
Na época da apreensão, o juiz substituto da
vara havia decidido que a competência pela análise de liberação das toras
seria da Justiça Federal do Amazonas. Porém, no mesmo dia, Campelo, que
estava de férias, revogou a decisão e atendeu o pedido da empresa
transportadora.
Em outra decisão, de 2018, Campelo concedeu
liberdade provisória a quatro homens presos em flagrante, que transportavam 500
kg de cocaína em uma balsa em Chaves (PA). À época, o próprio juiz havia
decretado a prisão preventiva, em uma decisão extensamente fundamentada. Mas,
dias depois, revogou-a a pedido dos indiciados, por meio de decisão bem sucinta
e sem fixação de medida cautelar.
O relatório apresentado ontem pela
ministra corregedora do CNJ ainda contém outros dez fatos sobre decisões de
Campelo com modus operandi semelhante e
repletas de suspeitas.
CRIME AMBIENTAL ENVOLVE EX-MINISTRO DO
MEIO AMBIENTE
No caso da operação que motivou a notícia-crime
enviada pelo delegado Alexandre Saraiva, da PF, contra o
ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles ao STF, o processo
acabou com a exoneração do ministro do cargo, em Julho deste ano.
Em uma matéria no portal Amazônia Real,
de Junho deste ano, o jornalista Lúcio Flávio Pinto comentou sobre as
investigações contra o juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo e lembrou
que em 2011, esse mesmo magistrado, hoje afastado do cargo, determinou um ato
de censura, para que Lúcio não falasse mais sobre um processo criminal
envolvendo, na época os dois donos do jornal O Liberal, os irmãos Romulo
Maiorana Júnior e Ronaldo Maiorana.
(Com informações Diógenes Brandão)