Em poucas horas, acompanhando as equipes do Ibama, a equipe
do Fantástico passou por dezenas de pistas clandestinas. Algumas a
menos de um minuto de voo uma da outra. Sem essa estrutura imensa de pistas
para prestar apoio, o garimpo ilegal não poderia operar como acontece
dentro da terra indígena.
“Os garimpeiros são muitos. Está
aparecendo agora muita doença, bebida, arma de fogo. Nós, Yanomamis, estamos
adoecendo, os rios estão adoecendo, está contaminado, que água é a vida.”,
explica a liderança Yanomami Davi Kopenawa.
O Ibama mapeou 277 pistas clandestinas dentro e ao redor da terra Yanomami.
Pelo menos nove estão a menos de 40 quilômetros de um dos três pelotões
especiais de fronteira que o Exército tem na TI Yanomami. Dados de
monitoramento de voos do garimpo obtidos pelo Fantástico mostram o
tráfego intenso das aeronaves do crime, da região de Boa Vista para a
terra indígena, e dali para a Venezuela.
“É, sem dúvida nenhuma, uma atividade que afronta a
soberania nacional.”, afirma Alisson Marugal, procurador da República.
Ao Fantástico, o Ministério
da Defesa informou que “as Forças Armadas atuam no combate a delitos
transfronteiriços e ambientais, numa faixa de 150 km, da fronteira, conforme a
lei.”
No pátio da Polícia Federal, em Boa Vista, está boa parte das 86
aeronaves apreendidas só em uma operação no ano passado. É fácil para polícia
identificar quando uma aeronave é usada só para o garimpo: é que eles deixam
apenas o banco do piloto e copiloto, e o resto todo é desmontado, deixando
espaço para carga.
Só nos 15 dias de operação foram destruídos ou apreendidos 16, 6 mil litros de
combustível. A maioria de aviação. Segundo a Polícia Federal, da única
empresa credenciada para abastecer os voos comerciais no aeroporto de Boa
Vista. A investigação mostrou que mais da metade do combustível que
chegava para a Pioneiro ia parar no garimpo. Em nota, a empresa disse que
sofreu uma autuação ambiental ilegal. (A Notícia Portal / Reportagem
Fantástico).