
Vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, saiu ilesa do atentado a bala na porta do prédio onde reside (Foto: )
Brasília – A
imprensa internacional repercutiu a tentativa de assassinato sofrida pela
vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na noite da quinta-feira
(1/9). Fotos e vídeos de populares mostram, com clareza, uma arma apontada para
sua cabeça quando foi recebida por apoiadores ao chegar no prédio onde reside,
no bairro de Ricoleta, em Buenos Aires. O suspeito do crime foi preso. Trata-se
do brasileiro Fernando André Sabag Montiel, de 35 anos, residente na Argentina
desde os anos 1990.
A rede de televisão britânica BBC destaca que o
agressor pôs a arma a centímetros da cabeça da vice-presidente e parecia tentar
um tiro. Cristina está sendo processada sob a acusação de corrupção e acabava
de voltar do tribunal. Ela nega as acusações.
O New York Times noticiou que a política peronista
“talvez seja a líder mais proeminente da Argentina”, mas “uma figura
profundamente polarizadora no país”. E também lembrou que ela sofreu a agressão
quando está sendo julgada por acusações de ter se corrompido quando era
presidente, de 2007 a 2015.
O britânico The Guardian classificou o episódio
como um “acontecimento dramático”. A publicação inglesa destacou que os relatos
de que um brasileiro está envolvido no caso provocaram “ondas de choque” no
Brasil, “onde crescem os temores de que a retórica extremista de seu presidente
de extrema direita, Jair Bolsonaro, possa inspirar algum tipo de incidente
violento”.
O jornal tem uma linha editorial esquerdista e de
apoio ao Partido Trabalhista na Grã-Bretanha e vem promovendo uma sistemática
campanha de desmoralização do presidente Jair Bolsonaro — candidato à reeleição
no Brasil. Um dos colaboradores do jornal, o jornalista britânico Dom Philipps
foi assassinado a tiros ao lado do indigenista brasileiro Bruno Pereira, por
criminosos, em junho, quando faziam uma expedição no extremo Oeste do Amazonas,
uma zona considerada de alto risco.
O jornal The Washington Post também publicou
reportagem sobre a tentativa de assassinato. A publicação ressalta que Cristina
saiu ilesa e está protegida pela polícia federal.

Fernando Andre Sabag Montiel, o homem que tentou
atirar em Cristina Kirchner — Foto: Reprodução/La Nacion
Suspeito brasileiro
Fernando André Sabag Montiel foi preso no local do
atentado pelos agentes que cuidam da segurança da vice-presidente. De acordo
com autoridades argentinas, Montiel nasceu no Brasil e mora no país vizinho,
onde tem residência, mas tem família em São Paulo. Ele trabalha como motorista
de aplicativo e tem antecedente criminal por porte de arma branca.
O documento de residência de Montiel na Argentina é
dos anos 1990. O pai dele, Fernando Ernesto Montiel Araya, um chileno, foi alvo
de um inquérito da Polícia Federal para expulsão do Brasil. Conforme
documentos, o procedimento foi instaurado porque Araya tinha uma sentença penal
condenatória no país.
Segundo o jornal La Nación, em 17 de março do ano
passado Montiel foi detido por porte de armas não convencionais. Na ocasião,
ele foi flagrado com uma faca e alegou que a usava para defesa pessoal.
Montiel foi abordado por estar estacionado com um
veículo sem a placa traseira. Ele alegou que a placa caiu “devido a um acidente
de trânsito ocorrido dias atrás”. Quando ele abriu a porta para pegar a
documentação do carro, uma faca de 35 centímetros de comprimento caiu no chão.
O brasileiro está sendo interrogado pelas
autoridades argentinas que querem esclarecer se houve a participação ou se ele
foi contratado por outras pessoas para praticar o atentado.
