Agentes da Polícia Federal (PF)
prenderam, hoje (14), em caráter temporário, dois empresários maranhenses suspeitos
de envolvimento com um suposto esquema de desvio de dinheiro público destinado
à saúde por meio de emendas parlamentares.
Donos da empresa RR de Lima, os irmãos Renato e Roberto Rodrigues de Lima foram
detidos em Lago do Junco e Lago dos Rodrigues, cidades vizinhas do interior do
Maranhão, a cerca de 320 quilômetros ao sul da capital, São Luís. A reportagem
ainda não conseguiu contato com a defesa dos irmãos Lima.
Além dos mandados de prisão temporária, os
policiais federais cumpriram 16 mandados de busca e apreensão expedidos pela
Justiça Federal em Bacabal (MA). A operação, que contou com a participação da
Controladoria-Geral da União (CGU) e do Ministério Público Federal (MPF), foi
chamada de Quebra Ossos e deflagrada em mais três municípios maranhenses
(Caxias; Igarapé Grande e Timon) e dois piauienses (Parnaíba e Teresina).
Segundo a PF, há indícios de que os investigados
forneciam informações falsas ao Sistema Único de Saúde (SUS), contabilizando
atendimentos médicos que os serviços públicos das prefeituras com quem
mantinham contrato nunca realizaram. O objetivo seria justificar a quantia em
dinheiro que parlamentares destinavam a essas prefeituras por meio das emendas
do relator-geral do Orçamento. Nessa modalidade, o nome do deputado ou senador
que propõe ao relator-geral destinar dinheiro público ao município ou estado
fica oculto, gerando o que passou a ser conhecido como orçamento secreto.
De acordo com a PF, investigações preliminares
indicam que a prefeitura de Igarapé Grande informou ao Ministério da Saúde que,
em 2020, foram realizadas na cidade, que tem menos de 11,5 mil habitantes, mais
de 12,7 mil radiografias de dedo. Com base nessa informação, em 2021, o valor
máximo de verbas públicas que parlamentares poderiam destinar ao custeio das
ações da área da saúde desenvolvidas pelo município aumentou. Além disso, a PF
diz ter encontrado indícios de que contratos firmados pela prefeitura foram
fraudados para permitir o desvio de parte do dinheiro público recebido por meio
das emendas parlamentares.
Sem citar nomes, a PF informou, em nota, que o alvo
das prisões temporárias – os irmãos Lima – são suspeitos de reproduzir a
prática em vários municípios maranhenses que os contrataram desde 2018. Uma
pesquisa na internet revela que a RR de Lima firmou contratos com várias
prefeituras nos últimos anos.
“As empresas investigadas ocupam posições de
destaque no ranking das empresas que mais receberam recursos públicos da saúde
no período de 2019-2022 no estado do Maranhão, sendo que uma delas foi agraciada
com quase R$ 52 milhões recebidos”, acrescentou a Superintendência da PF no
Maranhão, na mesma nota.
Além das prisões temporárias e da coleta de
documentos e outros elementos que ajudem a esclarecer as suspeitas das
autoridades, um servidor público responsável por parte dos contratos
investigados foi cautelarmente afastado do cargo, e as empresas investigadas
ficarão impedidas de participar de licitações ou fechar novos contratos com
entes públicos até que tudo seja esclarecido.
Se confirmadas as suspeitas, os investigados
poderão responder por inserção de dados falsos, fraude em licitação,
superfaturamento contratual, peculato, lavagem de dinheiro e associação
criminosa.
Fonte: Agência Brasil