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Por Jeniffer Terra (PC)
A Polícia Civil do Estado do
Pará (PCPA), através da atuação dos agentes da Força-Tarefa Amazônia Segura,
prendeu um homem apontado como o maior devastador da Área de Proteção Ambiental
(APA) Triunfo do Xingu, situada no município de São Félix do Xingu. A ação dos
agentes aconteceu, na tarde desta segunda-feira (11), e contou com o apoio da
Assessoria Especial de Inteligência e Segurança Corporativa (AISC), ligada à
Semas. O homem também é acusado de crimes como lavagem de gado e
comercialização ilegal de madeira. A prisão é um desdobramento da Operação
Curupira, desencadeada pelo governo do Estado para combater ilícitos
ambientais. Com o homem foram apreendidos celulares, uma arma de fogo e
documentos que vão subsidiar a continuidade da investigação.
Através da instauração de um
inquérito policial foi possível investigar a atuação ilegal de desmatamento
provocado pelo investigado que, mesmo pagando vultuosas multas por desmatar a
APA Triunfo do Xingu, persistia na prática delituosa. Entre os anos de 2018 e
2022, Franklin Wslei Lauriano da Costa desmatou 2.541,49 hectares de floresta
dentro do bioma amazônico, razão pela qual recebeu multas administrativas dos
órgãos de fiscalização com valores superiores a R$ 3.510.000,00 (três milhões,
quinhentos e dez mil reais) aplicada pelo IBAMA. A área desmatada equivale a
mais de dois mil campos de futebol destruídos dentro da APA. A conduta é
tipificada como crime na Lei ambiental e tem penas de 2 a 4 anos de reclusão.
“Os policiais civis que atuam na Força-Tarefa
Amazônia Segura receberam informações dos agentes da Secretaria de Estado de
Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) que comprovavam a degradação da área
do Arco do Triunfo por parte do alvo. A partir daí, nossos agentes começaram a
trabalhar no sentido de realizar diligências e técnicas investigativas que
pudessem alcançar o verdadeiro responsável pelo desmatamento da área de
proteção ambiental e também os coautores do crime, o que culminou com a prisão
dele na data de hoje”, explicou Daniela Santos, delegada-geral adjunta da PCPA
e coordenadora da Força Tarefa.
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O relatório circunstanciado
obtido através da Operação Curupira também serviu de subsídio para a
investigação, já que constatou que haviam trabalhadores desmatando a área. O
responsável pelas queimadas foi identificado como Franklin Wslei Lauriano da
Costa que, conforme as provas coletadas, estava ocupando parte da APA Triunfo
do Xingu desde o ano de 2017, quando estabeleceu uma fazenda no interior da
área especialmente protegida com o intuito de desmatar a floresta e transformar
a área em pasto para criação de gado.
“A investigação teve início a
partir de intensas queimadas que ocorreram dentro da APA Triunfo do Xingu entre
os dias 13 e 16 de agosto de 2023. Os agentes da Operação Curupira, integrada
pelos órgãos de segurança pública, diligenciaram ao local onde estavam
ocorrendo diversos crimes ambientais e foram recebidos a tiros pelas pessoas
que estavam desmatando o local. Os suspeitos conseguiram fugir e, por isso, se
fez necessária a investigação do caso, momento em que os policiais civis que
compõem a Força Tarefa Amazônia Segura deram início aos trabalhos”, destacou o
delegado-geral Walter Resende.
O levantamento investigativo
demonstra que Franklin inseriu gado em áreas desmatadas e comercializou os
animais entre sua fazenda irregular e fazendas regulares. A prática é conhecida
como lavagem de gado e ocorre da seguinte forma: Uma área é desmatada e
transformada em área em pasto. O gado é inserido no terreno desmatado, criado
para engorda e transportado para uma fazenda sem irregularidades. Logo após, a
carne sem cadastro sanitário se mistura com a carne de fazendas regulares e
termina chegando ao mercado e ao consumidor final. A prática acima é
considerada crime contra as relações de consumo e tem pena de 2 a 5 anos de
detenção ou multa.
Entre abril e setembro de 2023,
o investigado desmatou e promoveu queimadas em mais de 3.514,67 hectares de
floresta na área da APA Triunfo do Xingu, ampliando o desmatamento e,
consequentemente, causando grande dano ambiental que resulta diretamente nas
mudanças climáticas e na devolução de toneladas de CO2 armazenado pela floresta
para a atmosfera. A conduta criminosa é tipificada por causar dano causado a
Unidades de Conservação e tem pena de 1 a 5 anos de reclusão. A investigação
demonstrou também que Franklin Wslei está envolvido em crimes de falsidade
ideológica e associação criminosa voltada para o desmatamento.
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Os crimes imputados ao
investigado são: destruição de floresta de preservação permanente, dano a
Unidade de Conservação, incêndio em mata ou floresta, desmatamento em terras
públicas ou devolutas majoradas, vender ou ter em depósito mercadoria imprópria
para consumo, associação criminosa e falsidade ideológica.
Força-tarefa Amazônia Segura
- Foi criada pela Polícia Civil do
Estado do Pará em 21 de agosto de 2023 com o objetivo de promover investigações
de média e alta complexidade relacionadas a crimes ambientais que afetam
diretamente a devastação e degradação da Floresta Amazônica e que impactam no
clima de forma global. As atividades foram iniciadas de uma maneira integrada
com os demais órgãos da segurança pública e com a Semas.
"Logo após a criação da
Força Tarefa Amazônia Segura surgiram as primeiras denúncias de queimadas na
área da fazenda do investigado, momento em que nós iniciamos uma investigação
pela inteligência, primeiramente, com a elaboração de um dossiê, com tudo o que
vinha sendo cometido, o que foi transmitido para a da Polícia Civil para que as
informações fossem utilizadas na Força Tarefa Amazônia Segura. O trabalho da
Semas acontece de forma conjunta com a PCPA. Nós estamos satisfeitos com a
prisão do maior desmatador de 2023 da APA Triunfo do Xingu, que é a principal
APA do Estado e que sofre o maior efeito do desmatamento no Estado", disse
Victor Manfrini Corrêa, coordenador da Assessoria Especial de Inteligência e
Segurança Corporativa da Semas (AISC).
O Secretário de Segurança
Pública e Defesa Social do Pará, Ualame Machado, enfatizou que após o
fechamento do ano prodis 2022/2023, que apresentou redução no desmatamento, as
forças de segurança e pastas ambientais realizaram uma reavaliação para avançar
no combate a ilícitos ambientais, desta forma, foi lançada a Força-Tarefa
ambiental por meio da Polícia Civil, para intensificar as investigações
relativas a crimes ambientais, e todas as situações encontradas durante as
Operações Amazônia Viva e Curupira.
“Nós lançamos a força-tarefa
para que as investigações pudessem ser aprofundadas, tendo em vista que, no
momento das abordagens, geralmente são encontradas apenas pessoas que eram
comandadas e que estavam fazendo o desmatamento e queimada nas áreas. Então, a
partir de agora, nós trabalhamos mais detalhadamente para chegar aos mandantes
que chefiam essas pessoas e tivemos essa primeira grande operação deflagrada
pela Polícia Judiciária, resultando na prisão do maior desmatador e responsável
pelos incêndios especificamente na APA Triunfo do Xingu. Portanto, é mais um
passo importante em combate ao desmatamento, às queimadas, prendendo aqueles
que são verdadeiramente os responsáveis pelas queimadas na Amazônia legal”,
disse Ualame Machado.
Operação Curupira - Próximo de completar 10 meses de atuação, a
Operação Curupira tem cumprido seu principal objetivo que é combater ilícitos
ambientais, a exemplo da exploração ilegal de recursos naturais, degradações
ambientais, incêndios florestais e outros atos que causam impactos à natureza,
e assim, também reduzir o desmatamento. As ações seguem, a partir de três bases
fixas situadas em São Félix do Xingu, na região Sudeste, em Uruará e em Novo
Progresso, ambas no Oeste. Juntas, as bases consolidam a presença do Estado
nessas regiões e mantêm ações contínuas em combate aos crimes ambientais.
“A operação ocorreu no mesmo dia
em que a ONU anunciou oficialmente que Belém sediará a COP 30 é algo muito
emblemático por mostra que o Governo do Estado Pará está imbuído na preservação
do seu ecossistema e que nós vamos persistir em responsabilizar quem quer que
venha a cometer crimes ambientais na esfera global”, finalizou a delegada
Daniela Santos.
O preso foi conduzido à unidade
policial de São Félix do Xingu para os procedimentos cabíveis e está à
disposição do Poder Judiciário.