
A Cooperativa dos Kayapós criada
e fundada por um dos pioneiros de Tucumã João Gessi (hoje em SP), Sérgio Reis,
Dr Chico, Dr Diogo, Dr Cléber, Mizael, apoio do Mauri da AEON, dona Clarice do
Muiraquitã Hotel, vereadora Zulene passa a ser uma referência nacional. Segundo
Gessi o Presidente da Funai Marcelo Xavier solicitou o estatuto e projetos já
elaborados pela Cooperativa e o mesmo ficou encantado declarando todo apoio e
incentivo. Tudo isso serve de modelo para criação de outras Cooperativas.
Grandes avanços vem acontecendo, em breve tudo será uma realidade, Manejo
Florestal Sustentável, garimpo legal, construção de usinas hidroelétricas PCHs
e outros projetos. Para Mauri Presidente da AEON tudo isso é fantástico, quem
ganha é o Brasil, a Amazônia, e nosso município que possui 86% de florestas
será beneficiado com o desenvolvimento e progresso. Hoje com alegria e
entusiasmo Gessi comemorou ao ver publicado no “ Valor Econômico” um artigo que
contempla todos esses anseios, o Presidente da Funai Marcelo Augusto Xavier o
Presidente da República Jair Bolsonaro demonstrando todo interesse em avançar
nessas áreas, isso é muito bom. Na sequência vejam o artigo na integra.
Governo quer acelerar novas regras para demarcação de terras
indígenas

Marcelo Augusto Xavier: defesa de um novo decreto para dar segurança jurídica às demarcações pendentes — Foto: Jor
Ideia é preparar um decreto que adote critérios mais rígidos
e torne processo mais ágil
Por Matheus Schuch — De Brasília Valor econômico
O governo vai acelerar a
elaboração de um decreto que tornará os critérios para demarcação de terras
indígenas mais rigorosos e ágeis. Fontes ouvidas pelo Valor afirmaram que o
tema, que opõe produtores rurais e defensores da causa indígena, tinha pouca
atenção do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Já o novo
titular da pasta, André Mendonça, é tido como mais “sensível” à necessidade de
mudar o regramento e estaria disposto a desenrolar o processo.
Procurado para falar sobre o
assunto, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto
Xavier, evitou tratar de prazos, mas defendeu a necessidade de um novo decreto
para dar segurança jurídica às demarcações pendentes. Em entrevista exclusiva
ao Valor, ele também revelou que aguarda com ansiedade a aprovação pelo
Congresso do projeto que regulamenta atividades de mineração nas terras
indígenas. E antecipou que vai rever áreas que foram interditadas por relatos
de presença de índios isolados. “Nós
temos que readequar o que está na lei com os entendimentos jurisprudenciais. Em
havendo uma mudança normativa, naturalmente vai se garantir maior
transparência, contraditório e ampla defesa, segurança na cadeia de custódia da
prova, maior participação dos entes federativos e dos interessados”, afirmou o
presidente da Funai, que é delegado da Polícia Federal e está no cargo desde
julho de 2019. “Precisamos definir um norte a ser seguido que contemple todos
os interesses e saia do limbo que nós vivemos hoje.”
O atual regramento sobre as
demarcações de terras indígenas, que compete ao Executivo, tem origem em um
decreto presidencial de 1996. Cabe ao Executivo, mas há uma série de decisões
judiciais definindo entendimentos diversos sobre o tema. Desde o início do
governo de Jair Bolsonaro, o setor do agronegócio pressiona por regras mais
restritivas. Há críticas, por exemplo, em relação à extensão de prazos, número
de procedimentos burocráticos, estudos exigidos e períodos para recursos.
Alinhado a esse entendimento, o presidente da Funai afirma que o texto em vigor
é subjetivo e significa um convite à judicialização. Ele estima que 90% das
pretensões de demarcação sejam alvo de litígio.
O decreto está sendo discutido com o Ministério da Justiça e Segurança
Pública, e o texto deverá tratar apenas da demarcação para indígenas, deixando
a questão quilombola para uma regulamentação posterior. Entidades que atuam em
defesa dos indígenas entendem que o atual governo quer criar regras para
dificultar o reconhecimento de áreas, enquanto Xavier diz querer assegurar a
adoção de critérios técnicos.
O número de pedidos de
reconhecimento de áreas habitadas por povos nativos não para de crescer.
Segundo a Funai, há 485 pedidos de reconhecimento ainda na fase inicial, 119
procedimentos em estudo e outros 118 em estágio de delimitação e declaração,
que são os últimos passos antes da homologação pelo presidente da República.
Desde que assumiu o governo, Jair Bolsonaro não assinou nenhum processo de
demarcação e deu reiteradas declarações contra a concessão de terras aos
indígenas.
As áreas com processo de
demarcação finalizado somam 117 milhões de hectares, o que equivale a
aproximadamente 13% do território nacional, segundo dados da Funai. Se
concedidos os últimos pedidos que já estão sob análise, o percentual atingiria
20% da área do país.
Um dos principais pontos dessa
discussão chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se do chamado marco
temporal, defendido pelos ruralistas, em que os povos nativos só poderiam
requerer áreas que ocupavam na data em que entrou em vigor a Constituição de
1988. O critério foi adotado como reconhecimento do direito dos indígenas no
polêmico julgamento da Raposa Serra do Sol (Roraima), em 2009.
A regra, no entanto, desagrada os
povos nativistas, que veem necessidade de o poder público assegurar o direito
originário à terra e considerar eventuais casos de expulsão ou violência que os
afastaram dessas áreas.
Xavier disse que o ideal seria o
governo editar o novo decreto de demarcações apenas após a decisão conclusiva
do STF, que ainda não tem data prevista, de modo a ter segurança jurídica para
os processos futuros.
“Se você permitir retroação muito
grande no tempo, daqui a pouco você vai dar azo a que se ressurjam etnias de
pessoas que saíram, foram embora para outras regiões do país, lá não deram
certo, mas resolveram voltar porque um antepassado de 1800 viveu ali, possam
reivindicar a área de alguém que já está lá”, acrescentou.
Citando algumas das sentenças
judiciais como exemplo, o presidente da Funai disse que o órgão deu sequência
no passado a projetos mal estruturados que vêm sendo derrubados nos tribunais.
“A gente quer ter um norte a ser
seguido. Quando você começa com subjetivismo, é muito difícil estabelecer uma
premissa para ser aplicada em todos os casos concretos”, argumentou. “Retirar
isso [marco temporal] pode criar um embaraço muito grande. Qual o marco a ser
seguido? Isso cria um problema social de insegurança jurídica.”
A discussão sobre áreas indígenas
também gera disputas no âmbito de processos de regularização fundiária. A atual
gestão da Funai mudou o entendimento sobre o reconhecimento de limites de
propriedades privadas e passou a desconsiderar terras não homologadas. Na
prática, a Instrução Normativa 09, assinada por Xavier, evitaria que processos
em fase de estudo sobre áreas reivindicadas impedissem transações privadas. O
assunto está sendo discutido na Justiça, em que o Ministério Público Federal
(MPF) argumenta que a orientação da Funai fragiliza a proteção de possíveis
áreas de povos tradicionais. Já houve decisões em primeira instância favoráveis
e contrárias à instrução.
Sobre as terras em que já há
reconhecimento de ocupação pelos indígenas, o presidente da Funai tem
trabalhado para estimular as comunidades a formarem cooperativas e
desenvolverem atividades econômicas. Uma das prioridades é a aprovação do
projeto que tramita desde fevereiro no Congresso regulamentando atividades de
mineração.
O tema divide opiniões de
integrantes dos povos originários. “O que os indígenas reclamavam era de não
serem ouvidos no processo, ainda que a decisão não seja vinculativa.
Certamente, havendo decisão negativa [dos indígenas], a União vai tomar todas
as cautelas necessárias para que haja preservação da etnia. Ninguém fará
atividade predatória, para prejudicar os indígenas”, pontuou.
Para Xavier, a medida é
fundamental para combater o garimpo ilegal e dar garantia de retorno financeiro
equânime aos indígenas. Hoje, segundo ele, as atividades piratas estimulam a
depredação ambiental e remuneram um pequeno grupo que faz acordos ilegais com
garimpeiros.
“Quando o Estado não regulamenta,
o campo fica fácil para marginalidade. Perdem os índios, o ambiente, o
município e o Estado, que não arrecadam com tributação”, argumentou.
Xavier assegura que, se aprovadas
pelo Congresso, as atividades ocorrerão mediante fiscalização dos órgãos
públicos, garantindo segurança aos indígenas. O presidente da Funai
contemporizou o fato de o projeto do governo não garantir poder de veto aos
indígenas.
Além do estímulo a atividades
econômicas, o presidente da Funai pretende rever a interdição de áreas pelo
órgão após registros de possível presença de indígenas isolados. Xavier
considera que há exagero nas restrições, provocando prejuízos à atividade
privada.
“Temos muitos relatos
inconsistentes, áreas onde houve registro de possível visualização de índios
que ficam bem no limite com aldeias. E acontece de áreas ficarem isoladas por
dez anos sem que ninguém amplie as buscas, sem nenhum outro sinal [de presença
de isolados]”, destacou o presidente da Funai.
Seis territórios, que somam
aproximadamente 1 milhão de hectares, estão nesta situação. O primeiro a ser
revisto fica no Pará e já está em fase avançada de análise pelo órgão.
Informções Valor Econômico