Brasília – Principal
fonte de renda de 65 milhões de brasileiros na pandemia do novo coronavírus, o
auxílio emergencial criado pelo governo federal será prorrogado por mais dois
meses. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fará o anúncio oficial nesta
terça-feira (30). As duas parcelas extras serão de R$ 600, mesmo valor
autorizado pela lei aprovada no Congresso Nacional.
A procura pelo benefício continua grande em todos
os cantos do país. De acordo com a Caixa Econômica Federal (CEF), cerca de 52
mil brasileiros cadastram-se todos os dias no site e no aplicativo do auxílio
emergencial para tentar entrar na lista de contemplados. Porém, o prazo para
solicitar o benefício acaba nesta semana.
Segundo a lei que criou o auxílio emergencial, os
brasileiros tinham 90 dias para se cadastrar no programa. Como a Lei nº 13.982
foi publicada em 2 de abril, o prazo de inscrições acaba, portanto, na próxima
quinta-feira, 2 de julho. O auxílio é pago aos trabalhadores informais,
autônomos, desempregados, além dos beneficiários do Bolsa Família.
O próprio presidente chegou a sugerir mais três
parcelas nos valores de R$ 500, R$ 400 e R$ 300, de forma a reduzir
gradualmente a ajuda do governo federal para os mais necessitados durante a
crise na economia causada pela Covid-19.
Na prática, o valor somado dessas três parcelas
daria a mesma quantia de R$ 1.200, mas a equipe econômica do governo deve bater
o martelo em reunião com o presidente e as áreas envolvidas na manhã desta
quarta-feira, 1º de julho. Para interlocutores, a escolha pelas duas parcelas,
além de cumprir o que está na lei, contaria com apoio do Congresso Nacional,
que sempre defendeu mais duas parcelas de R$ 600.
A lei que criou o auxílio foi de iniciativa do
Congresso e prevê três parcelas mensais de R$ 600. Inicialmente, a equipe
econômica propôs um voucher de R$ 200. Os senadores elevaram o
valor para R$ 300 e os deputados, por sua vez, para R$ 500. Na última hora,
Bolsonaro subiu o valor para R$ 600,00.
O impacto nas contas públicas até agora está
estimado em cerca de R$ 150 bilhões. Com a prorrogação, o gasto subirá mais R$
100 bilhões.
O programa teve vários problemas, com fraudes,
atrasos e filas nas agências bancárias, ocasionando grande aglomeração de
pessoas que não se protegiam com máscaras como as autoridades sanitárias
recomendam.
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, chegou a admitir
que milhões de filhos da classe média estavam recebendo o benefício
indevidamente. Criminosos também receberam o benefício.
Renda
mínima
O governo também já discute o que virá em termos de
programas sociais depois do auxílio. Antônio Barreto, secretário-executivo do
Ministério da Cidadania, disse que o governo quer aproveitar os cadastros que
foram feitos agora e, com a tecnologia disponível, fazer com que as políticas
públicas possam beber dessas informações para chegarem mais focalizadas.
“Hoje, podemos enxergar quem é informal, MEI,
contribuinte individual; qual a composição familiar e de renda de cada um. E
isso nos leva a crer que as políticas que estão em andamento, os estudos estão
sendo feitos por meio do Renda Brasil, poderão ser mais ágeis e mais fáceis,
que consigam entregar dinheiro e conectar o emprego a quem mais precisa de
forma mais simples e rápida,” explicou.
“Não é só entregar recurso social. A nova forma de
encarar as políticas sociais no pós-pandemia consiste em oferecer assistência
social de um lado e, do outro, emprego e desenvolvimento econômico. Isso vai
andar de mãos dadas,” disse Barreto.
Por Val-André
Mutran – de Brasília