Brasília – Só depende do
próprio deputado federal Celso Sabino (PSDB-PA) o desgaste de um processo no
Conselho de Ética do partido que pode resultar em sua expulsão. Uma fonte do
partido ouvida pela reportagem garante que se o parlamentar desistir de sua
indicação para líder da maioria da Câmara dos Deputados o processo disciplinar
nem chegará a ser aberto. A decisão sobre sua expulsão foi adiada para
quinta-feira (20).
A reunião da Executiva nacional que decidirá sobre
a expulsão do deputado paraense que aconteceria ontem foi adiada. O motivo
oficial para o adiamento foi o pouco tempo entre a convocação — feita no final
de semana — e a data da reunião.
Motivo
A cúpula tucana rompeu o apoio ao governo do
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a indicação para o cargo de líder da
maioria na Câmara, num movimento dos partidos da base governista desagradou a
corrente majoritária da legenda liderada pelo governador de São Paulo, João
Dória.
Na reunião anterior, na quinta-feira (13), o
ex-senador José Aníbal (SP) sugeriu a expulsão do correligionário. No partido,
espera-se que o parlamentar, que é aliado do deputado Aécio Neves (PSDB-MG),
desista do cargo.
Sabino foi indicado para líder da maioria na Câmara
(função que representa o conjunto dos maiores partidos) pelo grupo do líder do
PP, Arthur Lira (AL). A intenção seria destituir o atual líder, Aguinaldo
Ribeiro (PP-AL), ligado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que
adota postura mais independente do governo nas votações. Maia não deu andamento
na indicação de Sabino alegando “vício de procedimento”.
A permanência do senador tucano Izalci Lucas (DF)
no cargo de vice-líder do governo no Senado também está sendo tratada pela
Executiva Nacional. A ordem é que o senador entregue o cargo após a decisão da
reunião da Executiva. Procurado, o senador não retornou as ligações.
Racha
O partido está “rachado” desde agosto do ano
passado. Grupos antagônicos liderados pelo governador de São Paulo, João Doria
e pelo deputado Aécio Neves (MG) disputam o comando dos destinos da legenda que
pretende lançar candidatura própria em 2022. Os mais cotados são o próprio
governador João Dória ou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e a
ordem é fazer oposição ao governo. Sabino diz que não é “bolsonarista”, mas que
atua conforme sua consciência, de forma independente. As vezes apoiando,
noutras discordando das propostas do governo.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.