Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Política
Publicada em 05/12/20 às 07:32h - 121 visualizações
DR. VALDINAR: Os candidatos e a campanha eleitoral limpa
Joao Carlos Rodrigues3 de dezembro de 2020

Jornal O Niquel

Valdinar Monteiro de Souza  (Foto: )




Passaram as eleições de 2020. Como sempre, foi mais um período de promessas inexequíveis, acusações infundadas, calúnias, difamações, injúrias, fake news, mentira. E, é claro, de compra de votos. Não muda! Embora as fake news sejam o que há de mais moderno neste cenário corrupto e perigoso ao extremo, não passam de uma versão sofisticada de antigas ações criminosas ou imorais, de forma que a coisa não muda, senão para pior.

Duas coisas, porém, dentre as tantas tão comuns do período eleitoral, sempre chamaram minha atenção: a mácula de mentiroso com que se tacham todos os candidatos e a denúncia das compras de votos. Desde que tenho entendimento – o que, convenhamos, já faz um bom tempo –, essas duas coisas se repetem em todas as eleições, de todos os níveis da República. Gostaria muito de viver para presenciar uma eleição livre desses dois males. Sou, no entanto, realista e não tenho tal esperança.

As eleições municipais de 2020 não foram diferentes, e podemos afirmar que as de 2022 também não serão, assim como não serão as próximas depois das de 2022, e assim por diante. Não estou acusando a quem quer que seja de mentiroso e comprador de votos, estou apenas escrevendo o que quase todas as pessoas dizem. Com certa perplexidade, confesso, pois não há convergência: os políticos, eleitos ou não, dizem uma coisa, e o povo diz outra, embora seja esse mesmo povo que vende o voto.

Tenho mais de trinta e cinco anos de serviço público municipal e conheço, obviamente, muitos políticos. Já vi muitos candidatos, eleitos ou não, falando de campanhas eleitorais, o que nunca vi foi algum deles dizer que comprou votos ou fez campanha suja, por mais que essas acusações sejam constantes. Não, todos eles, em todos os tempos, fizeram campanha limpa! Se foi limpa, foi com inteira lisura: sem aleivosias, ilegalidades, imoralidades, mentiras. As coisas, porém, não batem, não convergem.

Sem acusar a ninguém, eu só queria entender. Nas eleições de 2020, por exemplo, muitas pessoas dizem que a compra de votos em Marabá foi acachapante, desbragada, muito maior do que nas eleições anteriores. Os candidatos que já ouvi, entretanto, dentre eleitos e não eleitos, dizem de peito inflado que fizeram uma campanha limpa. Vá entender. Quem foram, então, os que fizeram a campanha suja de que tantos falam, ó cara-pálida?

Voto não é coisa suscetível de alienação, eu sei, mas, de forma ilegal, há quem compre e quem venda. A culpa condena. Quem comprou, se comprou, sabe que o fez, assim como quem vendeu, se vendeu, também o sabe. Só existe quem compre porque existe quem venda e vice-versa. Corrupto e corruptor são iguais e se merecem.

Confesso mais uma vez que eu só queria entender, mas, tudo bem. Afinal, em que isso iria modificar as coisas? Em nada, evidentemente. É o sistema, eu sei. Quem, contudo, o criou e, direta ou indiretamente, o alimenta? Eu também sei. Todos nós sabemos.

(*) Advogado e escritor. Bacharel em Direito (UFPA, 2002). Especialista em Direito Administrativo (UGF, 2013). Especialista em Direito Constitucional (USCS, 2015). Especialista em Direito Médico (Uniara, 2017). E-mail: dr.valdinar@bol.com.br.




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