Joe Biden assumiu nesta quarta-feira
(20) como o 46º presidente dos Estados Unidos em uma cerimônia com limitações
provocadas pela pandemia de covid-19 e com forte esquema de segurança, após o
ataque ao Capitólio no início do mês. A chapa democrata composta por ele a
vice-presidente, Kamala Harris, obteve os votos de 306 delegados contra 232 de
Donald Trump.
Com a mão em uma Bíblia de 12,7
centímetros de espessura que está em sua família há 128 anos, Biden recitou as
35 palavras do juramento de "preservar, proteger e defender a
Constituição" em uma cerimônia conduzida pelo juiz-chefe da Suprema Corte,
John G. Roberts Jr., concluindo o processo às 11h49 (horário de Washington), 11
minutos antes de a presidência formalmente mudar de mãos.
Biden chega à presidência com a
missão de unificar os Estados Unidos. Em tom conciliador, repetiu em vários
momentos de seu discurso de posse que será o presidente de “todos os
americanos”, “tanto para os que votaram em mim quanto para os que não
votaram".
"Hoje é o dia da
democracia", disse Biden ao iniciar seu discurso. "A política não
precisa ser fogo que queima e destrói tudo em seu caminho", afirmou.
"Nós precisamos ser diferentes disso. Nós precisamos ser melhores que
isso", completou.
Em seu discurso, ressaltou os efeitos
do novo coronavírus, que provocou morte de centenas de milhares de americanos e
afetou a economia, e as mudanças climáticas como desafios da sua administração.
Biden ressaltou ainda que é momento de união para enfrentar inimigos como
raiva, ódio, extremismo, violência, doença, desemprego e desesperança.
“Superar esses desafios, restaurar a
alma e garantir o futuro da América exige muito mais do que palavras e requer o
mais elusivo de todas as coisas em uma democracia: a unidade”, argumentou Biden.
O presidente afirmou ainda que “a
política não precisa ser um fogo violento, destruindo tudo em seu caminho”.
“Cada desacordo não tem que ser uma causa para uma guerra total. E devemos
rejeitar a cultura em que os próprios fatos são manipulados e até fabricados”,
disse.
Cerimônia
A cerimônia foi marcada por uma
limitação de pessoas em virtude da pandemia de covid-19, que já provocou a
morte de mais de 400 mil pessoas nos Estados Unidos. Além disso, o ataque ao
Capitólio no dia 6 de janeiro fez com que a prefeitura de Washington reforçasse
a segurança da cidade. Na tarde ontem, 25 mil membros da Guarda Nacional
aguardavam a chegada de Biden, mais que o dobro do efetivo de cerimônias
passadas.
Apesar da tensão nos dias anteriores,
a cerimônia foi marcada por um clima de tranquilidade. Cerca de mil pessoas
compareceram ao evento. Na área onde ficariam espectadores e convidados, 200
mil bandeiras americanas foram cravadas nos gramados do local. Os
ex-presidentes americanos Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama
participaram da cerimônia. O ex vice-presidente Mike Pence também compareceu à
transmissão de cargo.
Donald Trump não compareceu à
transmissão de cargo. A tradição de transferência de cargo não era rompida
desde que em 1869 Andrew Johnson não compareceu à posse de Ulysses Grant. Em
toda história democrática americana, apenas três presidentes faltaram à
transmissão de poder nos Estados Unidos: John Adams (1801), John Quincy Adams
(1829) e Andrew Johnson.
A cerimônia teve apresentação de Lady
Gaga, que cantou o Hino Nacional americano e a artista Jenifer Lopez
cantou This is Your Land e America the Beautiful,
em um gesto à comunidade latina, falou em espanhol durante a música: “Liberdade
e justiça para todos!”
O reverendo Silvester Beaman, da
cidade de Wilmington, Delaware, deu bênção no final da cerimônia de posse de
Joe Biden.
Biden não realizará o desfile até a
Casa Branca, no entanto, substituído por um desfile virtual com a participação
de pessoas de todo os Estados Unidos. Já o baile de posse será substituído por
um especial de 90 minutos apresentado pelo ator Tom Hanks com a participação de
vários artistas como Justin Timberlake, Bruce Springsteen, Bon Jovi e Demi
Lovato. O evento será transmitido em vários canais, além das redes sociais.
Joe Biden
Joseph Robinette, conhecido como Joe
Biden Jr. nasceu em 20 de novembro de 1942, em Scranton, no estado da
Pensilvânia. O democrata é um advogado e político norte-americano, e foi
vice-presidente de Barack Obama de 2009 a 2017.
Aos 78 anos, Biden obteve 81,2
milhões de votos em uma disputa acirrada, marcada pelo recorde de eleitores e a
intensa polarização política. O presidente empossado assume o cargo com a
missão de unificar os Estados Unidos.
Entre 1973 e 2009, Biden exerceu seis
mandatos consecutivos como senador pelo estado de Delaware.
A vida de Biden foi marcada por
tragédias pessoais. Em 1972 ele perdeu sua primeira esposa, Neila, e sua filha,
Naomi, em um acidente de carro, no qual seus outros filhos Beau e Hunter também
ficaram gravemente feridos. Biden casou-se novamente em 1977, com Jill Tracy
Biden. Joe e Jill Biden têm uma filha, Ashley, nascida em 1981. Em 2015, seu
filho Beau Biden morreu, aos 46 anos, em consequência de câncer no cérebro.
Kamala Harris
Senadora pela Califórnia, Kamala
Harris será a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ser vice-presidente
dos Estados Unidos. No cargo, ela também acumulará a posição de presidente do
senado.
Nascida em 20 de outubro de 1964,
Kamala Devi Harris é formada em artes pela Universidade de Howard e em direito
pela Faculdade de Direito Hastings da Universidade da Califórinia. Kamala
Harris foi eleita procuradora-geral da Califórnia em 2010, reelegendo-se em
2014. Em 2016, elegeu-se senadora pela Califórnia. A vice-presidente é casada
desde 2014 com o advogado Douglas Emhoff e não tem filhos.
Com o Senado dividido igualmente
entre democratas e republicanos (50 cadeiras para cada partido), Kamala Harris
terá o voto decisivo em muitos momentos cruciais, já que enquanto o
vice-presidente exerce o poder de desempate. Um de seus primeiros atos oficiais
no cargo será dar posse aos novos senadores democratas, Rapahel Warnock, Jon
Ossoff.
Edição: Valéria Aguiar