Brasília – O presidente
do Senado e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), convocou para a
próxima quarta-feira, 3 de fevereiro, senadores e deputados federais para a
sessão de abertura do ano legislativo de 2021. A solenidade está marcada para
às 16 horas e contará com a presença de representantes do Executivo e do Judiciário,
e será conduzida pelas novas Mesas das duas Casas, a serem eleitas no dia 1º de
fevereiro.
Os mandatos de Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia
(DEM-RJ), se encerram no dia 1º de fevereiro, quando ocorrerá a eleição que vai
substituí-los numa nova composição que será formada para as Mesas Diretoras das
duas Casas.
Candidatos à presidência da Câmara e do Senado,
terão como tarefa prioritária retomarem a análise da proposta orçamentária de
2021 e a análise de 24 vetos presidenciais que aguardam análise do Congresso
após o retorno aos trabalhos
Até a votação do parecer preliminar do Orçamento
para 2021, o texto pode ser alterado inteiramente, inclusive a pedido do
governo.
A partir de fevereiro, no retorno dos trabalhos
legislativos, senadores e deputados poderão votar a proposta de Lei
Orçamentária Anual (LOA) para 2021 (PLN
28/2020), que detalha as fontes de receitas e as despesas do
governo, e 24 vetos presidenciais sobre diversos temas.
Desafios
Os parlamentares terão um cenário adverso pela
frente, de arrocho orçamentário, cenário agravado pela pandemia. Muitos
congressistas, independente da coloração partidária, estudam fontes de
financiamento para a continuidade do pagamento do auxílio emergencial.
Está claro que a vacinação em massa da população
será lenta e poderá avançar até 2022 ou mais. Deve haver garantia de recursos
para que não faltem os insumos para a produção dos imunizantes pela Fiocruz e
pelo Instituto Butantan, sob pena de estrangulamento da atividade econômica,
novamente pressionada pela 2ª onda da pandemia que se alastrou com novas cepas
variantes do vírus original da Covid-19, causando preocupações e incertezas em
governadores e prefeitos, muitos dos quais foram obrigados a tomar medidas
ainda mais restritivas de abertura das atividades econômicas.
Proposta orçamentária
Pelo rodízio periódico entre Senado e Câmara, a
Presidência da Comissão do Orçamento em 2020 caberia a um deputado, mas houve
divergência sobre o nome do indicado e não houve acordo, prejudicando a
instalação do colegiado.
Um outro projeto com análise pendente é o PLN
25/2020. O texto foi apresentado pelo governo, pedindo
alterações à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA 2020)
para dar, por exemplo, mais flexibilidade no uso das emendas parlamentares.
Como o exercício financeiro de 2020 já terminou, esse projeto poderá ser
arquivado.
Gastos com saúde
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi
aprovada em dezembro diretamente pelo Plenário do Congresso mediante
entendimentos entre os parlamentares, já que a tramitação é mais simples quando
comparada com a Lei Orçamentária Anual.
A LDO traz a previsão geral de gastos do Executivo
com despesas obrigatórias, enquanto a LOA aguarda para ser votada. A permissão
da LDO dá ao governo condições de quitar compromissos previstos na
Constituição, como custeio da Previdência e atenção em saúde. Com o Orçamento
parado, o governo pode ficar sem ter como pagar os servidores civis e militares
em abril. Apenas 25% estão liberados.
Segundo o consultor de Orçamento do Senado, Flávio
Luz, foi essa preocupação que levou os congressistas a aprovarem a LDO antes do
final de 2020. Como o texto está em vigor, o Executivo tem condições de honrar
os compromissos em parte. A LOA que será votada a partir de fevereiro, então,
trará os descontos desses gastos já efetuados a título de adiantamento. Não é
uma situação confortável para o Governo.
“Existem outras despesas que o Congresso aprova, a
pedido do Executivo, que também pertencem a esse grupo de execução provisória.
São os recursos para prevenção a desastres, por exemplo”, afirmou o consultor
Flávio Luz.
A proposta de Orçamento para 2021 chegou ao
Congresso em 31 de agosto do ano passado. Relatado pelo senador Marcio Bittar
(MDB-AC), o texto prevê a aplicação de R$ 124,6 bilhões em ações e serviços
públicos de saúde. Estipulando, dentre outras despesas, o valor do salário
mínimo.
Meta fiscal e Saúde
Em meio ao repique da pandemia do novo coronavírus,
a partir das festas de final de ano que coincidiu com as férias de muitos
trabalhadores, o governo precisa alcançar a meta orçamentária pré-estabelecida.
O Poder Executivo considera que R$ 7,3 bilhões de emendas impositivas serão
necessariamente alocadas na área da Saúde. A Constituição assegura a destinação
para a saúde de, pelo menos, metade dos recursos das emendas individuais (R$
4,8 bilhões). Não há, no entanto, determinação legal para que o dinheiro das
emendas de bancadas estaduais seja aplicado na área, o que acende a “luz
amarela” dos congressistas, governadores e prefeitos.
Quando a proposta orçamentária foi entregue ao
Congresso, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, ressaltou que a
matéria não contempla a prorrogação do estado de calamidade pública em razão da
pandemia de coronavírus, encerrado em 31 de dezembro.
Até a votação do parecer preliminar da proposta
pela CMO, no entanto, é preciso destacar que o texto pode ser alterado
inteiramente, inclusive a pedido do próprio governo. Segundo Flávio Luz, o
cenário de pandemia pode e vai influenciar nessa decisão.
Auxílio emergencial
A pauta do Plenário do Congresso está trancada por
24 vetos presidenciais prontos para serem deliberados. Entre eles, o Veto
35/2020, integral ao PL
2508/2020, que prioriza a mulher provedora do lar no
recebimento do auxílio emergencial destinado à família em que a guarda dos
filhos ou dependentes seja exclusiva de um dos pais.
O texto, aprovado
em junho na Câmara, modifica a lei do auxílio
emergencial durante a pandemia (Lei
13.982/2020) de modo a determinar o pagamento de duas cotas
(R$ 1,2 mil) à mulher que detém a guarda dos dependentes. O valor poderia ser
recebido pelo provedor de família monoparental, independentemente do sexo, mas,
em caso de informações conflitantes nos cadastros do genitor e da genitora, a
mulher teria prioridade.
O governo federal entendeu que a medida é
inconstitucional e contraria o interesse público por “não apresentar a estimativa
do respectivo impacto orçamentário e financeiro” ao estender o auxílio às
famílias cujo pai é o provedor.
O Poder Executivo também alegou que não há
ferramentas de processamento de dados capazes de averiguar a veracidade das
informações autodeclaradas.
Trabalhadores da saúde
O Congresso também deve avaliar o veto presidencial
ao PL
1826/2020, que concede indenização de R$ 50 mil para
trabalhadores da saúde incapacitados pela Covid-19 (Veto
36/2020). Ao justificar a decisão, o presidente Jair
Bolsonaro declarou “contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade”.
O Executivo alegou que o projeto viola a lei que
estabeleceu o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus (Lei
Complementar 173/2020), ao prever “benefício
indenizatório para agentes públicos e criando despesa continuada em período de
calamidade no qual tais medidas estão vedadas”.
O projeto também previa a indenização de R$ 50 mil
aos dependentes dos trabalhadores, em caso de morte do profissional pela
doença.
Esporte
Já o Veto
54/2020 trata de socorro financeiro a clubes, atletas
e federações e auxílio emergencial de R$ 600 por três meses, específico para
atletas, técnicos, árbitros e outros profissionais do esporte durante a
pandemia.
A previsão estava no PL
2824/2020, que originou a Lei
14.073/2020. As despesas, segundo outro artigo vetado pela
Presidência da República, seriam arcadas pela União até o limite de R$ 1,6
bilhão.
Na justificativa, o governo alegou que, “embora se
reconheça a boa intenção do legislador, a medida encontra óbice jurídico por não
apresentar a estimativa do respectivo impacto orçamentário e financeiro,
violando regras previstas na Constituição”.
Veja aqui a lista de
vetos a serem analisados pelo Congresso.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.