Brasília – A
segunda-feira (12) foi movimentada no Senado Federal, com a apresentação de
mais três pedidos de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da
Covid. Os senadores Alexandre Vieira (Cidadania-SE) e Eduardo Girão
(Podemos-CE) querem a ampliação das investigações, incluindo governadores e
prefeitos. Por sua vez, o senador Roberto Rocha (PSDB-MA) avisou que vai
apresentar requerimento para que seja criada uma CPI mista, ou seja, uma
comissão parlamentar de inquérito com participação de senadores e deputados
federais.
Rocha pede que essa comissão mista investigue
possíveis irregularidades no uso de recursos federais por estados, Distrito
Federal e municípios no combate à pandemia.
As propostas foram recebidas com apoios de alguns
senadores e críticas de outros.
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) conseguiu, na
manhã desta segunda-feira, 34 assinaturas de apoio ao pedido para a instalação
de uma CPI da pandemia que investigue governadores e prefeitos. São
necessárias, no mínimo, 27 assinaturas para a abertura da comissão, de acordo
com o Regimento Interno do Senado.
Paralelamente, o senador Plínio Valério (PSDB-AM)
protocolou requerimento na sexta-feira (9), para que a CPI da Covid seja
instalada apenas depois da instalação da CPI para investigar as Organizações
Não Governamentais (ONGs) na Amazônia. No pedido dirigido ao presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco, Plínio alega que a CPI das ONGs – de sua autoria –
cumpriu todas as exigências necessárias à instalação e está pronta para começar
a funcionar desde o início de 2020.
Segundo o senador do Amazonas, o Senado deve seguir
a ordem de antiguidade na instalação das comissões.
No sábado (10), o senador Alexandro Vieira (Cidadania-SE)
protocolou pedido para a Mesa Diretora do Senado ampliar o alcance da CPI que
irá investigar responsabilidades por atos praticados pelo governo federal no
combate à pandemia. O pedido de Vieira é para que a comissão apure também
eventuais irregularidades na gestão de recursos federais destinados ao
enfrentamento do novo coronavírus por prefeitos e governadores.
A decisão de instalação das CPIs cabe ao presidente
da Casa, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que está sob fogo-cruzado de
governistas, oposicionistas e uma decisão monocrática do ministro Luís Roberto
Barroso, que obrigou a abertura da CPI da Covid pelos senadores, atendendo
mandado de segurança impetrado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor
do primeiro pedido de CPI para investigar apenas o governo federal.
Nos bastidores, senadores avaliam que a inclusão de
estados e municípios na investigação seria uma forma de esvaziar o pedido da
CPI apresentado pelo senador amapaense, líder da oposição no Senado. O escopo
inicial previa apenas a investigação da condução do governo federal no
enfrentamento à pandemia do novo coronavírus e do colapso em Manaus (AM). No
último final de semana, aliados do presidente Jair Bolsonaro endossaram o
discurso de que a inclusão de prefeitos e governadores na CPI seria uma forma
mais ampla de investigação.
No requerimento feito por Girão, o senador defende
que a CPI deve se concentrar na investigação de fatos revelados por operações
da Polícia Federal em estados e municípios desde o início da pandemia. O pedido
conta com as assinaturas dos senadores Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ),
filho do presidente da República; Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do
Progressistas, partido da base aliada do governo; Márcio Bittar (MDB-AC),
relator do Orçamento; do líder do PSC no Senado, Zequinha Marinho (PSC-PA) e do
líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Foram 34
assinaturas até o fechamento desta reportagem.
“Diversos foram os atores e alvos dessas apurações
de corrupção – de norte a sul do país. Governadores e secretários de saúde
foram afastados – e presos –, casas de assessores foram revistadas e diversos
nomes passaram a figurar entre os investigados,” diz a petição de Girão.
No entanto, senadores da oposição argumentam que
essa ampliação no escopo da CPI poderia inviabilizar o andamento das
investigações. “O presidente tenta interferir de forma criminosa na instalação
da CPI da Covid no Congresso. Não vamos perder de vista: as assembleias
estaduais podem investigar as ações dos governadores. O Congresso se dedica aos
desvios federais. No Amapá, já há pedido de CPI pelos deputados,” comentou
Randolfe Rodrigues.
Para o líder da minoria no Senado, senador Jean
Paul Prates (PT-RN), o desempenho dos governos estaduais e municipais pode ser
investigado pelas respectivas assembleias legislativas e câmaras municipais.
“A União é responsável por distribuir as verbas
orçamentárias para todos os entes da federação. Se aconteceram irregularidades
na destinação ou mesmo na aplicação desse dinheiro, é preciso apurar tudo. Se o
governo federal não fez nada de errado, não há o que temer, bem como os
gestores estaduais e municipais que fizeram uso dessas verbas. Uma CPI não é um
bicho de sete cabeças. Além de ter o papel de investigar, ela pode contribuir
com propostas de médio e longo prazo para o enfrentamento da covid-19 no país.
Vamos ter que conviver com esse vírus e as consequências e as sequelas da
covid-19 durante muito tempo,” afirmou Prates.
Pelo Twitter, os senadores Luiz do
Carmo (MDB-GO), Elmano Férrer (PP-PI), Flávio Arns (Podemos-PR), Jorge Kajuru
(Cidadania-GO) e Ciro Nogueira (PP-PI) afirmaram apoiar a inclusão dos governos
subnacionais entre os investigados.
“A CPI é necessária para investigar as inúmeras
denúncias de atos que colocaram o Brasil neste caos que estamos vivendo,”
afirmou Arns.
Por Val-André
Mutran – de Brasília