Projeto que trata sobre demarcação de Terras Indígenas vai à votação no Plenário (Foto: )
Brasília – Em mais uma
“queda de braço” contra o governo, os partidos de oposição perderam a disputa
na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados que
concluiu, nesta terça-feira (29), a análise do projeto que trata da demarcação
de terras indígenas (PL 490/2007).
Indígenas de várias etnias voltaram a protestar
contra o Projeto de Lei 490/2007
Lideranças indígenas mais uma vez se manifestaram
contrariamente à proposta, em frente ao anexo da Câmara onde se localizam as
salas das comissões.
Na quarta-feira (23), por 40 votos a 21, o
texto-base da proposta que muda as regras para a demarcação de terras indígenas
foi aprovado. Os destaques para votação em separado, que ainda podem alterar o
texto, foram analisados e rejeitados na sessão deliberativa desta terça. A
matéria segue para votação em Plenário e, se aprovada, vai à análise dos
senadores. O projeto se arrasta há 14 anos em tramitação na Casa.
Na semana passada, a proposta foi o estopim para
confronto entre índios e polícia na área externa que dá acesso às dependências
do Congresso Nacional.
Foi aprovado o texto apresentado pelo relator,
deputado Arthur Oliveira Maia (DEM-BA), com base em 14 projetos que estavam
sendo analisados em conjunto [apensados] sobre o mesmo tema.
Os destaques buscavam retirar do texto alguns dos
pontos mais polêmicos, como o artigo que estabelece o chamado marco temporal,
ou seja, garante como terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas
brasileiros apenas aquelas que, na promulgação da Constituição de 1988, eram
habitadas em caráter permanente, e eram necessárias segundo seus usos, costumes
e tradições.
Também foram mantidos no texto o item que proíbe a
ampliação de terras indígenas já demarcadas e o artigo que estabelece que
processos administrativos de demarcação de terras indígenas ainda não
concluídos deverão ser adequados às novas regras.
Outro ponto destacado, e mantido na proposta, foi o
item que prevê que, no caso das áreas indígenas reservadas, se houver alteração
dos traços culturais da comunidade ou outros fatores ocasionados pelo tempo que
façam com que a área não mais seja essencial para garantir subsistência digna e
preservação da cultura da comunidade, o governo poderá retomá-la, dando-lhe
outra destinação de interesse público ou social ou destiná-la ao Programa
Nacional de Reforma Agrária.
Foram mantidos na proposta, ainda, o item que
permite o acesso às áreas indígenas por não indígenas em trânsito, no caso da
existência de rodovias; e artigo que faculta o exercício de atividades
econômicas em terras indígenas, desde que pela própria comunidade, admitida a
cooperação e contratação de terceiros não indígenas.
Por Val-André
Mutran – de Brasília
Fonte Ze Dudu