A LDO (PLN 3/2021) determina as metas e prioridades para os gastos do governo no ano que vem (Foto: )
Brasília – Uma reunião na
Comissão Mista de Orçamento (CMO), nesta segunda-feira (12), aprovou o
relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 – Projeto
de Lei do Congresso Nacional (PLN) 3/2021 –, que
determina as metas e prioridades para os gastos do governo no ano que vem.
Chamou a atenção dos parlamentares o alto déficit verificado nas contas
públicas, que chega a R$ 177,5 do governo federal, R$ 4,42 bilhões das estatais
e R$ 2,6 bilhões de estados e municípios. Somados, os valores atingem R$ 184,52
bilhões.
De acordo com as regras, cada deputado ou senador
poderá apresentar até três emendas ao Anexo de Prioridades e Metas da LDO.
Bancadas estaduais do Congresso e comissões permanentes da Câmara dos Deputados
ou do Senado também podem apresentar até três emendas cada. O prazo para
apresentação vai até quarta-feira (14), ao meio-dia.
Déficit bilionário
O relatório preliminar do deputado Juscelino Filho
(DEM-MA) também apresenta uma avaliação dos parâmetros econômicos e das
projeções da LDO para o ano que vem. “Apresentamos a conjuntura macroeconômica
com foco no cenário fiscal, acreditando na recuperação da economia em 2022. Mas
estamos atentos ao delicado momento do cenário social que ainda perdura,”
reconheceu.
O senador Oriovisto Guimarães (Pode-PR) disse que o
déficit é responsável pela alta cotação do dólar e pela aceleração da inflação.
“O mercado já espera déficit, mas uma hora a conta vai estourar. Temos de dar
uma perspectiva de quando o déficit primário vai acabar,” apontou. Ele ainda
recomendou cuidado com as emendas: “Não temos dinheiro para nada. Ano que vem é
ano eleitoral, e não podemos permitir irresponsabilidade”.
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) sugeriu uma
audiência pública para discutir a situação do Benefício de Prestação Continuada
(BPC) e da Previdência. “A reforma previdenciária pouco colaborou para redução
do déficit,” lamentou o parlamentar.
Para o BPC, a projeção é que haja um total de 4,9
milhões de beneficiários em dezembro de 2022, levando o gasto a R$ 69,2 bilhões
no ano que vem. Rocha notou que ainda há 710 mil requerimentos de BPC que não
foram avaliados. “Essas pessoas que estão esperando vão judicializar, e vai
aumentar a quantidade de processos na primeira instância,” alertou o deputado.
Inadimplentes
O deputado Claudio Cajado (PP-BA) defendeu a
transferência de recursos a municípios de até 50 mil habitantes que estejam
inadimplentes em cadastros ou sistemas de informações financeiras, contábeis e
fiscais. “Muitos estão inadimplentes por causa da pandemia,” argumentou. Esse
dispositivo já constava no PLN 2/2021, que alterava a LDO deste ano; foi vetado
pelo presidente Jair Bolsonaro, porém restabelecido pelo Congresso, após a
derrubada do veto.
Cajado ainda considera necessário discutir os
critérios para as emendas de relator ao Orçamento de 2022, conhecidas como RP9.
“Houve grande problema, inclusive com parte da mídia dizendo que tinha orçamento
secreto para beneficiar parlamentares. O próprio governo admite a necessidade
das emendas de relator, mas estamos tendo grande problema de concentrar o poder
em uma única pessoa, mesmo que haja depois a votação na Comissão Mista de
Orçamento,” disse.
Hildo Rocha sugeriu que uma parcela dos recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) seja utilizada para financiar pequenas e
médias empresas. “Boa parte do FAT que vai para o BNDES não tem transparência.
O dinheiro do FAT, que é do trabalhador, não volta para o trabalhador. Deveria
ir para as pequenas e médias empresas, mas oferece subsídio para grandes
empresas que não precisam,” criticou.
O senador Wellington Fagundes (PL-MT) pediu
prioridade para o financiamento de pesquisas, com o objetivo de fabricar
vacinas brasileiras. Ele ainda propôs normas para destinação de recursos a
municípios com obras inacabadas. “É revoltante saber que temos mais de 2 mil
creches inacabadas. Onde tem município com creche inacabada, não podemos abrir
recursos para novas obras da mesma natureza. Isso significa desperdício do
dinheiro público,” enfatizou.
Por Val-André
Mutran – de Brasília
Fonte Ze Dudu