POR FOLHAPRESS
POLÍTICA JAIR-BOLSONARO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
sugeriu nesta segunda-feira (19) que pode não participar das eleições do ano
que vem -embora ele próprio já tenha indicado que pretende disputar um segundo
mandato. Aliados também dizem que Bolsonaro planeja disputar a reeleição.
"Eu entrego a faixa para qualquer um, se eu disputar a eleição, né?
Se eu disputar, eu entrego a faixa para qualquer um. Uma eleição limpa",
disse Bolsonaro a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.
A fala do presidente foi transmitida por um site bolsonarista.
"Agora, participar de uma eleição com essa urna eletrônica...
Alguns falam: 'Ah, o Bolsonaro foi reeleito tantas vezes com o voto
eletrônico'."
Bolsonaro defende a adoção de um sistema de voto impresso nas eleições
de 2022, sob o argumento de que as urnas eletrônicas seriam passíveis de
fraude. Ele nunca apresentou provas para embasar a acusação.
A bandeira levantada pelo mandatário é rechaçada pelo TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) e por diversos líderes partidários. De acordo com críticos,
o discurso bolsonarista de que as urnas não seriam seguras pode abrir brecha
para que Bolsonaro conteste o resultado das eleições, caso não seja reeleito.
Nesta segunda, o presidente voltou à carga e declarou que a ausência da
modalidade do voto impresso na disputa de 2022 -chamado por ele de eleição
auditável- configuraria uma fraude.
"As mesmas pessoas que tiraram o [ex-presidente] Lula da cadeia e
[o] tornaram elegível vão contar os votos dentro do TSE de forma secreta. As
mesmas pessoas", disse Bolsonaro a apoiadores.
"O pessoal diz que eu estou ofendendo o ministro [e presidente do
TSE, Luís Roberto] Barroso. Não estou ofendendo, estou mostrando a
realidade."
Pesquisas de opinião indicam favoritismo de Lula nas eleições de 2022.
Nas últimas semanas, Bolsonaro disparou ameaças contra o processo eleitoral
brasileiro e insultou Barroso, a quem chamou de imbecil e idiota.
Em 8 de julho, o presidente declarou: "Eleições no ano que vem
serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições".
No dia seguinte, ele também sugeriu que só passaria a faixa presidencial
para um sucessor no sistema do voto impresso.
"Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto
auditável e confiável. Dessa forma [atual], corremos o risco de não termos
eleição no ano que vem", disse.
Dias depois, após reunião com o presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), Luiz Fux, Bolsonaro baixou o tom, contemporizou e tentou justificar
sua ameaça.
"O não tem eleição é porque vai ser algo fraudado, eleição existe
quando as coisas são sérias", disse.
Apesar de Bolsonaro ter sugerido nesta segunda que pode não disputar o
pleito de 2022, ele mesmo já deu declarações indicando que vai se apresentar.
Ainda em 2019, ele já dava declarações nesse sentido.
"Meu muito obrigado a quem votou e a quem não votou em mim também.
Lá na frente todos votarão, tenho certeza disso", disse Bolsonaro em 20 de
junho de 2019, em Eldorado (SP).
No mesmo dia, ele disse que poderia desistir da reeleição caso fosse
aprovada uma reforma política.
"Olha, se tiver uma boa reforma política, eu posso até, nesse
caldeirão, jogar fora a possibilidade de reeleição. Posso jogar fora isso aí.
Agora, se não tiver uma boa reforma política e se o povo quiser, estamos aí
para continuar mais quatro anos."
Mais recentemente, Bolsonaro também fez falas sobre a intenção de
concorrer de novo à Presidência. Em 7 de julho, afirmou que pode não aceitar o
resultado.
"Eles vão arranjar problemas para o ano que vem. Se este método
continuar aí, sem, inclusive, a contagem pública, eles vão ter problemas.
Porque algum lado pode não aceitar o resultado. Este algum lado, obviamente, é
o nosso lado, pode não aceitar o resultado", disse em entrevista à rádio
Guaíba, do Rio Grande do Sul.