Política Publicada em 15/10/21 às 05:35h - 513 visualizações
Deputados aprovam projeto que diminui preço dos combustíveis Preço pode cair 8% para a gasolina comum com novo cálculo do ICMS
Jornal O Niquel
Link da Not�cia:
Sessão do Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o projeto por 392 votos a favor, 71 contra e 2 abstenções (Foto: )
Brasília – Num esforço
para conter a alta descontrolada do preço dos combustíveis — um dos vilões da
alta inflacionária —, a Câmara dos Deputados aprovou por 392 votos a favor, 71
contra e 2 abstenções, o projeto que estabelece um valor fixo para a cobrança
de ICMS sobre combustíveis. A proposta segue para análise do Senado. A sessão
da noite de quarta-feira (13), aprovou um Projeto de Lei Complementar (PLP
11/2020), que tramitava há dois anos na Casa, que muda a
maneira de calcular o valor do ICMS cobrado sobre combustíveis, o que, segundo
o relator da proposta, pode fazer com que o preço final para o consumidor seja
reduzido em 8% para a gasolina comum, 7% para o álcool e quase 4% para o
diesel.
De acordo com o projeto, a alíquota do ICMS
definido pelos estados será fixa, vai valer por um ano e não poderá
ultrapassar, em reais, um valor que leva em conta o preço médio cobrado nas bombas
nos dois últimos anos. Na prática, o texto do PLP tornará o imposto invariável
nos casos de flutuação de preço ou mudanças do câmbio.
Atualmente, o ICMS é cobrado antes mesmo de o
combustível chegar ao posto, com base em uma alíquota que leva em conta a
estimativa de preço ao consumidor que as secretarias de Fazenda de cada estado
repassam à Petrobras a cada 15 dias. Ou seja, quanto maior a previsão de
aumento, maior o ICMS cobrado.
Isso porque, para evitar fraudes ou várias
cobranças de impostos ao longo da cadeia, quem paga o ICMS é a refinaria, que
repassa o valor para as distribuidoras e assim sucessivamente até chegar ao
consumidor. Com o projeto, a alíquota do ICMS permanecerá a mesma por um ano.
O autor do projeto original, deputado Emanuel Pinheiro
Neto (PTB-MT), explicou o objetivo da proposta.
“A nossa ideia de se fixar o ICMS, a alíquota do
ICMS, sobre uma unidade de medida, seja sobre o litro, seja sobre o metro
cúbico, para que dessa forma se tenha uma alíquota fixa, e desse modo não se
permita que quando o combustível chegue da refinaria, sob um determinado preço,
o governo tenha a possibilidade de aumentar sua base de cálculo ou sua alíquota
para compensar a perda da sua arrecadação.”
O relator do projeto, deputado Dr. Jaziel (PL-CE),
justificou a previsão de redução do preço dos combustíveis usando o exemplo o
ICMS da gasolina. O litro do combustível custou pouco mais de R$ 6, em média,
em setembro. O projeto prevê que o ICMS será calculado com base na média de
preços praticada entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, quando o litro
variou de R$ 4,26 a R$ 4,48.
O texto principal da proposta foi aprovado por
ampla maioria, com 392 votos contra 71, mas deputados de vários partidos
criticaram a proposta.
Para o deputado Enio Verri (PT-PR), o efeito do
projeto será pequeno e os sucessivos reajustes dos combustíveis não são
provocados pelo ICMS dos estados e sim pela política de preços da Petrobras,
que leva em conta o interesse dos seus acionistas e o preço em dólar do
petróleo.
Ontem, no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo
(B3), o brent do barril de petróleo fechou em alta de 1,07%
cotado em US$ 84,25, o barril. Somado a desvalorização do real no mercado
internacional, é a tempestade perfeita para o preço ao consumidor final explodir,
como vem acontecendo desde o início do ano.
“O aumento do combustível não é responsabilidade do
estado e sim da política adotada pela Petrobras. E vou dizer mais: se esse
projeto que está sendo discutido aqui fosse votado na semana passada e aprovado,
e o preço do combustível fosse reduzido em 8%, esta semana esses 8% já teriam
sumido porque o combustível esta semana já subiu 8%,” disse o deputado.
Já o deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) disse que o
projeto, ao propor fixar a alíquota do ICMS de acordo com a média dos preços
praticados nos dois anos anteriores, pode ter efeito contrário caso o preço dos
combustíveis caia.
“Aparentemente isso pode parecer uma boa ideia,
porque teria que pegar a média dos últimos anos e imediatamente estaríamos diminuindo
o preço da gasolina, mas no fundo isso não resolve o problema e talvez haja um
problema futuro maior. Porque hoje nós estamos trabalhando com o pico do preço
dos combustíveis, mas este pico pode voltar atrás, como aconteceu já no passado
e quando voltar, o mesmo valor fixo que impede o crescimento exponencial do
preço da gasolina, é o que impede a redução do preço da gasolina”, alertou.
Deputados da oposição criticaram ainda a proposta
por reduzir a arrecadação de ICMS dos estados, o que pode prejudicar os
recursos destinados à educação e à saúde. O relator do projeto, deputado Dr.
Jaziel, negou prejuízos aos estados.
“Alguém pode dizer: e os governadores vão perder.
Não perdem. Eles não perdem. Aqui os valores estão sendo calculados quando o
preço do petróleo está alto de uma forma gigantesca. A variação do dólar
também. Então aqui os cálculos estão sendo feitos no máximo. Então eles não vão
perder. Se tiver que perder, é uma perda pequena e vale a pena perder, já que o
povo não tem de onde tirar”.
Segundo o relator, o ICMS representa em média 28,1%
do preço da gasolina.
O projeto que muda a forma de cálculo do ICMS sobre
combustíveis segue agora para análise do Senado.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
ZE DUDU
ATENÇÃO:Os comentários postados abaixo representam a opinião do leitor e não necessariamente do nosso site. Toda responsabilidade das mensagens é do autor da postagem.