Política Publicada em 19/10/21 às 19:46h - 379 visualizações
Por 8 a 2, Supremo rejeita ação contra declarações e atos de Bolsonaro O autor da ação, o PSOL, alegava que as condutas configurariam transgressão aos preceitos fundamentais do Estado de Direito e do direito à saúde
Os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram, por oito votos a
dois, rejeitar uma ação que questionava discursos e comportamentos do
presidente Jair Bolsonaro e de integrantes de seu governo - ministros de Estado
e a integrantes do alto escalão - com relação à manifestações antidemocráticas
e a conduta frente a pandemia da covid-19. O autor da ação, o PSOL, alegava que
as condutas configurariam transgressão aos preceitos fundamentais do Estado de
Direito e do direito à saúde.
A maioria dos ministros acompanhou o voto da ministra Rosa Weber, que
entendeu que a ação não tem condições processuais para tramitar por apresentar
pedido genérico e não apontar, com precisão e clareza, os atos questionados.
A decisão foi tomada em sessão do plenário virtual encerrada nesta
segunda-feira, 18. As informações foram divulgadas pelo STF.
Restaram vencidos no julgamento, os ministros Ricardo Lewandowski e
Edson Fachin ficaram vencidos. Lewandowski foi quem abriu a divergência,
ponderando que a ação deveria prosseguir, uma vez que as manifestações do
presidente e de outros agentes governamentais podem, em tese, fragilizar os
preceitos fundamentais citados.
Na ação, o PSOL sustentava que diferentes autoridades teriam 'feito
declarações ou participado de manifestações' antidemocráticas contra o
Congresso Nacional e o STF. Além disso, a legenda alegava que Bolsonaro estaria
descumprindo o papel do governo federal na articulação e na formulação das
políticas públicas de enfrentamento da pandemia da covid-19. O partido
indicava, por exemplo, que o chefe do Executivo vai a reuniões e encontros sem
máscara facial, descumprindo instruções e recomendações das autoridades
nacionais e internacionais de saúde.
Nessa linha, o PSOL pedia ao STF que determinasse a Bolsonaro, seus
ministros e auxiliares imediatos que observassem, em atos, práticas, discursos
e pronunciamentos, os princípios constitucionais fundamentais do Estado de
Direito e do direito à saúde.
Ao analisar o processo, a ministra Rosa Weber considerou que os fatos
questionados pelo PSOL foram mencionados de maneira vaga e imprecisa. Segundo a
magistrada, tal situação parecia sugerir que o partido busca 'estabelecer uma
curatela judicial sobre o presidente da República'.
Além disso, Rosa indicou que o pedido era para que fosse expedida uma
ordem judicial para que o presidente da República observe a Constituição.
A ministra ainda ponderou que o tipo de ação escolhido pelo PSOL para
questionar os atos de Bolsonaro - Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental - não pode ser utilizada para a apuração de supostos ilícitos
penais ou violações funcionais decorrentes de comportamentos, dolosos ou
culposos, que devem ser analisados sob a ótica do contraditório e da ampla
defesa, inclusive do direito à prova.
Rosa destacou que, casos de transgressões aos princípios e regras
constitucionais ocorrem com frequência e exigem a intervenção judicial, mas
diante de situações concretas e específicas. Na avaliação da ministra, o
partido deixou o pedido em aberto, sem especificar todo alcance de sua
pretensão.
Seguiram o voto de Rosa os ministros Alexandre de Moraes, Roberto
Barroso, Dias Toffoli, Nunes Marques, Gilmar Mendes e Luiz Fux e a ministra
Cármen Lúcia.
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