Política Publicada em 21/10/21 às 15:11h - 258 visualizações
PEC da Vingança é derrotada e vai ao arquivo Proposta original do PT ainda pode ser votada
Jornal O Niquel
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Mesmo rejeitado o substitutivo da PEC 5/2021, presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, pode levar texto original para nova votação em Plenário (Foto: )
Brasília – Procuradores
de todo o Brasil comemoraram na noite de quarta-feira (20), o arquivamento da
PEC da Vingança (Projeto de Emenda Constitucional 5/2021), apresentada pelo
deputado Paulo Teixeira (PT-SP). O substitutivo da proposta, relatado pelo
deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) obteve 297 votos favoráveis contra 182 e 4
abstenções, mas faltaram 11 votos para obter o mínimo de apoio necessário para
a aprovação da matéria, seja, votos de 308 deputados. A matéria será arquivada.
Após três adiamentos anteriores, o projeto foi ao
Plenário da Câmara que a rejeitou. O texto da PEC 5/2021 propôs a alteração da
composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), obriga a
formulação de um Código de Ética para a instituição e veda a atuação política
para promotores e procuradores.
A novela não terminou
Mas, o assunto não está encerrado. Com a rejeição
do texto do relator, regimentalmente pode ser votado ainda pelo Plenário o
texto original, apresentado por deputados de vários partidos. Essa proposta
tinha sido bastante alterada pelo deputado Paulo Magalhães [relator], a partir
de negociações feitas com entidades representativas do Ministério Público e
deputados de vários partidos, que apontavam que a PEC promovia uma
interferência política no trabalho de promotores e procuradores.
A proposta rejeitada aumentava o número de
conselheiros dos atuais 14 para 17, sendo cinco destes indicados pelo
Congresso, inclusive o vice-presidente, que acumularia o cargo de corregedor do
CNMP.
A corregedoria tem entre suas atribuições o
controle da legalidade dos atos dos membros do Ministério Público e a indicação
do corregedor pelo Congresso foi um dos pontos mais polêmicos na votação.
Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos
autores da proposta, a rejeição foi provocada por uma campanha de desinformação
que buscou relacionar a PEC ao fim do combate à corrupção. Ele voltou a
defender a proposta e disse que um maior controle sobre as atividades do
Ministério Público é uma maneira de evitar abusos. Rebateu também o apelido da proposta:
“PEC da Vingança”.
“O que prevaleceu neste debate foi uma fake
news porque tem poderes que resistem ao controle. E na democracia não
existe poder fora de controle. A democracia requer que os poderes sejam
controlados, que os poderes sofram controle para não abusarem. Não existe
democracia sem freios”.
O texto rejeitado previa que o corregedor do CNMP
seria escolhido alternadamente pela Câmara e pelo Senado a partir de uma lista
de cinco procuradores-gerais ou ex-procuradores gerais apresentada pelo próprio
Ministério Público. Já o texto original, que agora pode ser votado, prevê a
indicação de um nome de fora do Ministério Público.
Outra alteração feita pelo relator foi relativa ao
Código de Ética do Ministério Público. A proposta original dá a atribuição de
elaborar o código ao Congresso, mas o texto rejeitado dava essa tarefa ao
próprio CNMP, que teria 180 dias para isso.
Mesmo com as mudanças, a proposta recebeu críticas
em Plenário. Para a deputada Adriana Ventura (Novo-SP), a indicação do corregedor
pelo Congresso seria uma interferência política.
“É um absurdo levarmos a cabo esta PEC, uma vez que
nós estamos falando de interferência política no Conselho Nacional do
Ministério Público. Cinco membros indicados pelo Congresso Nacional. O que que
a gente quer fazer? Interferência política num órgão que deveria ser
eminentemente técnico. Isso causa insegurança jurídica. Isso prejudica sim o
combate à corrupção”.
Outro ponto criticado em Plenário foi o que dava ao
CNMP o poder de desfazer atos praticados por promotores e procuradores, no caso
de serem considerados irregulares. E o que vedava a qualquer membro do
Ministério Público o exercício de atividade político-partidária e prática de
ato que possa ser considerado uma interferência nas instituições constitucionais
com finalidade política. De acordo com o deputado Hildo Rocha (MDB-MA), essa
proibição era muito vaga e poderia inibir a atuação dos membros do MP.
“O promotor ou procurador é proibido de exercer
atividade político-partidárias, mas aqui foi acrescentado: exercer atividade
político-partidária é o que estava antes. Ou interferir nas instituições
constitucionais com finalidade exclusivamente política. Isso aqui fica muito
subjetivo, portanto aqui se fragiliza sim o Ministério Público, se fragiliza
sim este órgão importante.”
Mas o texto rejeitado pelo Plenário foi defendido
pelo deputado Alex Manente (Cidadania-SP).
“Todos os avanços de texto que foram solicitados
pelas associações, pelas entidades foram atendidos. Chegamos inclusive ao ponto
de modificar este tema do corregedor que, da maneira como está sendo noticiado,
parece muitas vezes que nós estamos escolhendo um deputado, quando na verdade
será um ex-procurador de uma lista que eles trarão”.
Depois de rejeitado o texto do relator, ainda não
há data para votação do projeto original que altera a Constituição para
modificar a escolha dos integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público.
Essa decisão cabe ao presidente da Câmara dos Deputado, Arthur Lira (PP-AL),
que após o encerramento da sessão disse à imprensa que será feita uma reunião
com o s líderes partidários no Colégio de Líderes, onde será feito uma leitura
política do resultado da votação e será decidido se o texto original
apresentado por um deputado do PT será pautado para votação.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
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