Comissão Mista debate projetos que regulamentam Orçamento (Foto: )
Brasília – Começa nesta
segunda-feira (25), a contagem regressiva até o dia 16 de novembro, para
deputados, senadores, bancadas estaduais e comissões apresentarem emendas ao
projeto de lei orçamentária para o ano que vem (PLN
19/2021) na Comissão Mista de Orçamento (CMO).
O projeto de lei orçamentária para 2022,
encaminhado pelo Poder Executivo, reserva R$ 10,5 bilhões para emendas
individuais e R$ 5,7 bilhões para as emendas de bancada estadual, totalizando
R$ 16,2 bilhões em emendas com execução obrigatória. Metade das emendas
individuais, ou R$ 5,24 bilhões, deve ser gasto em ações e serviços públicos de
saúde.
Cada parlamentar terá R$ 17,6 milhões para indicar emendas.
Prazos
O relatório da receita deve ser publicado até 17 de
novembro e votado no dia seguinte. Depois, o relatório preliminar será votado
em 25 de novembro. O prazo para analisar os relatórios setoriais vai até 2 de
dezembro.
O relatório-geral do deputado Hugo Leal (PSD-RJ)
deve ser publicado até 6 de dezembro e votado pela Comissão Mista de Orçamento
até 9 de dezembro. Com isso, espera-se que o Congresso Nacional termine de
votar a proposta até 22 de dezembro.
Indefinição do Governo é criticada
A presidente da CMO (Comissão Mista de Orçamento),
senadora Rose de Freitas (MDB-ES), criticou o que chamou de indefinição do
governo na economia.
De acordo com a senadora, o trabalho do colegiado é
afetado por situações como a da semana passada, em que o governo se atrapalhou
para explicar como será financiado o Auxílio Brasil. O novo programa social
deverá pagar um valor extra em relação ao que é praticado atualmente no Bolsa
Família para os beneficiários receberem R$ 400 mensais em 2022.
Nos últimos dias houve desentendimento no Executivo sobre o valor, a origem dos
recursos e até sobre o anúncio do programa.
No final, ficou acertado que o Auxílio Brasil será
financiado com um espaço fiscal de R$ 83 bilhões a ser aberto no teto de gastos
públicos pela PEC (proposta de emenda à Constituição) dos precatórios.
O texto foi aprovado em comissão especial da Câmara
na quinta-feira (21). Deve ser votado no plenário na terça-feira (26), e se
aprovado, segue para o Senado.
“A indefinição de medidas que vão ser adotadas pelo
governo, e sobretudo os valores disso, realmente deixa… a perplexidade fica no
ar”, disse a senadora Rose de Freitas.
“Você tem uma discussão numa direção, daqui a pouco
o governo aponta em uma outra direção. Precatórios, auxílio emergencial, por aí
afora”, declarou a senadora.
Ela afirmou, porém, que o Orçamento de 2022 deverá
ser aprovado neste ano.
É importante começar o ano com a lei orçamentária
aprovada porque é ela que define como serão gastos os recursos do governo. A de
2021, por exemplo, só foi definida com o ano em andamento.
Guedes e Bolsonaro em coletiva de imprensa em
Brasília desmentindo a saída do ministro
O anúncio do Auxílio Brasil causou baixas no
Ministério da Economia. Dois diretores da pasta pediram demissão do cargo.
Havia a desconfiança de que o ministro Paulo Guedes também pudesse deixar o
governo o que causou impactos negativos no mercado financeiro com alta do
dólar, baixa da Bolsa de Valores, apontando tendência de aumento ainda maior da
inflação.
Copom
A semana é de muita expectativa no mercado
financeiro. O Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central, que
define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia – a Selic, terá
reunião na quarta-feira (27).
Vinha tudo sob controle, até o tsunami fiscal da
semana passada, quando o ministro Paulo Guedes decidiu demolir o teto de gastos
do país para pagar o Bolsa Família turbinado, agora com o nome de Auxílio
Brasil.
lmprimir dinheiro para dar às famílias gera
inflação pelo excesso de reais circulando e pela insegurança dos investidores
de que o governo conseguirá pagar suas dívidas. Nisso, eles levam seus dólares
para fora do país e reduzem o valor da nossa moeda ainda mais. É uma espiral
negativa para a economia.
Agora, o mercado espera que a Selic subirá no
mínimo 1,25 ponto percentual, a 7,5%. O país não tinha uma taxa de juros tão
alta desde 2017.
Juros mais altos também reduzem a capacidade de
empresas gerarem lucros, já que o custo de financiar investimentos sobe. Não
só. O potencial de retorno a investidores começa a deixar de fazer sentido
frente o risco que eles precisam correr na bolsa — daí a migração para a renda
fixa, num movimento de autodefesa dos investidores.
Existe um alívio para o mercado local: a temporada
de divulgação de resultados das empresas começa a ganhar tração com bons
resultados de empresas como a EcoRodovias, EDP Brasil, Neoenergia e TIM. Ao
longo da semana, chegam os primeiros resultados de bancos.
Enquanto isso, lá fora investidores começaram a
semana de bom humor, contrariando um tanto o noticiário. Há um novo surto de
Covid em algumas regiões da China, Moscou adota lockdown para
conter recordes de mortes e o petróleo, apesar de tudo, continua disparando.
Será uma semana tensa no mercado financeiro e os
acontecimentos no Congresso Nacional serão decisivos para buscar acalmar as
turbulências da semana passada.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé
Dudu em Brasília.