Em 2011, 98,63% dos eleitores de Santarém votaram pela criação do Estado de Tapajós (Divulgação / Prefeitura de Santarém) (Foto: )
Está na pauta desta quarta-feira (17), da Comissão
de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, o Projeto de Decreto
Legislativo nº 508/2019, que convoca plebiscito sobre a criação do Estado de
Tapajós. A matéria foi subscrita por 27 senadores, tendo como primeiro
signatário Siqueira Campos (DEM/TO), e recebeu parecer favorável do relator,
Plínio Valério (PSDB/AM). O assunto volta a ser apreciado pelos parlamentares
dez anos depois da realização do plebiscito sobre a divisão do estado do Pará
em três: Pará, Carajás e Tapajós.
A população do Pará foi às urnas no dia 11 de
dezembro de 2011 e, naquela ocasião, 66,08% dos eleitores votaram contra a
divisão do Pará para a criação do Estado de Tapajós, e 66,60% foram contra a
criação do Estado de Carajás. Porém, ao se considerar apenas Santarém, por
exemplo, que seria a capital do novo estado, quase a totalidade, 98,63% dos
eleitores, era a favor da criação do Tapajós.
“… O movimento de emancipação do Tapajós existe há
pelo menos 170 anos. Apesar da derrota, o plebiscito de 2011 foi marco para o
movimento separatista, que saiu fortalecido e passou a angariar assinaturas
para a apresentação de um projeto de lei de iniciativa popular visando à
criação do Estado do Tapajós”, diz o relatório assinado por Plínio Valério.
Ele ressalta ainda que, na época, a proposta era de
que o estado de Tapajós tivesse 28 municípios, e não 23, como o do projeto
atual. “Os eleitores da população diretamente interessada puderam regularizar
sua situação junto à Justiça Eleitoral em até dois meses antes do plebiscito,
conforme cronograma elaborado pelo TSE. A proposição em exame propõe prazo
maior, de cento e cinquenta dias antes da realização da consulta”.
Ainda conforme o relatório, Tapajós teria 43,15% do
atual território do Estado do Pará, em sua porção oeste, totalizando 538,049
mil km², com 23 municípios e cerca de 2 milhões de habitantes. O Produto
Interno Bruto (PIB) estimado da região é de aproximadamente R$ 18 bilhões,
segundo dados de 2018. O estado teria 8 deputados federais e 24 estaduais. O
novo estado seria criado a partir do desmembramento do território compreendido
pelos municípios de Alenquer, Almeirim, Aveiro, Belterra, Brasil Novo, Curuá,
Faro, Itaituba, Jacareacanga, Juruti, Medicilândia, Mojuí dos Campos, Monte
Alegre, Novo Progresso, Óbidos, Oriximiná, Placas, Prainha, Rurópolis,
Santarém, Terra Santa, Trairão e Uruará.
Pelo projeto em tramitação no Senado, o plebiscito
ocorrerá simultaneamente às eleições gerais ou municipais. Serão convocados os
eleitores em situação de regularidade junto à justiça eleitoral no Estado do
Pará, no prazo de 150 dias antes da realização do plebiscito.
“Em 2011, a população dos municípios que comporiam
o Estado de Tapajós manifestou de modo unívoco seu desejo de emancipação do
Pará. Passados dez anos e mantida a vontade de se separar, é tempo de mais uma
vez consultá-los”, avalia o relator.
Passando pela Comissão, o projeto ainda precisa ser
apreciado pelo plenário. Caso aprovado no Senado Federal, o projeto ainda
seguirá para análise da Câmara dos Deputados.
O deputado federal Celso Sabino (PSL), que era
presidente da Frente contra a criação do Tapajós em 2011, avalia
que o plebiscito que ocorreu naquele foi ‘muito desarrazoado’, pois não houve
oportunidade de um amplo debate. “As pessoas foram pegas de surpresas, com a
possibilidade de ver o estado do Pará dividido em três partes”, ressalta.
“Aquela proposta não foi claramente esmiuçada e tão pouco justificada aos
paraenses a motivação dos limites postos e onde postos. Ou seja, por que a
linha divisória ficava de um lado das minas, ou das hidroelétricas, e não de
outro?”, questionou. O parlamentar defende uma discussão mais ampla sobre o assunto.
“Na câmara, este projeto, caso chegue, deverá passar desta vez por um análise
mais atenta, para que todos tenham conhecimento claro das razões, motivos,
limites e viabilidades”, concluiu.
(Com informações O Liberal)