O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira (Foto: )
Brasília – Como antecipou
a Coluna Direto de Brasília (leia aqui)
na edição nº 189, de sexta-feira, (28/01), o PT continua o mesmo e não aprendeu
absolutamente nada durante o período de prisão e turbulência de seu único
líder, Luis Inácio Lula da Silva. A postura de “dono da oposição” dos petistas
continua a mesma e está ainda mais exacerbada e radical, a ponto de irritar o
presidente do PSB, Carlos Siqueira, que negocia a possibilidade da formação de
uma federação partidária para as eleições majoritárias deste ano.
O PT está reticente e não fez o gesto esperado por
Siqueira no encontro da direção das duas legendas, mais o PC do B, também
presente no encontro na quinta-feira (27), onde era esperado que os seguidores
de Lula abrissem já mão da candidatura em Pernambuco apoiando o candidato do
PSB. Outro empecilho é o acerto em São Paulo, onde o PT também dificilmente
abrirá mão de candidatura com imposição da cabeça de chapa e até chapa pura,
deixando de fora as pretensões do PSB no maior colégio eleitoral do país.
O dirigente do PSB comentou com seus aliados a
postura petista, o que leva integrantes da sigla a colocarem, desde já, em
xeque, a possibilidade de haver uma união formal entre PT e PSB para os próximos
quatro anos através da formação de uma federação partidária, aprovada em lei no
Congresso e regulamentada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Apesar de as conversas estarem em curso, pessoas
próximas de Siqueira e integrantes do PSB não duvidam que possa haver um
“cavalo de pau” na discussão e que ele desista de levar adiante as tratativas
pela federação se o PT não fizer as concessões que ele deseja.
Para não encerrar as conversas o PT utiliza o
manjado e velho método mostra-esconde. Mostra a cúpula petista, que será
possível destravar a negociação com o PSB, e esconde que só se for do jeito que
o PT quer.
No encontro de quinta-feira (27), o presidente do
PSB reuniu-se com dirigentes e parlamentares do PT e do PC do B para tentar
destravar impasses que brecam a junção das siglas. A presidente do PT, Gleisi
Hoffmann (PR), e a do PC do B, Luciana Santos (PE), estavam na reunião.
Siqueira afirmou que a ocasião era uma oportunidade
para o PT fazer gestos ao PSB com o intuito de destravar a montagem da federação
e que um deles seria retirar a candidatura do senador Humberto Costa (PT-PE) ao
governo do estado, o que os petistas não fizeram.
O dirigente reclamou, então, em tom duro, que o PSB
já declarou apoio ao partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em
alguns lugares e, até agora, só recebeu sinal de respaldo no Rio de Janeiro,
com a candidatura do deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ).
O presidente do PSB avalia como natural o apoio a
Freixo porque o considera muito próximo do PT. O PSB reivindica o apoio dos
petistas em cinco estados: São Paulo, Pernambuco, Acre, Espírito Santo e Rio de
Janeiro (já resolvido).
Em Pernambuco, o impasse se dá porque, como o PSB
ainda não apresentou um nome para disputar o governo, o PT lançou o senador
Humberto Costa (PT-PE) como opção para governar o estado para pressionar os
pessebistas.
O candidato natural do PSB seria o ex-prefeito
Geraldo Júlio (PSB-PE), que resiste, no entanto, a entrar na corrida.
No mesmo dia da reunião com os presidentes dos três
partidos, o governador Paulo Câmara (PSB-PE) disse que a legenda apresentará o
nome para disputar a sua sucessão até a próxima terça-feira, 1º de fevereiro.
Diante disso, o presidente do PSB esperava que o PT
anunciasse a retirada do nome, o que não ocorreu. Pelo contrário. Na
sexta-feira (28), em novo gesto de pressão, o PT divulgou uma pesquisa
encomendada pelo partido que mostra Costa à frente do deputado federal Danilo
Cabral (PSB-PE), provável candidato do PSB.
A ideia é mostrar como a candidatura de Costa é competitiva.
Em última instância, porém, segundo integrantes da cúpula petista, a tendência
é abrir mão da candidatura do senador na semana que vem.
Mas, munidos do resultado da pesquisa, o objetivo é
mostrar ao PSB que, ao ceder em Pernambuco, o PT faz um grande esforço já que
abre mão de um nome forte para concorrer ao governo do estado e, assim, ganhar
fôlego para negociar em outros locais.
Deputado federal Cássio Andrade, presidente
regional do PSB no Pará
Deputado federal Beto Faro, presidente regional do
PT no Pará
Pará
No Pará as conversas são acompanhadas com interesse
pelos deputados federais Beto Faro e Cássio Andrade, presidentes regionais do
PT e do PSB respectivamente no Estado.
Faro ganhou nesse mês as prévias do PT para a
indicação à vaga da legenda para concorrer ao Senado, e se a federação for
concretizada Andrade terá que apoiar. Nas regras de uma federação apenas um
nome concorre aos cargos majoritários: Presidente, Senador e Governador, e os
partidos aliados indicam os candidatos a deputado estadual, distrital e
federal.
As cúpulas partidárias pretendem se reunir na
semana que vem para debater a situação de São Paulo especificamente.
Na quinta, o PT ingressou com uma petição no STF
(Supremo Tribunal Federal) para que a corte autorize os partidos a registrarem
as federações até 2 de agosto e, se não for possível, até 31 de maio. Hoje o
prazo para que isso seja feito é 1º de março.
A demanda foi endereçada ao ministro Luís Roberto
Barroso, relator de uma ação na qual o PTB pede que ele derrube a lei que criou
as federações sob o argumento de ter sido feita para driblar a cláusula de
barreira.
Além da ação do PT no STF, o partido entrou, com
PSB e PV com um pedido para que o TSE reveja o prazo estipulado de até agosto
para o registro de federações.
A formação das federações aumenta as chances de os
partidos elegerem um maior número de deputados. Com o fim das coligações, a
federação tornou-se importante para os partidos principalmente por facilitar a
eleição de cadeiras na Câmara dos Deputados e as siglas nanicas contornarem os
rigores da cláusula de barreira — uma faca afiada a lhes lamber o pescoço.
A eleição proporcional distribui as vagas no
Legislativo de acordo com a votação de todos os partidos que formam a chapa.
Quanto maior for a aliança, maior a chance de eleger deputados porque o volume
da chapa impacta no cálculo do quociente eleitoral, método pelo qual se
distribuem as cadeiras nas eleições pelo sistema proporcional de votos em
conjunto com o quociente partidário e a distribuição das sobras, definindo quem
se elegeu e por qual partido.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé
Dudu em Brasília.