A semana começa com movimentada pauta política em Brasília (Foto: )
Brasília – A semana
inicia com muita movimentação política em Brasília. No Senado, será definido o
impasse que emperrou a votação de um texto que englobe dois projetos que miram
a redução do preço dos combustíveis. Também é esperado a apresentação do relatório
da emenda constitucional (PEC) da reforma tributária. Na terça-feira (22), será
a posse do ministro Edson Fachin na presidência do Tribunal Superior Eleitoral,
que comandará o órgão máximo eleitoral até agosto, quando Alexandre de Moraes o
substituirá no comando do tribunal.
Outro assunto que domina a articulação política no
Congresso é a demora do presidente Jair Bolsonaro (PL) em nomear o novo líder
no Senado. A fatura chegou e o preço é alto. Pelo menos 11 reveses foram
impostos ao governo por parte de parlamentares que não fazem parte da base de
apoio ao governo.
Nessa semana completou dois meses sem um líder na
Casa. O cargo de líder do governo está vago desde 15 de dezembro do ano
passado, quando Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) deixou o posto após ter sido
abandonado pelo Palácio do Planalto em sua tentativa de se tornar ministro do
TCU (Tribunal de Contas da União).
O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE), senador Otto Alencar (PSD-BA) vivenciou nos últimos meses a
desorganização do governo.
Está na pauta do colegiado a sabatina de dois
diretores indicados para o Banco Central — Renato Dias de Brito Gomes e Diogo
Abry Guillen. No entanto, as reuniões da comissão vêm sendo adiadas, desde o
ano passado, por falta de quórum para a aprovação.
“O governo não tem voto para aprovar, não tem gente
para colocar lá para votar e agora com o recrudescimento da pandemia ficou até
pior, porque a votação precisa ser presencial”, disse o senador, que foi
obrigado a cancelar a sessão da última terça-feira (15) por falta de quórum.
O plenário do Senado também aprovou nas últimas
duas semanas, sem nenhuma resistência, medidas que eram combatidas pelo
ministro da Economia Paulo Guedes.
O Senado aprovou na semana passada um projeto que
obriga o governo federal a arcar com os custos da gratuidade para idosos no
transporte público, como uma forma de segurar o reajuste das tarifas de ônibus.
A medida terá impacto de R$ 5 bilhões por ano.
Combustíveis
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) é o relator que
une numa única proposta dois projetos para a redução de preços dos
combustíveis. O petista declarou no domingo (20), que o presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), “gostou” e “se animou” com as medidas apresentadas por ele
nos projetos de lei que tratam de combustíveis. O petista reafirmou que o
objetivo é votar as matérias no Senado entre terça e quarta-feira e previu uma
“aterrissagem suave” dos PLs na Câmara.
“Fechamos algumas soluções de consenso e fomos
conversar com o presidente da Câmara imediatamente”, disse Prates, em
referência à reunião entre Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), e ele na quarta-feira (16). “Ele, ao receber essas soluções, gostou,
se animou mais, tanto que deu entrevista dizendo que agora a prioridade seriam
os PLs e não mais a PEC, necessariamente.”
De acordo com o relator, a ideia é que a Câmara se
debruce sobre os projetos depois do carnaval. Na sexta-feira (18), Prates
apresentou um novo parecer do projeto de lei que cria uma conta de
estabilização para o preço dos combustíveis no País.
Apesar da reação de líderes partidários, ele
manteve a criação de um imposto sobre exportação de petróleo bruto no texto. O
projeto propõe o tributo como uma das fontes de arrecadação da conta. O
programa cria uma espécie de “colchão” para amenizar as altas nos preços da
gasolina, do diesel e do gás de cozinha.
Ainda não se sabe qual o impacto dessas medidas
sobre os preços das ações da Petrobras na Bolsa de Valores (B3). Às 12h00, a
reportagem consultou o pregão e as ações da estatal estavam em alta de 1,76%, a
R$ 36,50 cada ação Ordinário ao Portador (ON).
Reforma Tributária
A expectativa no Senado é que o senador Roberto
Rocha (PSDB-MA) apresente em seu parecer da PEC (proposta de emenda à
Constituição) 110, da reforma tributária, um sistema eletrônico de cobrança de
impostos sobre consumo. No final da semana passada encerrou o prazo regimental
para a apresentação de emendas ao projeto.
A ideia do relator é permitir que as próprias
instituições bancárias separem a cobrança do valor do tributo, sempre que
houver transação financeira ou quitação de boleto atrelada a uma nota fiscal de
bens ou serviços.
Os bancos repassariam os valores referentes a
impostos à administração pública. Segundo o senador, não se trata de um tributo
sobre transações, nos moldes da antiga CPMF (Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira), porque a cobrança está vinculada à emissão de nota
fiscal.
Hoje, são os próprios comerciantes e prestadores de
serviços que precisam declarar os valores das notas fiscais e realizar o
pagamento dos impostos, o que abriria margem à sonegação, segundo o senador.
Com a vinculação entre as informações das notas e das transações bancárias, a
intenção é reduzir a brecha de uma provável sonegação.
O parecer da reforma tributária voltou ao centro
das discussões após o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do
Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), incluir a PEC na pauta da próxima sessão da
comissão, na quarta (23).
Alcolumbre diz acreditar que a sessão vai ser
destinada inicialmente apenas para a leitura do relatório, pois considera que
haverá pedidos de vista para aprofundar as discussões. A votação, portanto,
deve ficar para as primeiras semanas após o Carnaval.
Ao deixar uma reunião com o presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na quinta (18), e com um grupo de varejistas, Rocha
disse que há compromisso para que a PEC seja votada no plenário pelos senadores
no mesmo dia em que for aprovada na CCJ.
A votação da reforma tributária ampla é uma aposta
de Pacheco para a agenda legislativa de 2022, após essa pauta ter gerado
embates com o governo e também com a Câmara dos Deputados, que tinha
preferência por outra PEC, de autoria do presidente do MDB, deputado Baleia
Rossi (SP).
O presidente do Senado é pré-candidato ao Palácio
do Planalto, mas é dado como certa a retirada de sua candidatura. O anúncio
pode ser feito nessa semana.
Apesar de todas as tratativas, o próprio relator
admite dificuldades em avançar na matéria. “Se tivermos muita sorte, a gente
vota no Congresso neste ano e promulga a PEC. Por que estou falando em sorte?
Por que daqui a pouco a gente entra em pré-campanha, se já não entrou. No
Senado a gente vai votar, até porque semana que vem a gente começa. O que a
Câmara vai fazer, aí eu não sei”, disse Rocha.
TSE
O ministro Edson Fachin assume na terça-feira (22),
a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em comunicado distribuído à
imprensa, ele afirma que terá uma postura colaborativa e de diálogo com o Pode
Executivo, mas que adotará medidas caso a Justiça Eleitoral seja atacada, num
jogo de palavras de “morde e assopra”.
Ministro Edson Fachin, assume na próxima
terça-feira (22), presidência do Tribunal Superior Eleitoral
“Como presidente do Tribunal Superior Eleitoral,
nós não vamos tolerar os intolerantes. Mas, por agora, eu tenho uma mão
estendida e eu espero reciprocidade”.
Em reunião de transição na terça (15), o ministro
afirmou que havia riscos de ataques aos sistemas do TSE oriundos da Rússia —
onde estava o presidente da República, em viagem. Entretanto, o ministro não
apresentou nenhuma prova de sua afirmação, criando um enorme mal estar na corte
eleitoral.
Fachin assume no próximo dia 22, em substituição a
Luís Roberto Barroso, ambos integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal).
A reação foi imediata. Em sua live na quinta-feira
(17), Bolsonaro disse que a fala de Fachin era lamentável e “fake news”. O
ministro afirma que entende as falas do presidente como narrativa política e
diz que mencionou a Rússia porque é um exemplo real.
O ministro, que é relator da Lava Jato no STF,
afirma ainda que a operação não acabou, já que ainda existem inquéritos em
andamento, e é resultado de um ganho institucional do Brasil. Segundo ele,
excessos e irregularidades estão sendo corrigidos.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé
Dudu em Brasília.
ZE DUDU