Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Política
Publicada em 10/05/22 às 07:02h - 1187 visualizações
Um pouco da história dos 34 anos de nossa Ourilândia do Norte.
O Jornalista Mauri Vandir, entrevistou alguns pioneiros, para contar pouco de nossa história na semana de aniversário dos 34 anos de Emancipação Política e Administrativa.

Jornal O Niquel


A Pioneira professora Pedrina conta um pouco dessa história



A Prfª Pedrina é casada com seu Walmir, mãe do popular César Goleiro e  Valdicléia, chegaram aqui em 07 de fevereiro de 1982, de Colinas, Tocantins em uma Veraneio que fazia o transporte de pessoas de Xinguara para Gurita, ainda eram jovens e tinham muitos sonhos, as crianças tinham apenas 07 e 08 anos. Trouxeram duas malas, uma com as roupas pessoais e na outra confecções para vender. Perguntaram para um senhor se tinha um hotel ou pousada na cidade, ele falou que não e se quisessem ir na boate dele poderia dormir umas 03 noites, que as mulheres de lá tinham ido para Marabá participar de um Carnaval. Na época o forte era o garimpo e rolava muito dinheiro, cabarés e o pessoal que trabalhava na Andrade Gutierrez, seu Walmir saiu vender roupas, em três dias já tinham o dinheiro para comprar um barraco de umbu, palha, só um cômodo. Dormiam com o colchão no chão com medo dos constantes tiroteios e mulheres gritando na solta. Não foi fácil, mas tudo isso foi construindo nossa história é uma das primeiras professoras de Ourilândia. Na época só tinha escola em Tucumã e se passava por duas Guritas e as crianças daqui iam estudar lá, o transporte era um ônibus que também carregava garimpeiros só Deus guardava. Durante uns 06 meses começou a dar aula particular de reforço, na época o GETAT hoje INCRA, veio para colonizar essa fazenda que era do saudoso Pedro Ernesto, duas salas de aula foram construídas pelo GETAT ali onde hoje é a Sec. Meio Ambiente entregues ao senhor Geovani que era contador vindo do Maranhão. O senhor Geovani vendo os esforço da professora Pedrina a convidou para dar aula, convidou também a professora Eliene, a Prfª Martinha e também a Prfª Deuzila que assumiu como Diretora (a primeira de Ourilândia) paga pelo Prefeito Filomeno de São Félix do Xingu. Depois foram aumentando as salas e chegando mais professoras Nerina de Conceição, saudosa Eliene de Xinguara, Marise, Maria Batista, Luizinha, Luiza Teixera, Marinês, Antônia Borges, mãe do vereador Deuseval, Raimundinha, hoje todas aposentadas. Me alegro em ter tido o prazer de ser um tijolinho da educação de muitas pessoas, hoje muitos profissionais, alguns foram embora e outros continuam aqui.  Lembro bem do meu aluno hoje Secretário de Educação professor Cícero Silva, a Márcia Cabral, aquela época era muito difícil, não tinha material, e hoje eles tem um conhecimento bem elevado, mas sempre fazíamos com muito amor, esforço e dedicação e sou grata a Deus por isso. Lembro do Hospital que era ali onde é a casa da Drª Márcia, o Dr. Veloso foi meu Médico de Malária em 1984. Lembro da política, Caçula, Geovani e Manoel de Melo que ganhou as eleições, foram as mulheres que tiraram ele, as mulheres do Clube de Mães. Dona Lurdes e Eliane foram as que criaram o Clube de Mães, fiz parte da diretoria, a Maurina do Chico do Azougue a Zilda do Toinho, a Clemilda, a Gracita. Tinha um problema lá na prefeitura os homens estavam indo lá e o problema não se resolvia, o Prefeito Manoel de Melo era muito arrogante, lembro que a Eliane falou assim, hoje é nós que vamos lá, se concentraram ali onde hoje é a Morenta, o Dr. Arimatéia tinha um supermercado, o prefeito colocou a polícia para tentar impedir, não conseguiram, um policial bateu com a ponta do fuzil e machucou a perna da Eliane Buratto, o prefeito acabou fugindo e nunca mais apareceu. Fico muito feliz por ter participado do Clube de Mães e desejo a dona Lurdes, essa mulher de muita fibra e garra que ajuda muito as pessoas todo sucesso do mundo. Tenho acompanhado o crescimento e desenvolvimento de nossa cidade nesses 32 anos que o aniversário foi agora no dia 10 de maio . Dois nomes foram escolhidos para se fazer a votação : Ourilândia e Ouricilândia, uma comissão o Paulista, Manoel Romão, Goela, o Flecha Medeiro, o Ribinha, no barracão de palha no setor Aeroporto, ali o Padre de São Félix vinha dirigir missa, ali foi feita a reunião, a mulher do Ribinha defendia o nome de Ouricilândia (fruto castanheira) e ele defendia Ourilândia (ouro), nome que venceu, ela ficou muito chateada brigou com ele e ele deu um tapa nela, ela se injuriou e sumiu e depois de três dias, acharam ela enforcada no setor aeroporto em uma roça. Nossos filhos cresceram temos netos, bisnetos, não pretendemos sair daqui, gostamos daqui, amo essa cidade. Me arrepio quando ouço o hino de Ourilândia, pretendo que minha descendência possa também ajudar no crescimento e   participar da política, nunca coloquei meu nome à disposição, mas gostaria deixar esse legado. Quando me aposentei a quase 10 anos, continuei ativa não em sala de aula, mas de trabalhos comunitários, Conselho de Saúde, Assistência Social, Conselho Tutelar, trabalhei na Câmara Municipal e na Sec. da Agricultura.  Quero finalizar em nome do meu esposo Walmir, mandar um abraço a todos pioneiros, agradecer você Mauri pela oportunidade e desejar muito sucesso ao nosso município.




Ex prefeitos Dr Veloso 04 mandatos, Pesconi,Francival e saudoso Jerônimo Cabral

Maguila ex prefeito

Dr Júlio Dairel atual prefeito


Jerônimo Cabra e Manoel de Melo primeiro prefeito





Manoel Romão um pioneiro que chegou em 1981.



O senhor Manoel Romão da Silva é casado com dona Iracema França Barbosa, com quem teve 03 filhos Jaqueline, Cíntia e Hugo. Chegou aqui na Gurita em 05 de novembro de 1981, havia 06 barracos, de Pau a Pique cobertos de lona, fiz um para mim ficar e garimpar e moro no mesmo lugar até hoje. Havia dois tocos de pau, de madeira e uma corrente para impedir a passagem do povo pobre, garimpeiros e mulheres da vida livre para o Projeto Tucumã que tinha sido executado pela Andrade Gutierrez. Em março de 1982, depois de uma reunião na casa do seu Manoel e dona Alzira foi decidido que teríamos de dar um jeito na situação, pois estavam chegando pessoas de todos os lugares para garimpar. Eu e José Ribamar fomos escolhidos para organizar a situação e criamos uma equipe de trabalho eu Manoel Romão, José Ribamar Feitosa, José Antônio de Sousa, Benedito José da Silva, Manoel Piaui, João de Sousa e Pedro Ribeiro da Silva, partimos para Conceição do Araguaia, nos informar com o GETAT, ele nos autorizou fazer o loteamento, em seguida fomos a Brasília com o senador Aluizio Chaves, e informamos as nossas necessidades. O GETAT chegou em Ourilândia em maio de 1983, fez todo um projeto de abertura de ruas e os colégio Madre Carolina , Madre Tereza e Três Poderes em 1985 o GETAT entregou o Projeto pronto e foi embora. Em 1986 foi escolhido o Sub Prefeito o Senhor Francisco Perreira que era conhecido como Paulista onde originou o nome do setor que é onde ele morava. Em 10 de Maio de 1988 houve a emancipação e o desmembramento de São Félix do Xingu, em Outubro a primeira eleição, sendo eleito Manoel de Melo que não concluiu o seu mandato, as mulheres se revoltaram com a sua administração e fizeram um paneilaço em frente a Prefeitura ele foi embora e nunca mais voltou, e o Vice Gerônimo Cabral assumiu. Quero parabenizar Ourilândia do Norte que no dia 10 de Maio completou 32 anos de emancipação política. Foram muitas as lutas, mas valeu a pena, Ourilândia é um ótimo lugar para se viver, aqui criei e eduquei os meus filhos com muita dignidade. A história é muito longa e bonita. Me despeço dos ouvintes agradeço pela oportunidade de poder contar um pouco da história da nossa cidade e pedindo a Deus que derrame suas bênçãos em cada lar Ourilandense, a você Mauri, um forte abraço de Manoel Romão da Silva.

 









Um pouco da história por Dona Delfina e Izaias Martins Cunha





Na série de entrevistas feitas pelo jornalista Mauri Vandir na Líder FM 98.7 para reviver e relembrar as histórias dos 34 anos de Ourilândia do Norte o casal Izaias (73 anos) e Delfina (71 anos) relataram vários fatos interessantes e marcantes. Goianos, de Araguaína, chegaram aqui no ano de 1983. Vieram em um caminhão com a sua mudança, aqui não tinha hotéis ou pousadas, e a primeira noite foi que dormiram em um cômodo de Cabaré uma dona que os acolheu. A primeira noite foi sem banho mesmo, só tinha um córrego com água muito suja ali lavavam a louça e todos usavam. Logo conseguiram adquirir aquela área que residem até hoje, ali começaram, prepararam a terra e cultivaram milho, arroz e feijão a propriedade passou a ser modelo e referência deixando todos encantados. As poucas construções que tinha aqui eram todas de madeira, palafitas, o que mais tinha eram bares e cabarés. Energia na época era com motor estacionário, só em 2000 que chegou a rede elétrica. Trouxeram algumas máquinas e instalaram a Cerâmica Goiana que cresceu e hoje é uma referência no sul do Pará. Seu Izaias perfurou um poço, uma cisterna, naquela ocasião quase morreu devido o gás. A cisterna deu água muito boa, limpa e cristalina, muitas pessoas quando vinham do garimpo iam lá pedir água, era muito boa, queriam pagar, e o casal se recusavam a receber pois é uma dádiva de Deus. Em 1985, foi um dos anos de muitas chuvas, difícil para chegar mercadoria, caminhões atolados, puxados por guincho era a rotina. Em um certo momento só chegava de avião afirmou Izaias. O primeiro Jornal impresso foi fundado pelo saudoso  José Cândido, que relatava todos os fatos, o saudoso Décio Cunha filho do seu Izaias e Delfina, era o auxiliar e um ferrenho defensor e lutador pelas causas de Ourilândia. Rambo do Roque era um dos comunicadores através da rádio cipó. A dificuldade era grande na época um dos episódios inusitados, foi no período chuvoso, na região da Vicinal 11 Irmãos um cavalo atolou na lama, não conseguiram tirar e ele morreu ali mesmo. Outro fato, um Sargento apaixonado por uma menina nova de Cabaré, deu três tiros na mesma ela não morreu e ele tirou a sua própria vida com um tiro na cabeça. Um fato engraçado, seu Izaias logo começou a criar porcos, em uma noite fria um ronco esquisito, acordaram, dona Delfina falou seu Izaias tem uma pessoa agonizando, morrendo, o que era comum na época assassinatos, pessoas que se envolviam em confusões, as vezes famílias mais humildes inteiras eram assassinadas e tomavam as terras já demarcadas, aí foram verificar era o porco com frio. Tinha uma corrente próximo ao Posto Fiscal,  Guaritas com seguranças, só deixavam passar famílias que tinham condições financeiras para comprar. A empresa Andrade Gutierrez possuía a concessão para colonização das terras na região, foram criadas as agrovilas, logo após ocorreram várias invasões. Dona Delfina relata que não tinha escolas, tinha duas salas construídas pelo Getat, sem banheiros, a primeira professora Deuzila sem formação, ali funcionou o Colégio Madre Carolina, onde hoje é a Secretaria do Meio Ambiente. Delfina tinha formação e havia atuado em Araguaína, começou a lecionar Português aqui e em Tucumã, quando chegava em Tucumã no Colégio Samuel Nava, levava os meninos, os garotos de lá cochichavam lá vem os filhos de rapariga da Gurita, muito constrangedor, Décio era Valente, defendia com unhas e dentes Ourilândia. Irmã Terezinha atuava no Colégio Madre Tereza, dona Delfina começou a ajudar na formação dos professores, as dificuldades eram imensas, carência de quase tudo, os pais ajudavam em festas para juntar as coisas, ajudavam com uma taxa financeira mensal para contribuir na merenda e material. Dificuldades, alguns vinha na escola com  registros de nascimento alterados, garimpeiros queriam pegar diploma para seus filhos de forma forçada, pais, alunos, drogados, alcoolizados, armados eram enfrentados com rigidez e disciplina pela professora Delfina. Em suas aulas prezava por Educação Moral e Cívica, desfiles de 07 de Setembro lindos e bem organizados. O primeiro hospital foi ali onde é a prefeitura e o primeiro Médico foi o Dr. Ari. O casal participou ativamente do processo de emancipação Política em 10 de Maio de 1988, que até então pertencia a São Félix do Xingu, Paulista era o sub prefeito, juntamente com várias pessoas, entre eles, João Paulo, Toninho carroceiro,  Mozar da Mata, João Marissol, Boca Rica, Goela, Manoel Romão, Salomão, Caçula, Ronaldo Alencar, Dr. Veloso, Marechal, Cirilo, Moreno, Casquinha, Otaviano, Pedro Goiás e outros. Manoel de Melo foi eleito Prefeito juntamente com o Sr. Gerônimo Cabral (saudoso), logo foi construído o Colégio Três Poderes, em janeiro e fevereiro, em março início das aulas e o prefeito Manoel de Melo não providenciava a contratação de professores e nem comprou as carteiras, os pais começaram a ficar impacientes, cobravam e nada. As mulheres começaram a se organizar, Dona Delfina comandava a confecção dos cartazes e faixas, um grupo acompanhado por alguns alunos, foram em direção a prefeitura, a polícia tentou impedir o movimento e não conseguiu. O Prefeito Manoel de Melo viu a coisa ficar feia para o seu lado, em fuga, saiu pelos fundos da prefeitura, perdeu os chinelos, entrou no porta malas de um chevete, foi ao aeroporto em  Tucumã, foi para Xinguara e lá no Banco do Brasil sacou o pouco dinheiro que a prefeitura tinha e nunca mais voltou, parece que está no estado de Goiás. O Vice , saudoso Gerônimo Cabral assumiu o cargo, exerceu um excelente mandato, diante das dificuldades da época, construiu muitas escolas, estradas, pontes etc. Na época tinha um alto falante na Igreja Assembléia de Deus, de manhã eram passados informações e avisos, os vereadores fizeram um projeto para tirar esse alto falante, trouxeram um dia vários documentos para ele assinar em sua mesa, na sua ingenuidade não leu e assinou, surgiu um descontentamento, membros foram reclamar com ele porque fez isso, ele falou eu não assinei, não li, não sabia, tentou reverter e os vereadores não abriram mão. Seu Izaias relembra que quando chegaram ao lado já estavam seu Paulo Gasparetto e sua esposa Marlene, também o Marechal chegaram em 1982. O Marechal foi um dos fundadores e o primeiro Presidente da Coopertuc, seu Izaias doou os tijolos para construção. Aqui fica o registro de alguns relatos contados por esse casal que continua e já contribuiu muito com esse município. Dona Delfina finalizou, “cada um tem a sua intensidade” o que é meu será. Viva , faça, doe, sempre o seu melhor, o que se planta colhe. A lei do retorno.  Por Mauri Vandir.

 

Dona Gerci Maria conta um pouco da história da cidade



 

Em 1983 chegamos nesta localidade, era uma pequena vila, perdida no seio da mata. Primeiro era chamada de Gurita, depois passou para Ourilândia do Norte, por causa da presença do ouro e as riquezas de suas terras.

É hoje cobiçada e há empreendimentos de todos os portes financeiros, também é forte na agricultora, atraente por terras férteis e pessoas guerreiras, que buscam um futuro digno pra suas famílias.

Um dos mais impressionantes fluxo de imigração populacional que já presenciei.

Neste contexto, tronou se ponto de chegada para centenas de famílias vindas de todos os estados brasileiros.

Por aqui administrava a emigração a empresa Andrade Gutierrez, juntamente com a GETAT.

Marcada uma reunião, no escritório da sede do GETAT, que na época ficava localizado onde hoje é a Praça das Crianças. E do outro lado da rua ficava a Escola Madre Carolina Friess, a primeira escola pública da cidade, onde hoje fica a Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Nesta reunião foram relatados e dado conhecimento aos presentes dos atos de humilhação praticados pela equipe de segurança da empresa Andrade Gutierrez, houve uma grande rebelião.

Era 23 de maio de 1985, os posseiros se desentenderam com o segurança Alberto Luiz Serra. Os que estavam do lado de fora invadiram a reunião e o pequeno escritório sede da empresa GETAT. Restando ferido dois posseiros e o Alberto Luiz Serra foi linchado pela população. Seu corpo ficou estendido sem vida, na PA 279, hoje Avenida das Nações, pairando no ar um pesado cheiro de sangue e ódio.

A empresa Andrade GUTIERREZ trancava as terras, mas o povo se revoltou naquela situação e reunido libertou a região. Havia muita violência na localidade. Surgiram novas frentes de colonização, foram sendo abertas novas estradas na grande extensão deste município. Chegaram empresas, madeireiros e mineradores. E os espertos garimpeiros fascinados pelo brilho do ouro e pelos minérios e metais da região.

Havia muita malária e a saúde era extremamente precária. Entre os garimpeiros chamavam a doença de Marlene, Maleita e etc... Eles movimentavam financeiramente a região. Vários homens da noite para o dia, saíram da situação de não poder comprar um pão sequer, pra poder comprar, à vista, a padaria. Havia muitos prostíbulos e as famílias não tinham opção de laser. A Escola Madre Carolina Friess, no início funcionava como um anexo da Escola Estadual do Município de São Félix do Xingú, onde era o Prefeito o Senhor Filomeno. Logo veio a necessidade da luta pela emancipação política de Ourilândia do Norte. Começou uma luta incansável dos moradores, alguns bravos defensores desta cidade já não estão mais entre nós. Viagens e muitas reuniões, até conseguiram com que o Prefeito Filomeno de Souza Reis elevasse o povoado a condição de Distrito de São Félix do Xingú. Sendo nomeado como sub prefeito, o Senhor Francisco Pereira da Silva, vulgo “paulista”.

O nome de Ourilândia do Norte já tinha sido aprovado pelo Conselho Comunitário e pelas lideranças locais. E a luta continuava para ser um município. Unidos pelo espirito de comunidade, formamos um grupo de pessoas para cobrar do órgão GETAT (Grupo Executivo de Terras do Araguaia Tocantins) uma área para construirmos a igreja católica.

O GETAT reservou quatro quadras interessantes: uma quadra para a igreja, uma para o campo de futebol, uma para o cemitério e a feira para os comerciantes, distribuídas na mesma semana.

A área destinada para a igreja, naquela época, ficava localizada onde hoje passa o Rio Esperança, dentro da cidade, na Avenida das Nações. O grupo não aceitou porque era brejo e alagava. Com isso, foi trocada pela área onde hoje está instalada a igreja matriz.

Hoje ninguém fala mais sobre o episódio da corrente na PA 279, que foi retirada em 1982, sendo que ela dividia o povoado de Ourilândia do de Tucumã, havia muita rivalidade entre as duas comunidades.

Atraídos pelas terras e pelo ouro, chegava gente de todo lugar, mas o alvo era Tucumã, pobres não podiam passar, na seleção da triste corrente que impedia os mais pobres lá fixar.

Com isso, Ourilândia foi recebendo e acolhendo os rejeitados, gerando um clima de simplicidade e afetuosidade entre os desprezados, que se uniram e fortaleceram para lutar pelo local.

No dia 24 de abril de 1988 aconteceu o plebiscito, estava um clima alegre e festivo para todos.

Em 10 de maio de 1988, aconteceu a primeira eleição municipal, sendo eleito o Senhor Manoel de Melo, que disputou a prefeitura com Manoel Barra do Dia, Giovanne Martins e Raimundo Caçula.

Foram eleitos também nove vereadores: me lembro bem que Salomão Lopes foi o primeiro Presidente da Câmara de Vereadores de Ourilândia do Norte.

Não lembro do nome de todos os outros vereadores. Recordo de Jose Teodoro, vulgo Zezinho; Antônio Correia, Cirilo Gonçalves e João Paulo – este foi o primeiro secretário da câmara.

Em janeiro de 1989 assumiu o cargo de prefeito O Senhor Manoel de Melo, sendo o primeiro ano de mandato. Surgiram muitos problemas na administração local, sendo que o povo de organizou e afastaram Manoel de Melo, assumindo o vice, como prefeito, Jerônimo Cabral, em março de 1990, que fez um bom trabalho, junto com os vereadores, abrindo novas ruas e muitas novas conquistas.

As mulheres de Ourilândia sempre foram guerreiras e tínhamos o costume de lavar roupas em tábuas, fixadas dentro do Rio sebozinho, que hoje é denominado Esperança. As estradas cortavam e ficávamos muitos dias sem poder entrar ou sair de carro. Em certa situação, ficamos tão isolados, que um helicóptero do Exército Brasileiro sobrevoou à cidade e jogou mantimentos para a população.

Bom lembrar que houve participação ativa das Mulheres de Ourilândia, desde a escolha do nome da cidade, até outros momentos de manifestações sociais: emancipação política, reivindicação para a instalação da anergia elétrica, abertura de escola e etc...

Quando estavam abrindo a Avenida das Nações, as mulheres se uniram e forneceram lanches para os trabalhadores, como forma de incentivar os trabalhos.

Entre tantas bravas mulheres estavam: Maria das Neves, Ana Feitosa, Marisa Eufrásio, Lurdes Narciso, Marcia Casanova, Gerci Maria Pereira, Eliane Burato, Alderina Martins, entre outras...

       Ourilândia é para nós uma terra amada, onde escolhemos morar e crescer.

Aqui enfrentamos as tristezas juntos e celebramos as alegrias também!

Nosso povo é trabalhador e afetuoso.

Estamos construindo a história e acredito que grandes conquistas estão a caminho.

Quem não conhece de perto, mas já ouviu falar, dessa cidade menina que fica ao Sul do Pará, venha a cidade de Ourilândia para tudo isso confirmar.

 

Ourilândia é futuro,

Ourilândia é beleza,

Ourilândia é um símbolo, tirado da natureza!

 

 

Gerci Maria Pereira

Ourilândia do Norte / Pará, dia 04 de junho de 2020.

 

dia 10 de maio de 2020 - aniversário de emancipação do município;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A história da comunidade católica de Ourilândia do Norte PA:

 

Em janeiro de 1983 cheguei nesta localidade.

Era uma pequena vila, perdida no meio da mata, um vilarejo chamado gurita, sendo depois denominada Ourilândia do Norte, por causa da riqueza do ouro presente em suas terras.

Localizada na PA 279, desconhecida do mundo e esquecida pelas autoridades, com grande exploração das riquezas da região: terras, minério e madeira.

Com grande fluxo de emigração motivados pelas riquezas naturais, as pessoas começaram a ver no local, além de possibilidades de mudar a situação financeira, passaram a construir laços emocionais, gerando união neste lugar, onde decidimos fixar raízes.

Aqui começou a existir um povo corajoso e de fé., que se preocupou em formar uma comunidade. Sendo que nascemos de uma mistura miscigenada de todos os estados brasileiros.

Em março de 1983, um grupinho de famílias católicas começou a se organizar, pra se reunir nos domingos e celebrar a Palavra de Deus.

A violência no povoado era temerosa até de lembrar.

As famílias se reuniam nas casas para celebrar, mas o grupo foi crescendo, surgindo a necessidade de termos um lugar.

Unidos pelo espirito de comunidade, formamos um grupo de pessoas para cobrar do órgão GETAT (Grupo Executivo de Terras do Araguaia Tocantins) uma área para construirmos a igreja católica.

O GETAT reservou quatro quadras interessantes: uma quadra para a igreja, uma para o campo de futebol, uma para o cemitério e a feira para os comerciantes, distribuídas na mesma semana.

A área destinada para a igreja, naquela época, ficava localizada onde hoje passa o Rio Esperança, dentro da cidade, na Avenida das Nações. O grupo não aceitou porque era brejo e alagava. Com isso, foi trocada pela área onde hoje está instalada a igreja matriz.

O Padre Mário foi o primeiro a nos direcionar, encorajando o povo a se unir formando a comunidade. Notamos a necessidade de escolher o santo padroeiro, fizemos uma coleta de sugestão por setor.

Reunidos, seis nomes de padroeiros e seis nomes de padroeiras restaram selecionados. Foram colocados em sorteio, e uma criança chamada Kaciele ia retirando os nomes da caixinha, sendo que o último nome a ficar seria o (a) padroeiro (a). E assim, restou Santa Rita de Cássia, que foi apresentado para a comunidade, pelo casal Sinval e Nola, que eram devotos dela em outra localidade.

Continuava chegando gente de todas as regiões, foi crescendo o povoado, que depois virou cidade e em torno de Santa Rita de Cássia crescíamos em devoção.

Em maio de 1983 foi celebrado o primeiro encontro com o tema Santa Rita em Ourilândia. Só tinha um quadro em madeira, com a imagem da santa.

Em 27 de setembro de 1983 foi celebrada a primeira missa ao ar livre, as 10 horas da manhã, debaixo das árvores. Ainda não existia a construção do baração de madeira.

Em outubro de 1983 foi feito um multirão, para construir um galpão de madeira com telhas brasilite, no local que hoje fica o hoje a igreja matriz, passamos a ter um local para celebrar.

Em 02 de fevereiro de 1984 os dois primeiros padres chegaram para morar e acompanhar as comunidades de Ourilândia e Tucumã: Padre Walter Taine e Padre Dário Damasco, eles se hospedavam nas casas das famílias.

Escrevemos uma carta e enviamos à Prelazia de Altamira, pedindo a presença das irmãs em Ourilândia. O bispo Dom Erwin nos atendeu com muita alegria!

Já existia a Casa das Irmãs em São Félix do Xingú, vindas do Rio Grande do Sul. Com o nosso pedido ao Bispo, as irmãs Silvia Catarina, Terezinha Bach e Zélia Borges passaram a nos acompanhar em Ourilândia.

As irmãs nos visitavam e abraçavam a missão com alegria, mas tínhamos esse problema: aqui elas não tinham moradia.

Em 05 de maio de 1987 foi inaugurada a Casa das Irmãs Escolares em Ourilândia do Norte, localizada próxima a Praça das Crianças. As primeiras irmãs enviadas para Ourilândia chamavam Aparecida Scheffer, Zélia Borges e Silvia Catarina Hentges. A equipe pastoral passou a ser composta por dois padres e três irmãs.

Em 22 de maio de 1985 a imagem da padroeira de Santa Rita de Cássia chegou em Ourilândia, acompanhada de três padres que a todos abençoou.

Em junho de 1991 iniciou a construção da Igreja matriz Santa Rita de Cássia, com o Padre Sergio Boscardine, sendo que parte da herança desse padre foi doada e investida nesta construção, edificada em onze meses, foi inaugurada em 22 de maio de 1992, com a presença do Bispo Dom Erwin Klautler e todos os padres que evangelizaram nesta comunidade.

A história da igreja católica em Ourilândia, se mistura com a história da nossa comunidade de Ourilândia do Norte e foi muito gratificante lembrar da nossa história enquanto sociedade e comunidade.

Agora, em maio de 2020, celebramos os Festejos de Santa Rita de Cássia de forma isolada e separados, agora ficamos ligados na internete pelo celular para a caminhada continuar. Estamos separados fisicamente, mas próximos pelo vinculo da Fé e da Esperança, aguardando o momento de voltar a nos abraçar!

 

 

Gerci Maria Pereira

Ourilândia do Norte / Pará, 22 de maio de 2020.

Festejos de Santa Rita de Cássia.

 

 

 




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