Lula — Foto: Eraldo Peres/AP (Foto: )
O resultado foi confirmado pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) às 19h57, quando
98,81% das urnas já tinham sido apuradas.
Àquela altura, Lula tinha 50,83% dos votos válidos
e não poderia mais ser alcançado por Bolsonaro, que contabilizava os outros
49,17% de votos válidos.
Para vencer em segundo turno, o candidato à
Presidência precisa superar os 50% de votos válidos – mesmo que seja por apenas
um voto.
A diferença percentual a favor de Lula é a menor de
um presidente eleito desde 1989.
Com o resultado, o Partido dos Trabalhadores volta
à presidência após um intervalo de seis anos. O PT comandou o país por oito
anos com Lula (de 2003 a 2010) e por seis anos com Dilma Rousseff (2011 até o
impeachment em 2016).
Torneiro mecânico, líder sindical e membro fundador
do PT, Lula foi eleito para seu terceiro mandato e deverá tomar posse no cargo
em 1º de janeiro de 2023. Desta vez, o petista terá quatro dias a mais para
governar o país – uma reforma eleitoral aprovada em 2021 definiu que, em 2027,
a posse presidencial será em 5 de janeiro.
Ao votar mais cedo, em São Paulo, Lula disse que a
eleição definiria o “modelo de Brasil” para os próximos anos. Ele falou também
que era o dia mais importante da vida dele.
Lula (PT) beija comprovante de votação neste
domingo (30) — Foto: Celso Tavares/g1
“Hoje, possivelmente, seja o dia 30 de outubro mais
importante da minha vida. E acho que é um dia muito importante para o povo
brasileiro porque hoje o povo está definindo o modelo de Brasil que ele deseja,
o modelo de vida que ele quer”, declarou o agora presidente eleito.
Disputa
voto a voto
A campanha do segundo turno durou quatro semanas.
Lula e Bolsonaro percorreram o país em busca dos votos dos eleitores indecisos
ou que tinham votado em outros candidatos no primeiro turno.
Em um cenário de forte polarização, Lula e
Bolsonaro travaram uma “guerra santa” em busca de votos de fiéis religiosos,
reuniram aliados e simpatizantes em comícios e caminhadas nas cidades consideradas
cruciais para o resultado final e disputaram recordes de audiência em podcasts
e emissoras de TV.
Chapa
Lula-Alckmin
O vice-presidente eleito é Geraldo
Alckmin (PSB), político que detém o recorde de maior
tempo à frente do governo estadual de São Paulo – maior colégio eleitoral do
país – desde a redemocratização.
A improvável aliança entre Lula e Alckmin foi
confirmada em abril, poucos meses após o ex-governador deixar o PSDB, partido
que ajudou a fundar e ao qual foi filiado por 34 anos. A campanha de Bolsonaro
chegou a explorar a antiga rivalidade entre os políticos, mas não conseguiu
reverter o resultado das urnas.
Ao longo da campanha, Alckmin agiu para reduzir a
resistência de empresários e investidores à campanha de Lula. A ideia era
sinalizar que um eventual terceiro governo Lula seria moderado, com viés de
centro-esquerda e não buscaria “vingança” pela sequência de derrotas enfrentada
pelo PT em anos anteriores.
Os
últimos 12 anos
Ao fim do segundo mandato, em dezembro de 2010,
Lula se preparava para entregar a faixa à sucessora Dilma Rousseff (PT) com uma
aprovação recorde: 80% consideravam o governo bom ou ótimo, segundo o Ibope, e
87% avaliavam bem o próprio presidente.
Os anos seguintes, no entanto, seriam difíceis para
o PT. Dilma se reelegeu em 2014 por uma margem apertada, com a pressão de uma
crise econômica, e não chegou a concluir o segundo mandato – interrompido por
um impeachment confirmado no dia 31 de agosto de 2016.
Em abril de 2018, Lula se tornaria o primeiro
presidente pós-ditadura militar a ser preso, e o primeiro da história do país a
ser preso por crime comum. O político tinha sido condenado em duas instâncias –
em julho de 2017 e, depois, em janeiro de 2018 – por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá.
Lula passou 580 dias preso e só foi solto em
novembro de 2019, quando o STF reviu o entendimento da prisão em segunda
instância e determinou que os réus do país tinham direito a recorrer em
liberdade até o trânsito em julgado.
Enquanto estava preso, Lula chegou a se apresentar
como candidato para as eleições de 2018, mas foi obrigado a ceder espaço para
Fernando Haddad – que chegou ao segundo turno, mas foi superado por Jair
Bolsonaro no que seria a única derrota do PT em eleições presidenciais no
século 21, até o momento.
Em março de 2021, o ministro do STF Luiz Edson
Fachin anulou as condenações de Lula impostas pela Justiça Federal do Paraná no
âmbito da Operação Lava-Jato. A decisão foi confirmada pelo plenário e, com
isso, Lula hoje não tem qualquer condenação judicial.
Fonte: G1