Os senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Luiz Carlos Heinze (PP-RS), Styvenson Valentim (Podemos-RN), Lasier Martins (Podemos-RS) e Plínio Valério (PSDB-AM) apresentaram o pedido (Foto: )
Brasília – Seis
senadores de quatro partidos apresentaram à Mesa Diretora do Senado um pedido
de impeachment contra o ministro Luís Roberto Barroso, do
Supremo Tribunal Federal (STF). Eduardo Girão (Podemos-CE), Lasier Martins
(Podemos-RS), Styvenson Valentim (Podemos-RN), Luís Carlos Heinze (PP-RS),
Plínio Valério (PSDB-AM), e Carlos Viana (PL-MG) são os autores da medida. O
pedido foi encaminhado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Os senadores consideram que o ministro vem,
deliberadamente, praticando atos incompatíveis com as regras que regem a
magistratura. No documento, eles citam a atuação político-partidária por parte
de Barroso, no caso da deliberação sobre o voto impresso na Câmara dos
Deputados, em 2021, quando presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De
acordo com Girão, o ministro teria se reunido com lideranças partidárias, o que
é vedado.
Além disso, na visão dos autores do pedido, Barroso
deveria ter se declarado impedido de participar de julgamentos relacionados à
descriminalização do aborto e das drogas, por exemplo, por ter feito palestras
sobre o tema.
O grupo citou ainda, no pedido de impedimento, o
jantar que ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos, em 14 de novembro, que
contou com a participação de Barroso e de Cristiano Zanin, advogado do
presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nos processos da Lava Jato e
integrante da sua equipe de transição.
”O ministro Luís Roberto Barroso votou na anulação
dos processos do ex-presidente Lula na 13ª Vara de Curitiba. Ou seja, ele
ajudou a anular as condenações que permitiram que ele [Lula] se candidatasse
nessas eleições. Então houve uma violação, porque ele não se declarou suspeito
e teve esse encontro privado, e isso não é de bom tom. A gente respalda todos
esses artigos que são afrontados na nossa Constituição a partir desse
encontro,” disse o senador do Ceará.
À época do fato, a assessoria do STF enviou uma nota
ao site O Antagonista sobre o episódio: “Convidado de evento em Nova York, o
ministro Barroso almoçou ou jantou com diversos participantes do encontro, que
inclui empresários, políticos e advogados. Cristiano Zanin era um dos
participantes”.
Diante dos três argumentos, o entendimento dos
parlamentares é de que o Senado precisa apurar se houve crime de
responsabilidade por parte do ministro.
“A Casa Alta da República se vê diante de julgados
que caminham manifestamente na direção contrária à melhor doutrina e
jurisprudência que tratam da matéria, bem como o que espera a sociedade no
tocante à transparência e imparcialidade nas decisões do STF. Em face disso, o
Senado Federal não poderá se omitir em cumprir o seu dever constitucional (art.
52, II, CF/88) de receber a presente denúncia para, em sequência, processar e
julgar o Excelentíssimo Ministro Luís Roberto Barroso por crime de
responsabilidade,” argumentam os senadores no pedido.
Um dos autores, Plíno Valério, afirmou que a medida
tem poucas chances de seguir adiante no Senado. “Eu acredito nos argumentos do
pedido de impeachment, como acredito que o Senado vai ignorar,”
disse o parlamentar.
Sem emitir nota formal, o STF informou que não iria
se manifestar sobre o pedido feito pelos senadores.
Os parlamentares também não quiseram se manifestar
sobre a postura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que já
engavetou mais de dez pedidos semelhantes. Pelo Regimento Interno da Casa, cabe
ao presidente ler o pedido em Plenário e abrir o procedimento de impeachment do
presidente da República e de ministros de Cortes Superiores obedecendo a uma
série de procedimentos previsto no regimento.
Por Val-André
Mutran – de Brasília