O senador Marcos do Val acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de coagi-lo para participar de um golpe de estado (Foto: )
Brasília – O senador
Marcos do Val (Podemos-ES) anunciou, em transmissão ao vivo pelo Instagram, que
o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o coagiu a ajudá-lo em um golpe de estado.
O plano envolvia grampear o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Alexandre de Moraes. Segundo o parlamentar, estava presente na reunião o
ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que está preso. Em seguida, Marcos do Val
disse que vai renunciar ao mandato, que está na metade, para o qual foi eleito
em 2018.
“Eles [Bolsonaro e Daniel] me disseram: ‘Nós
colocaríamos uma escuta em você e teria uma equipe para dar suporte. E você vai
ter uma audiência com Alexandre de Moraes, e você conduz a conversa para dizer
que ele está ultrapassando as linhas da Constituição. E a gente impede o Lula de
assumir, e Alexandre será preso’,” denunciou o senador.
Marcos do Val disse que o porta-voz do plano foi o
ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), mas Bolsonaro também estava na reunião e
indicou concordar com a ideia. Silveira foi preso nesta quinta-feira (2), em
Petrópolis, no Rio de Janeiro, um dia após deixar o mandato de deputado
federal.
“A prisão foi determinada pelo STF em razão do
descumprimento de medidas cautelares também definidas pelo tribunal – com o uso
de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar redes sociais,” informa o
portal G1.
O senador do Podemos relata ter pedido um tempo
para analisar a proposta e ter ido até o próprio ministro Alexandre de Moraes
para contar o plano. Segundo ele, Moraes ficou surpreso e considerou a proposta
“um absurdo”.
A suplente de Marcos do Val no senado é Rosana
Foerste. Até 2021, o nome de Rosana constava como gerente de Benefícios e
Transferência de Renda da Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento
Social do Espírito Santo.
O senador promete sair de forma explosiva, pois
também anunciou que “na Revista Veja desta semana” será revelada a pressão que
sofreu de Bolsonaro para que ajudasse em um golpe de estado. Marcos do Val, que
não quer ser chamado de bolsonarista, quer sair da vida pública atirando.
Procurado, Marcos do Val não esclareceu os detalhes
de como foi a reunião com Alexandre de Moraes.
Bate-boca com MBL
A denúncia e presságio do fim do mandato de Marcos
do Val, um militar e instrutor filiado ao Podemos, eleito senador em 2018
surfando na onda do bolsonarismo e se apresentando como um “candidato da Swat”,
aconteceu por causa de um abraço em Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e uma briga com
integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL).
“Após quatro anos de dedicação exclusiva como
senador pelo Espírito Santo, chegando a sofrer um princípio de infarto, venho
através desta comunicar a todos os capixabas a minha saída definitivamente da
política,” escreveu o senador, após participar da live explosiva.
Com voto declarado no bolsonarista Rogério Marinho
(PL-RN), Marcos do Val se sentiu incomodado com o fato de ser chamado de
“bolsonarista” e desabafou com Arthur do Val, o “Mamãe Falei”, e Renan Santos,
em live do MBL. Por ter sido visto abraçando Pacheco, acabou sendo acusado de
ter votado no candidato do presidente Lula.
Tachado de “traidor”, Do Val rebateu as acusações
ao vivo com a dupla do MBL. Ele também fez questão de colocar o momento do
abraço em sua página do Instagram, afirmando ser amigo de longa data de Pacheco
e que não queria ser chamado de traidor.
Na live, claro, muitos gritos, interrupções e
xingamentos.
Do Val, vale lembrar, é o mesmo que prometeu “ir
para cima” do ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmando que o convocaria após
o fim do recesso do Legislativo.
Ele dizia que a invasão na Praça dos Três Poderes
já teria sido informada previamente pela Agência Brasileira de Inteligência
(Abin) e o ministro nada teria feito contra os ataques terroristas “praticados
por bolsonaristas”, acusou.
Por Val-André
Mutran – de Brasília