Evento no Plenário da Câmara contou com senador, deputado federal, líderes estaduais e da região sudeste do Pará (Foto: )
Aproveitando a indecisão eleitoral que sempre
marcou o prefeito Tião Miranda, o jovem Dirceu ten Caten, eleito três vezes
consecutivas como deputado estadual pelo PT, agora ensaia candidatura à
Prefeitura de Marabá, com direito a evento pomposo realizado na tarde deste
domingo (5), no Plenário da Câmara Municipal, intitulado “Lançamento do
pré-candidato pra chamar Dirceu”.
A ocasião reuniu estrelas até pouco tempo apagadas
da legenda no estado e em nível nacional, e que agora se julgam fortalecidas
pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República: nomes
como Beto e Dilvanda Faro, Airton Faleiro, Zé Geraldo, Elias Santiago, Maria do
Carmo, Jorge Panzera e os pais do pré-candidato, Luiz Carlos Pies e Bernadete
ten Caten, que já exerceram cargos eletivos no passado.
O deputado estadual tem 34 anos de idade, é natural
de Marabá, e tem formação em Direito. Sempre esteve na ilharga dos pais, com
militância política na Pastoral da Juventude em sua cidade natal, na
coordenação da Juventude Cabocla Socialista do Pará, e ainda à frente da Casa
da Juventude de Marabá, organização não governamental que fundou para atuar com
formação profissionalizante, mas que não deixa de ser uma valiosa ferramenta
política.
Dirceu ten Caten lançou sua pré-candidatura à
prefeitura de Marabá
Em 2014, Ten Caten foi eleito à Assembleia
Legislativa do Pará (Alepa) com 32.930 votos, repetindo o feito em 2018, com
59.600 sufrágios distribuídos em 140 municípios, e novamente em 2022, com
66.397 votos.
O pré-candidato e sua equipe avaliaram estar na
hora de lutar por uma das maiores, mais ricas e organizadas prefeituras do
estado, e o contexto político prova que não é impossível. Tião Miranda,
reeleito em 2020 com mais de 85% dos votos, não poderá concorrer ao cargo,
devendo no máximo indicar um candidato para sucessão. E aí reside a fraqueza do
gestor: o atual prefeito de Marabá nunca foi bom articulador político e nem
conseguiu definir seu pretenso sucessor ou candidato a vice com antecedência.
O que disse Dirceu?
Em seu discurso na tarde deste domingo, Dirceu ten
Caten agradeceu às mais de 800 pessoas que compareceram, lotando o Plenário e
um segundo espaço no hall de entrada da Câmara, com transmissão
simultânea.
“Aceitei o desafio do Partido dos Trabalhadores de
liderar esse projeto porque Marabá é a cidade em que nasci, cresci e iniciei
minha militância profissional e política,” justificou. “Sou deputado
considerado andarilho, o único que faz terceiro turno visitando os municípios e
colocando o mandato à disposição dos 144 municípios. Apesar disso, nunca deixei
de dar atenção e carinho a Marabá, a cidade que me deu o maior número de votos
nas três eleições para deputado estadual”.
Centenas de pessoas compareceram ao evento do PT
neste domingo para lançamento da pré-candidatura de Dirceu ten Caten
Ele enumerou conquistas de seu mandato para Marabá,
com diversas emendas parlamentares transformadas em recursos ao município.
Apesar de evitar bater em Tião Miranda, o pré-candidato afirmou que é preciso
evoluir e que pode fazer ainda mais pelo município.
Reconheceu a importância de manter as contas em
dia, fazer obras, mas sustentou que é imperativo “administrar pautado por um
plano de governo que vamos construir de forma democrática e participativa,
dialogando com todos os segmentos da sociedade, com esse compromisso e
valorização de todos os servidores públicos do município. Queremos uma Marabá
que lidere toda a nossa região, a cidade que você sempre sonhou. Marabá precisa
de um prefeito pra chamar Dirceu”, disse, usando o trocadilho de sua
pré-campanha.
Voltando no tempo
A eleição de 2008 é o modelo do “Manual de como não
se deve agir na política”, escrito à mão por Tião Miranda, documento ao qual
ele recorreu em outros momentos. Naquele ano, o prefeito de Marabá demorou a
apresentar um candidato e Maurino Magalhães se valeu disso para ganhar a
eleição e derrotar João Salame, definido no apagar das luzes pelo atual
prefeito.
E quem será o candidato de Tião?
No tabuleiro político de Tião Miranda, onde ele
mexe as peças como bem entende e não se importa com as indicações de seu grupo
político, há pelo menos três nomes que pretendem ocupar o papel de cabeça de
chapa em 2024.
Tião Miranda e seu vice, Luciano Dias
Luciano Dias, atual vice-prefeito e mandatário da
Saúde, Educação e outras pastas, tem a confiança do prefeito, mas não mostrou
carisma suficiente para merecer a indicação antecipada. Nos últimos meses, ele
passou a ter sua imagem mais difundida nas redes sociais para tentar engajamento
popular.
Outro nome que surgiu nos últimos dois anos é seu
atual secretário de Obras, Fábio Moreira. Ele chega a ser mais carismático que
Luciano Dias e tem o DNA do prefeito: “Obras”, circulando com o gestor
praticamente todos os dias em visita às construções na cidade, sempre no final
da tarde.
Fábio Moreira, atual secretário de Obras de Marabá
Concluindo a lista tríplice do prefeito está Thiago
Farias Miranda, seu filho de apenas 31 anos. O jovem advogado foi empurrado
para a política e o pai lhe deu uma secretaria para fazer seu nome e
candidatar-se a deputado estadual. A Secretaria Municipal de Esporte e Lazer
(Semel) nunca recebeu tanto investimento como durante sua gestão.
Miranda saiu do cargo apenas para concorrer a vaga
na Alepa pelo MDB, por pressão do governador Helder Barbalho, sendo até bem
votado, com 40 mil sufrágios, mas não o suficiente para desbancar caciques da
velha legenda. Ele terminou a campanha como um suplente distante, mas no último
mês foi agraciado com uma secretaria estadual de segunda importância – a
Fundação Cultural do Pará.
Tião Miranda e seu filho, Thiago Miranda
Além dos três cogitados por Tião Miranda e o
pré-candidato Dirceu ten Caten, resta um quinto elemento que deverá concorrer à
Prefeitura de Marabá. Wenderson Azevedo Chamon, o Chamonzinho, foi reeleito
como deputado estadual no final do ano passado, sendo campeão de votos em todo
o Pará, com mais de 109 mil votos. Embora seja marabaense de nascimento, sua
trajetória política foi construída em Curionópolis, onde já foi vereador,
prefeito por duas ocasiões e elegeu sua esposa, Mariana Chamon, para o atual
mandato.
Chamonzinho já mostrou que tem estrutura e
musculatura política para disputar o cargo, podendo até mesmo vir a ser o
candidato de Helder Barbalho em 2024 para o município. Ele abriu mão de
candidatar-se à presidência da Assembleia Legislativa para deixar o caminho
pavimentado para o colega Chicão, mas não de graça. Seus olhos estão voltados
para Marabá e deverá cobrar a fatura a Helder Barbalho até o início do ano que
vem.
Chamonzinho pode ser candidato do governador do
estado, Helder Barbalho, à prefeitura de Marabá em 2024
ZE DUDU