Com mandato de um ano, o deputado Airton Faleiro (PT-PA) comandará a Comissão de Trabalho e o colega José Priante (MDB-PA) a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Foram eleitos na quarta-feira (15) (Foto: )
Política
Definição nas Comissões
Com atraso considerável de três semanas, os deputados finalmente conseguiram
construir acordos e definiram em votações o comando de 25 das 30 comissões
permanentes da Câmara dos Deputados, sem o que não existe o processo
legislativo.
Promessa é dívida
A novidade neste ano é o aumento de caciques sem
que tenha havido aumento de índios. O baixo clero quer subir na vida, ainda
mais depois de apoiar a reeleição do colega Arthur Lira (PP-AL) para mais um
mandato de dois anos na presidência da Casa. Restou ao esperto político
alagoano propor e conseguir aprovar projeto que aumentou em cinco totalizando
trinta as comissões temáticas da Casa.
Ah, o poder!
Nos bastidores, a disputa foi como há muito não se via. E, como nas eleições do
ano passado, a refrega se deu entre PT e o PL. Em um um ano que começou com
tiro, porrada, bomba e quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, todas as
previsões levam a crer que será um ano legislativo dos mais agitados e
conturbados desde a Assembleia Nacional Constituinte de 1988.
Produção pífia
Desde a posse dos novos deputados, há mais de 40
dias, a Câmara votou apenas 11 projetos, entre eles coisas como a criação do
Dia do Cirurgião Oncológico, e somente na quarta-feira (15) deu o primeiro
passo para destravar seus trabalhos. A eleição dos presidentes das comissões
temáticas, grupos de parlamentares que analisam os projetos antes da votação no
plenário, marcou uma nova disputa. A partilha do poder reeditou a polarização
entre Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os deputados do PT que presidirão comissões
temáticas na Câmara dos Deputados. Da esquerda. Par a dir., dep. fed. Rui
Falcão (SP), Paulo Guedes (MG), Airton Faleiro (P) e Luizianne Lins (CE)
PT
Deputados do PT comandarão as comissões de
Constituição, Justiça e Cidadania; de Finanças e Tributação; de Trabalho; e de
Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial.
Está sob o controle do PT as duas únicas comissões terminativas da Casa, o
presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), tem o poder de sustar
qualquer proposta apresentada na Casa, assim como, a comissão de Finanças e
Tributação.
Reunião de Instalação e Eleição do Presidente e
Vice-Presidente na Comissão e Constituição Justiça e Cidadania (CCJC)
Terminativas
Denomina-se poder terminativo a atribuição dada à
Comissão de Finanças e Tributação (CFT) e à Comissão de Constituição e Justiça
e de Cidadania (CCJ) de interromper a tramitação de matérias que julgarem, respectivamente,
inadequadas financeira e orçamentariamente (CFT) ou inconstitucionais,
injurídicas ou antirregimentais (CCJC).
PL
Até o fechamento da Coluna, maior partido da Câmara dos Deputados, o PL tinha
conseguido o comando de cinco comissões e emplacou o relator-geral do Orçamento
de 2024.
A deputada Bia Kicis (PL-DF) que presidirá a Fiscalização e Controle (CFFC),
que pode criar uma enorme dor de cabeça ao governo, convocando toda semana um
ministro para ser sabatinado, já disse que seu foco será o BNDES e os Fundos de
Pensão.
O PL comandará além da CFFC, a Comissão de Saúde, que será comandada pelo
deputado Zé Vitor (PL-MG); Assistência Social, Infância, Adolescência e
Família, presidida pelo deputado Fernando Rodolfo (PL-PE); Segurança Pública:
Sanderson (PL-RS) e Esporte, a ser comandada pelo deputado Luiz Lima (PL-RJ).
Sabino fora
Não deu para o deputado federal Celso Sabino
(União-PA), que presidiu no ano passado a Comissão Mista do Orçamento de 2023.
O deputado paraense perdeu a disputa para a relatoria-geral da comissão para o
deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP). Falou mais alto o tamanho da bancada do PL.
O regimento diz que a função será do maior partido do maior bloco, mas PL e
União Brasil reivindicam o posto e dizem que fizeram acordo com Lira para ficar
com a função em troca do apoio a sua reeleição e Valdemar Costa Neto emplacou o
paulista no cargo.
Além de 2023
A disputa sobre quem relatará o projeto de lei
orçamentária anual (LOA) de 2024 seguia rachando a base de apoio do presidente
da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dificultando a instalação das
comissões da Casa e opondo União Brasil e PL. O PL vencedor da disputa, também
deve relatar o projeto de lei do Plano Plurianual (PPA) de 2024 a 2027, que
define as prioridades de investimentos para os próximos quatro anos.
Bancada do Pará nas Comissões Temáticas da Câmara
dos Deputados
Bancada do Pará
A Coluna compilou em um quadro a apuração que fez
no processo eleitoral das eleições nas Comissões Permanentes da Câmara dos
Deputados e como ficou a distribuição dos 17 deputados da Bancada do Pará. Está
em ordem alfabética e pode sofrer alteração, uma vez que cinco comissões ainda
não se reuniram para eleger o presidente, o vice-presidente, titulares e
suplentes.
China
Antes de decolar para a China no dia 24 deste mês,
o presidente Lula se reúne hoje, sexta-feira (17), com o ministro da Fazenda
Fernando Haddad para saber como é a proposta do novo arcabouço fiscal que
substituirá o teto de gastos que foi extinto logo que o novo governo assumiu.
Desconfiança…
A expectativa é grande de Norte a Sul. No mercado
financeiro a opinião que prevalece é de que o presidente Lula deve interferir
no trabalho da pasta. E ninguém aposta um centavo de real que a interferência
não descaracterize o plano.
O voluntarismo do presidente é estimulado pela presidente do PT, Gleisi
Hoffmann, uma cega seguidora e das mais radicais do partido.
…em números…
É o que diz os números da pesquisa Genial/Quaest,
divulgada na quarta-feira (15), feita com 82 proeminentes operadores do mercado
financeiro. O resultado do levantamento — inédito —, indica que, de
alguma maneira, o atual ministro da Fazenda conseguiu criar algumas pontes com
um setor (financeiro) de grande influência no comportamento de agentes de
outros segmentos da economia, mas o que prevalece é uma desconfiança arraigada,
de parte (Mercado) a parte (Lula).
…eleva tensão
A pesquisa está sendo interpretada ao modo PT de
ser, ou seja, dirão que banqueiros e donos de corretoras não têm voto. Desta
forma, o governo vai, a cada dia, desfazendo as pontes construídas às duras
penas por Fernando Haddad, desde já cristianizado se algo de errado acontecer.
Anotem.
Nessa disputa, todos perderão.
Governo
Arcabouço fiscal
O novo arcabouço fiscal, aguardado com ansiedade
pelo mercado desde que o presidente Lula foi eleito no ano passado, está preste
a ser conhecido.
Apesar disso, o economista Marcos Mendes, Doutor em Economia pela USP e
pesquisador do Insper, convidado do 32º episódio do Market Makers, não está muito
otimista com a proposta.
Coro
O coro na Faria Lima é um só: precificar o tamanho
do potencial estrago do governo nos fundamentos econômicos.
De acordo com Marcos Mendes, o texto não irá ancorar as expectativas fiscais.
“Vai ser uma coisa bonitinha, dizendo que temos um arcabouço fiscal de médio
prazo para sinalizar a redução da dívida, mas não gerará o controle de despesa
no montante que nós precisamos para estabilizar a dívida pública”, declarou.
Perdulário
Ainda segundo Mendes, não dá para esperar um
arcabouço consistente de um governo que acredita que precisa gastar mais para
crescer e ao menor sinal de formação de nuvens, aumenta impostos.
“Eu espero que venha uma regra fluida, nós vamos fixar o crescimento da despesa
como um percentual do crescimento da receita. Como o próprio governo vai
estimar isso, irá fazer algo super otimista para aumentar gasto”, vê.
Além disso, o economista diz que será uma regra que não será impositiva. “Se
não cumpriu, que pena. Manda uma carta para o Congresso, justifica, e jogo que
segue”. Quem sobreviver, parabéns!
Quem quer viajar?
A megacomitiva que vai acompanhar o presidente Lula
na viagem à China deverá ser composta por empresários de 140 setores da
economia, toda a cúpula do Congresso Nacional e ao menos cinco ministros de
Estado. Nos bastidores, executivos e políticos deflagraram corrida por uma vaga
na lista. A visita vai ocorrer de 26 a 30 de março.
Disputa
A disputa por espaço é grande, porque a China é
desde 2009 o principal parceiro comercial do Brasil. Além disso, o país
asiático demonstra interesse em fazer novos investimentos em solo brasileiro.
Um exemplo disso é a expectativa de aquisição da antiga fábrica da Ford em
Camaçari (BA) pela montadora BYD — a Tesla chinesa, especializada em fabricar
carros, motos e caminhões elétricos e baterias para esses veículos.
Interesse
Existe ainda interesse do governo chinês em ampliar
as exportações de carne ao país — o que explica a presença de grandes
frigoríficos na comitiva presidencial. Diplomatas também dizem que uma lista de
acordos em diferentes áreas de cooperação pode ser firmada entre Brasil e
China, incluindo uma iniciativa ambiental.
Imagine a cena
Agora o leitor imagine a cena do senador Renan
Calheiros (MDB-AL) e o deputado Arthur Lira (PP-AL), embarcando no mesmo avião
num voo de mais de 10 horas para a China.
Os dois são inimigos mortais.
Nada menos que 27 deputados e senadores estão a confirmar o 0800 à China com
mordomias e diárias em dólar.
O Brasil é ou não é o país mais rico do mundo?
De volta na semana que vem
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as notícias
que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens exclusivas aqui
no Blog do Zé Dudu.
Val-André Mutran
– É correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
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