Manifestação contra Lula foi convocada pelo Chega, partido de direita radical de Portugal (foto: EPA) (Foto: )
A presença de Lula no Parlamento
de Portugal nesta terça-feira (25) refletiu, dentro e fora do Legislativo luso,
a polarização observada no Brasil.
No interior do edifício, onde
Lula discursava, deputados da direita tumultuavam a fala do brasileiro. Já
parlamentares de esquerda aplaudiam constantemente as intervenções do petista.
Do lado de fora, centenas de
manifestantes protestavam a favor e contra Lula em locais diferentes — uma
medida da polícia para evitar confrontos.
Os dois grupos estavam separados
por cerca de 250 metros, de lados opostos no entorno da Assembleia da República
(AR), o Parlamento português. O policiamento foi reforçado e barreiras impediam
qualquer contato entre eles.
Lula discursou no Parlamento em
uma sessão de boas-vindas, antes da sessão principal, no dia da comemoração da
Revolução dos Cravos, que marca o fim da ditadura portuguesa. A fala de Lula já
havia causado polêmica antes mesmo de acontecer
Deputados do Chega seguraram cartazes com a bandeira da Ucrânia e com a
frase “chega de corrupção” durante discurso de Lula no Parlamento português
(foto: EPA)
Enquanto o petista falava, os 12
deputados do Chega, partido da direita radical que se tornou a terceira maior
força política de Portugal nas últimas eleições legislativas, ficaram de pé,
segurando cartazes com a bandeira da Ucrânia e com a frase “chega de
corrupção”.
Também bateram nas mesas e fizeram barulho para atrapalhar o discurso de Lula.
Apesar das interrupções, o
petista se aproveitou do contexto da Revolução dos Cravos para falar de
democracia no Brasil.
“A democracia no Brasil viveu
recentemente momentos de ameaça. Saudosos do autoritarismo tentaram atrasar o
relógio em 50 anos e reverter as liberdades que conquistamos. Os portugueses
assistiram a tudo, preocupados com a possibilidade de que o Brasil desse as
costas ao mundo”, disse.
Também voltou a falar sobre a
Guerra da Ucrânia e pediu paz, criticando soluções militares. O tema marcou o
início de sua viagem a Portugal.
“Quem acredita em soluções
militares para os problemas atuais luta contra os ventos da história. Nenhuma
solução de qualquer conflito, nacional ou internacional, será duradoura se não
for baseada no diálogo e na negociação política”, declarou.
Ele ainda voltou a condenar a
violação à integridade territorial ucraniana pela Rússia.
Declarações recentes do petista
causaram polêmica, quando Lula, em visita a Abu Dhabi ao retornar da China,
equiparou Rússia e Ucrânia, além de acusar Estados Unidos e União Europeia de
contribuirem para o prolongamento do conflito.
Manifestações
A manifestação contra Lula foi convocada pelo líder do Chega, o deputado André
Ventura, apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ventura prometeu que seria a
“maior manifestação da história contra um líder estrangeiro”.
O protesto, de fato, reuniu
algumas centenas de pessoas, mas ocupava menos de um quarteirão nas
proximidades do Parlamento português. Questionados pela BBC News Brasil,
policiais não souberam estimar o número de manifestantes.
Por outro lado, o clima era de
revolta e os manifestantes, estridentes gritavam palavras de ordem contra Lula,
como “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, e seguravam cartazes contra o
presidente brasileiro, com dizeres como “Tolerância zero à corrupção”.
Fonte: BBC NEWS/ ESTADO DE MINAS