O Parque Estadual de Bioeconomia deve ter suas
obras iniciadas em junho deste ano, e já no segundo semestre o Governo do
Pará entregará o primeiro modelo de concessão de áreas públicas para a
captura de carbono por parte de entes privados, bem como de concessão de
restauro de áreas antropizadas. A meta é zerar emissões de carbono até 2026.
O anúncio foi feito pelo governador Helder Barbalho em evento realizado na
Universidade de Columbia, em Nova Iorque (EUA), no início da noite desta
terça, 9, durante evento sobre desenvolvimento sustentável.
Durante a programação no
Centro Lemann de Estudos Brasileiros, e que contou também com a participação
do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o chefe do
Executivo estadual paraense detalhou ainda que serão três blocos de concessão
de áreas públicas para captura de carbono, totalizando 4,2 milhões de
hectares, e até 20 mil hectares em Áreas de Proteção Ambiental (APAs) para
recuperação.
Já o Parque Estadual de Bioeconomia, Helder
declarou que deseja entregar durante a 30ª Conferência do Clima da ONU, em
2025, que tem Belém como forte candidata a sede. "Conhecimento é ativo
para construir uma sociedade melhor, e falar da Amazônia a partir do olhar de
quem é da Amazônia é passo fundamental para essa valorização. A Amazônia
coloca e tira o Brasil de qualquer agenda global, então é preciso dialogar de
forma transversal, a diplomacia demanda essa responsabilidade. E o primeiro
chamamento é para o próprio Brasil acreditar e construir soluções a partir
desses ativos", declarou Helder, na abertura do encontro.
Em seguida, o governador citou números positivos
para justificar sua defesa: desde 2022 o Pará já vive a reversão do quadro de
desmatamento, com redução real de 21% em comparação a 2021. Na comparação
entre 2023 e 2022, a queda foi de 45%. E só em abril de 2023 foi constatada a
diminuição de 71% nas emissões de carbono.
"Se o Pará responde
por 34% das emissões em território nacional, esses percentuais já mudam a
fotografia brasileira. Precisamos mudar a lógica produtiva sem excluir. Somos
protagonistas na segurança alimentar como os principais produtores de cacau,
pimenta do reino, dendê, açaí, abacaxi, além de grãos em diversas culturas.
Somos a segunda província de cultura pecuária, com 25 milhões de cabeças de
gado. Não precisa derrubar árvores para continuar produzindo, todos esses
recordes devem ser tão valorosos quanto a floresta viva. Essa é a principal
estratégia de chamamento ao mundo, porque nós precisamos de tecnologia e
inovação em conhecimento para que a biodiversidade construa a nova vocação
econômica para a região", reforçou.
Respeito aos povos tradicionais - Helder Barbalho defendeu ainda um modelo de
educação que seja personalizado para chegar a territórios Indígenas,
quilombolas e ribeirinhos, e lamentou que a gestão federal passada tenha
estimulado conflitos entre esses grupos e atividades econômicas.
"Garantia de direitos
é premissa, bem como uma educação que vá até essas comunidades, e não o
contrário, e não para implementar o processo pedagógico tradicional mas
customizar", explicou, falando em seguida da atuação da recém criada
Secretaria Estadual dos Povos Indígenas e da Universidade do Estado do Pará,
esta última oferecendo formação e mestrado dentro das aldeias. "Novos
tempos não podem ser de mutação cultural, mas de conhecimento preservado, é o
que vai garantir a convivência dos povos com a floresta - tanto que eles
participaram da elaboração do primeiro plano estadual de Bioeconomia, o do
Pará. Conciliar saberes ancestrais com tecnologia é o que eleva os
ativos", justificou.
Reforço nas fronteiras - O governador do Estado citou ainda a
implementação de mais bases fluviais em pontos estratégicos do Pará para o
combate a crimes ambientais e tráficos diversos.
"Este é um grande
desafio porque não consigo fazer segurança sem dialogar com Forças Armadas e
Polícia Federal, daí nossa estratégia de investimento em bases fluviais para
impedir escoamento de madeira ilegal ou de drogas. Eu defendo a rastreabilidade
dos produtores da floresta. Somos o único estado a ter um Selo Verde, que
justamente atesta a origem do produto, se vem de área com Cadastro Ambiental
Rural ativo, sem restrições", finalizou Helder Barbalho.
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