Brasília – Diante de mais uma
derrota na noite de terça-feira (30), em matéria de grande interesse do governo
na votação do Projeto de Lei (PL nº 490/2007 e seus apensados), que
estabelece o marco temporal de demarcações de terras indígenas, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião de emergência no Palácio do
Planalto, na manhã desta quarta-feira (31) temendo outra derrota, desta feita,
na apreciação ou ausência dela, da Medida Provisória (MP nº 1.154/2023) que reestrutura a organização
administrativa do governo federal.
Foram
convocados para a reunião líderes de partidos aliados ao Palácio do Planalto e
os ministros do chamado núcleo duro: Casa Civil e Relações Institucionais. A
articulação política liderada pelos ruralistas tem surtido efeito e a derrota
do governo constata que, em sua articulação política é nula.
Na
contramão das pautas prioritárias do governo, a Câmara dos Deputados aprovou o
texto-base do projeto sobre o PL que cria o marco temporal de demarcações de
terras indígenas (PL 490/2007), aprovou a MP do Bolsa Família que só perderia a
validade na próxima semana, mas não votou a Medida Provisória (MP nº 1.154/2023) que reestrutura a organização
administrativa do governo federal criando os novos ministérios que foi assinada
no primeiro dia do governo. Essa, urgente de votação, pois perderá a validade
amanhã, quinta-feira, 1º de junho.
Oposição ao
governo impôs mais uma derrota significativa ao governo
O texto do PL
490/2007 recebeu 283 votos favoráveis, 155 contra e teve uma abstenção. A
proposta seguirá agora para a análise do Senado.
Confira como a Bancada do
Pará votou a matéria:
Fotografia
de como a Bancada do Pará votou o Projeto de Lei nº 490/2007
e seus apensados
Fica
patente a divisão na bancada paraense. Enquanto os três votos do PL foram
contra o governo, os governistas Antônio Doido e Henderson Pinto, do MDB,
Raimundo Santos (PSD) e Celso Sabino (União Brasil) ajudaram no placar que
totalizou 7 votos contra o governo. Os 10 deputados e deputadas restantes,
sumiram do Plenário para não votar. São eles: Dilvandra Faro (PT-PA), Dra.
Alessandra Haber (MDB-PA), Elcione Barbalho (MDB-PA), José Priante (MDB-PA),
Júnior Ferrari (PSD-PA), Olival Marques (MDB-PA), Renilce Nicodemos (MDB-PA) e
Keniston Braga (MDB-PA).
Queda de braço
A aprovação
do projeto é mais uma vitória do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que é
a favor do marco temporal. Antes da votação, na chegada à Câmara, Lira defendeu
abertamente o texto.
Ainda na
quarta-feira (30) como que antecipando a derrota, grupo indígenas de 16 estados
ocuparam rodovias federais, para chamar atenção na data da votação da matéria.
Foram
feitos discursos no Plenário da Câmara contra e a favor do projeto, mas o
governo não teve votos suficientes para derrubar a matéria, o que tentará fazer
no Senado.
Ocorre que,
se os senadores mudarem o texto, a matéria volta à Câmara e é certo nova
derrota do governo.
Se o
presidente Lula vetar o PL, uma sessão conjunta no Congresso é suficiente para
derrubar os vetos. Ou seja, o governo está de mãos atadas porque não consegue
ter uma base de apoio com votos suficientes para aprovar a sua agenda.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.