Seminário vai discutir a necessidade de entregar à população uma reforma administrativa da máquina pública (Foto: )
Após o
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cobrar de seus
pares que o Congresso Nacional tem a obrigação de entregar aos brasileiros uma
proposta que reforme as atuais regras administrativas do Estado, vários líderes
que representam seis das mais influentes frentes parlamentares da Câmara e do
Senado, se uniram numa mobilização para que o Judiciário seja alcançado pela
proposta de reforma administrativa que está sendo elaborada pelo grupo. Um
jantar na quarta-feira (4), reuniu as frentes que avisaram que vão apoiar uma
reformulação da máquina pública que envolva os três Poderes. A aposta é de que
a proposta ganhe tração no Congresso com o apoio da sociedade.
‘’É um
Estado que cresce de forma desproporcional. Veja quantos ministérios já foram
criados em comparação com o governo anterior. A nossa crítica é razoável, uma
vez que o aumento da máquina pública não reflete melhor serviço ao
contribuinte. Só atende à necessidade do governo em construir uma base de apoio
que não tem por mérito bons projetos, mas a garantia de sua própria
sobrevivência, a troco de cargos, verbas públicas e poder’’, disse à Reportagem
um dos líderes presentes ao jantar e que, por hora, prefere não ser
identificado.
O movimento
inclui a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), do Empreendedorismo (FPE),
do Comércio e Serviços (FCS), da Tecnologia e Atividades Nucleares (FTN), do
Biodisel (FPBio) e do Livre Mercado (FPLM). Se somados, seus membros superam
400 votos na Câmara dos Deputados.
A
mobilização pega carona no apoio dado por Arthur Lira (PP-AL) à reforma e na
forte insatisfação de parlamentares com a atuação do Supremo Tribunal Federal
(STF), após decisões recentes sobre temas como aborto, marco temporal,
descriminalização de drogas e o retorno de pagamento obrigatório da famigerada
contribuição sindical, que onera os salários dos trabalhadores.
O primeiro
passo, decidido no jantar, será a realização de um seminário sobre o tema, e
uma comissão para elaborar um texto a ser apresentado na forma de uma emenda à
Constituição. Vários deputados e senadores estão colecionando informações
solicitadas aos ministérios, através de requerimentos de informações, que
obrigam os gestores das pastas uma resposta aos congressistas. Já está sendo
elaborada uma base de dados sobre os gastos de cada um dos ministérios, e o que
se tem até agora é a constatação de aumento exponencial das despesas em todas
as pastas“, disse a fonte ao Blog do Zé Dudu.
‘’O governo
não dá nenhum sinal de que vai reduzir seus gastos, o que tem feito é justamente
o contrário’’, garantiu a fonte.
Outra
discussão é colocar novamente em tramitação, a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 32 de Reforma Administrativa, enviada ao Congresso pelo
entãp presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo texto, não alcança o Judiciário nem
o Legislativo, o que acabou esvaziando a narrativa de combate aos privilégios
nas carreiras públicas, puxada à época pela equipe do então ministro da
Economia, Paulo Guedes.
No governo
Lula, a reforma está sob responsabilidade da ministra da Gestão e Inovação em
Serviços Públicos, Esther Dweck, que já falou que a proposta é aprovar projetos
em separado, de forma fatiada, e não tentar uma PEC. A ministra também deixou
claro que o governo não pretende mexer na estabilidade dos servidores públicos
federais.
Presidente
da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, defende a discussão e aprovação de uma
reforma administrativa do Estado
Independentemente
da posição do governo, o debate segue na Câmara e Lira, inclusive, confirmou
presença na abertura de um seminário sobre o tema, marcado para o dia 1º de
novembro, no Congresso. Todas as seis frentes estão participando da
mobilização, e os presidentes dos grupos têm a expectativa de contar com o
apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no engajamento pela
reforma.
“Tem que
entender o Pacheco da semana passada para cá. É outro Pacheco. Tem Pacheco pré
e pós-marco temporal”, ressaltou o deputado Pedro Lupion (PP-RS), presidente da
FPA, que reúne uma das bancadas mais poderosas do Congresso, a do agronegócio.
Lupion ressaltou
que a frente é mista e conta com grande influência também no Senado. “Dizem que
fizeram uma pesquisa de opinião e que, depois que ele [Pacheco] se posicionou
na questão das drogas e do marco temporal, subiu muito de popularidade.”
Em
setembro, Pacheco apresentou uma PEC para criminalizar a posse e o porte de
drogas em qualquer quantidade. A proposta ocorreu em paralelo ao julgamento do
tema no STF, que já reúne cinco votos a favor da liberação do porte de maconha
para consumo pessoal.
Já no fim
do mês, o Senado, com o apoio de Pacheco, aprovou o projeto de lei que institui
o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. O texto, que seguiu
para sanção presidencial, vai na contramão do plenário do STF, que decidiu que
o marco é inconstitucional.
‘’Houve uma
grande aceitação do projeto na bancada evangélica’’, disse o senador Zequinha
Marinho (Podemos-PA).
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente
do Blog do Zé Dudu em Brasília.