Ulysses Guimarães ao promulgar a Constituição e na quinta-feira (5/10), na comemoração de 35 anos, os ministros José Roberto Barroso (STF), vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco repetindo o ato. Congresso Nacional r (Foto: )
Poderes & Governos
Quinta de
ouro
A
quinta-feira (5) marcou dois eventos de destaque da política em Brasília: a
sessão Solene no Congresso Nacional, em comemoração ao transcurso de 35 anos da
promulgação da Constituição de 1988; e a Convenção Nacional do PMDB.
35 anos
Na manhã da
quinta-feira, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, abriu
a Sessão Solene em comemoração aos 35 anos da Constituição Federal, em vigor
desde 5 de outubro de 1988. Presentes na cerimônia, representantes dos três
poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) discursaram em defesa da harmonia
institucional — exatamente o que não está acontecendo agora mesmo.
21 anos
Pacheco
destacou que, após 21 anos de ditadura (1964 a1985), a aprovação do texto
constitucional, em 1988, respondeu aos anseios populares por mais liberdade e
proporcionou o retorno nacional a uma “institucionalidade vigorosa”.
Contrapesos
Presidente
da Câmara, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) lembrou que a atual
Constituição já é a segunda mais longeva desde a proclamação da República, em
1889, perdendo apenas para a segunda Carta, que vigorou por 43 anos, de 1891 e
1934. Reproduzindo as palavras que o deputado federal e presidente da
Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães (MDB-SP), disse ao
promulgar o texto constitucional, Lira destacou que a Carta Magna não é
perfeita, mas possui muitos méritos.
Estabilidade
institucional
Para o
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, o
que ele classificou como “estabilidade institucional” experimentada pelo país
nos últimos 35 anos, comprova o acerto do texto constitucional.
Da esquerda
para a direita, deputados federais Fernando Monteiro (PP-PE), José Priante
(MDB-PA), Carlos Chiodini (MDB-SC), o governador paraense Helder Barbalho
(MDB), o deputado federal Newton Cardoso (MDB-MG) e o presidente nacional reeleito
do MDB, Baleia Rossi
Convenção
Nacional do MDB
Também na
quinta-feira, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que no ano que vem
completa 60 anos de fundação, realizou sua convenção nacional e escolheu a
composição do novo Diretório Nacional e da nova Executiva Nacional, as duas
maiores instâncias decisórias da sigla.
Chapa única
O deputado
federal Baleia Rossi (MDB-SP) liderou a chapa única, que conquistou 445 dos 448
votos possíveis (houve 3 votos contrários). Com o resultado, Baleia renova seu
mandato como presidente do MDB por mais dois anos.
Jader
homenageado
O senador
Jader Barbalho (MDB-PA), um dos fundadores da legenda, foi homenageado pelos
correligionários e dirigentes da agremiação política, ao lado do colega o
ex-senador e ex-governador Garibaldi Alves Filho (MDB-RN).
Laureados
Os
ex-presidentes José Sarney e Michel Temer também foram laureados. Sarney, como
fundador do Sistema Único de Saúde, há 33 anos, e Temer pelas medidas
econômicas que resultaram na queda da inflação entre 2016 e 2018, naquele que,
os historiadores já registram, como um dos melhores governos da história do
país, fato que este colunista assina embaixo.
Deputada
federal Elcione Barbalho (MDB-PA), foi eleita 1ª vice-presidente nacional do
MDB, na convenção realizada quinta-feira (5/10), coincidentemente, na data de
seu aniversário
Elcione na cúpula
No mesmo
dia em que fazia aniversário, a deputada federal Elcione Barbalho (MDB-PA) foi
indicada e confirmada para a cúpula que dirige o partido, assumindo como
primeira-vice-presidente nacional do MDB.
A Nova Executiva Nacional ficou com a seguinte composição:
Baleia
Rossi (SP), presidente
Elcione
Barbalho (PA), primeira-vice-presidente
Confúcio
Moura (RO), segundo-vice-presidente
Carlos
Chiodini (SC), terceiro-vice-presidente
Marcelo
Castro (PI), tesoureiro
Sérgio
Souza (PR), tesoureiro-ajunto
Hercílio
Coelho Diniz (MG), secretário-geral
Eunício
Oliveira (CE), primeiro-secretário
Washington
Reis (RJ), segundo-secretário
Deputado
federal Olival Marques (MDB-PA), foi eleito membro titular do Diretório
Nacional do Movimento Democrático Brasileiro na Convenção Nacional da legenda
em Brasília, na quinta-feira (5/10)
O deputado
federal Olival Marques (MDB-PA), na Convenção Nacional do MDB, foi eleito
membro titular do Diretório Nacional do partido.
Máfia
subvertida
Numa da
coletivas de imprensa mais patéticas de história política do Brasil, o
governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), declarou, ao lado do
secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo
Capelli, que o estado que governa não é mais dominado apenas por traficantes e
milicianos, aproveitando o embalo de sua incompetência para subverter um
conceito acadêmico. O político disse que a máfia se instalou no lugar.
Por definição, máfia é uma organização transnacional e, no Brasil, o PCC pode
ser enquadrado nessa definição, já as organizações criminosas dos morros
cariocas, não.
Entrevista
coletiva do governador Castro Castro e do Secretário-executivo do Ministério da
Justiça Ricardo Capelli no Palácio Guanabara
Conflagrado
O Rio de
Janeiro é um estado conflagrado há décadas. Se tornou um narco-estado, debaixo
do nariz de suas autoridades estaduais. Em 2018, bilhões de reais foram gastos
em 319 dias de intervenção federal, após a decisão do Governo Federal de
intervir na autonomia do estado do Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que se
aplicou o artigo 34 da Constituição Federal de 1988.
O estado continua numa situação ainda pior, cinco anos depois.
Confira como foi a Intervenção Federal no Rio de Janeiro aqui.
Repercussão
Após o
registro da barbárie na qual três médicos ortopedistas foram mortos a tiros e
um ferido, num quiosque em frente ao hotel em que estavam hospedados para
participar de um congresso médico, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O
quarto foi baleado está internado e com estado de saúde estabilizado.
Apuração
O ministro
da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a Polícia Federal vai apurar o caso, já
que um dos assassinados era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e
cunhado do também deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).
A linha de investigação com mais relevância suspeita de execução por engano. A
repercussão internacional foi imediata.
Abalo no
turismo
O ministro
dos Turismo, Celso Sabino, não tem poderes divinos de passar uma borracha na
tragédia. Quem, no pleno direito de suas faculdades mentais, vai fazer turismo
no Rio de Janeiro e, por tabela no Brasil, uma vez que o Rio é a porta de
entrada da maioria do fluxo turístico internacional?
O estrago para a área de turismo será medido com o passar do tempo e será
trágico para o setor que mal saiu de uma pandemia que o colocou ajoelhado.
Adiado
O
Ministério dos Transportes informou que o lançamento do Plano Nacional de
Ferrovias precisou ser adiado. A previsão era de que o pacote de obras e
medidas para o setor fossem divulgados no próximo dia 19, em evento na B3 — A
Bolsa de Valores do Brasil.
A assessoria diz que, embora não tenha nova data prevista, é possível que haja
atualizações sobre os projetos no próximo mês.
Trecho I,
da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que está sendo construída pela
iniciativa privada. Foto: PPI/GOV
Rascunho
O
Ministério dos Transportes projeta até R$ 40 bilhões de investimentos
adicionais em ferrovias para além do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), incluindo recursos públicos e privados. O PAC prevê R$ 94,2 bilhões para
a malha ferroviária, sendo R$ 88,2 bilhões vindos da iniciativa privada e R$ 6
bilhões públicos.
Lentidão
Há um expresso
incômodo no setor privado de infraestrutura do país que avalia como lenta a
atuação do ministro dos Transportes, Renan Filho. Não houve nenhuma entrega ou
anúncio de peso, após nove meses do início do novo governo, praticamente um ano
sem qualquer avanço no setor.
Reação
Nas últimas
semanas, o Congresso tem discutido diversas propostas relacionadas com o
Supremo Tribunal Federal, em respostas a julgamentos que desagradaram os
congressistas, como do marco temporal da demarcação das terras indígenas, da
descriminalização do porte de drogas para uso pessoal e do aborto.
Não gostou
Luís
Roberto Barroso, presidente da Corte, afirmou não haver motivos para mudanças
na estrutura; ele ressaltou a capacidade de dialogar e o espírito de boa fé
entre os poderes.
‘’Honesta e sinceramente, considerando uma instituição que vem funcionando bem,
eu não vejo muita razão para se procurar mexer na composição e no funcionamento
do Supremo’’, afirmou Barroso, antes do início da sessão de quarta-feira (4).
Bastidores
Nos corredores
do tribunal, está sendo comentado que Barroso vai adiar o julgamento dos temas
que têm causado atrito com o Poder Legislativo. Tarde demais, ao que parece,
não haverá mais trégua por parte dos congressistas que avaliaram que o STF está
usurpando o que diz a Constituição em seu artigo 2°, que trata da relação entre
os poderes.
Bancada do Pará
Com a
realização do Círio de Nazaré neste final de semana em Belém e nas semanas
seguintes em vários outros municípios do interior do Pará, vários congressistas
da bancada paraense nem compareceram em Brasília e votaram remotamente nas
sessões deliberativas e na sessão conjunta do Congresso Nacional, de
quarta-feira (4).
Congresso
Reforma
administrativa
Conforme
publicado no blog (aqui), a
articulação para colocar de pé um texto para tramitar uma reforma
administrativa, ampla geral e irrestrita, está em curso e o movimento ganhou
força esta semana com a reunião de seis frentes parlamentares que estão
discutindo o assunto.
O que dizem as frentes:
FPA
Para o
presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado federal Pedro
Lupion (PP-PR), as frentes têm pluralidade no Congresso, o que permite debater
um tema importante como a reforma administrativa. “Cada coisa que é aprovada
dentro do Congresso, eles [o governo Lula] gastam mais, e não é uma questão
exclusiva do Executivo. O Judiciário está do mesmo jeito”, argumentou, citando
a situação delicada para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de zerar o
déficit das contas públicas em 2024.
FPE
O
presidente da FPE (Frente Parlamentar do Empreendedorismo), deputado Joaquim
Passarinho (PL-PA), disse que o grupo evita falar do Projeto de emenda à
Constituição (PEC n° 32/2020), que só alcançaria o Executivo. “[Defendemos] uma
reforma administrativa, não necessariamente a PEC 32’’, disse.
No governo
Lula, a reforma está sob responsabilidade da ministra da Gestão e Inovação em
Serviços Públicos, Esther Dweck, que já falou que a proposta é aprovar projetos
em separado, de forma fatiada, e não tentar uma PEC. A ministra também deixou
claro que o governo não pretende mexer na estabilidade dos servidores públicos
federais.
Segundo
Passarinho, não é a PEC do “Bolsonaro e nem do Lula”. “Não estamos querendo
entrar nesse detalhe. A nossa ideia é a eficiência do gasto e como podemos
premiar e gratificar a boa produção do servidor público”, ressaltou.
No governo
passado, a PEC 32 foi alvo de fortes críticas por parte do funcionalismo
público, que mobilizou servidores ativos e aposentados para protestarem em
Brasília. Nos aeroportos, os parlamentares eram recebidos com faixas e
cornetas. Já nas galerias do Congresso, durante as discussões da matéria,
manifestantes entoavam o grito: “Quem votar, não volta”. Uma referência às
eleições que se aproximavam.
FCS
O
presidente da FCS (Frente Parlamentar do Comércio e Serviços), deputado
Domingos Sávio (PL-MG), avalia que é necessário acabar com o “estigma” de que a
reforma administrativa é contra o servidor. “Isso é um equívoco terrível. Não é
para tirar direito. É para modernizar e melhorar a gestão pública”, afirma.
Em um aceno
às categorias, o parlamentar diz que a máquina está inchada e pesada, o que
dificulta a concessão de reajustes salariais — cenário que, segundo ele,
poderia ser alterado pela PEC.
”Se a
reforma tornar a máquina mais eficiente, poderemos, no futuro, começar a pensar
em um serviço público com remuneração mais adequada, valorização de carreira,
plano de cargo e salário, para que as pessoas possam crescer lá dentro”,
argumenta o parlamentar.
Judiciário
Para
incluir o Judiciário na reforma, como defendem os parlamentares, seria
necessário uma PEC. E, mesmo assim, há uma discussão jurídica sobre a
necessidade de a proposta partir do próprio Judiciário.
FPLM
“Temos que admitir que há essa discussão. Eu discordo”, disse o deputado Marcel
van Hattem (Novo=RS), que é membro da Frente Parlamentar do Livre Mercado
(FPLM). “Há discussão de constitucionalidade. Mas, na minha opinião, quem
decide é a casa do povo”, acrescentou.
Supersalários
As frentes
também defendem a aprovação, pelo Senado, do projeto que trata dos
supersalários no setor público. Em tramitação no Congresso desde 2016, o texto
lista quais tipos de pagamentos podem ficar de fora do teto do funcionalismo
público, atualmente em R$ 41,6 mil mensais. Ou seja, regulamenta o
que é ou não um “penduricalho”, que é incorporado aos vencimentos, mas fica
fora do teto remuneratório do funcionalismo — que, no Brasil, tem como base o
salário dos ministros do STF.
Dados
Dados
compilados pelo Centro de Liderança Pública (CLP) apontam que 25,5 mil pessoas
faziam parte desse grupo seleto em 2022, o que representa 0,23% dos servidores
estatutários, aqueles que foram aprovados em concurso e têm estabilidade no
cargo. Apesar do número ínfimo, o impacto nos orçamentos públicos é
relevante: R$ 3,9 bilhões por ano. A cifra supera, por exemplo, as verbas previstas
para o ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que somam atualmente R$
3,5 bilhões. A maior parte do gasto está concentrada nos Estados (R$ 2,54
bilhões, cerca de 60%), seguidos da União (R$ 900 milhões) e dos municípios (R$
440 milhões).
Levantamento
Segundo o
levantamento, o valor máximo recebido por um servidor, em 2022, foi de R$ 302,2
mil mensais — cifra quase oito vezes superior ao teto vigente à época, que era
de R$ 39,3 mil, e 54 vezes maior que o salário médio de um funcionário público
no país, que no ano passado somava R$ 5,6 mil.
Reforma
tributária
Será que a reforma será votada em outubro?
Fim da
reeleição?
Um tema
caro à política nacional. A reunião do Colégio de Líderes do Senado, na
quinta-feira (5), discutiu, no contexto do avanço de propostas que limitam os
poderes do Supremo Tribunal Federal (STF), mudanças que afetam a classe
política, entre as quais, o fim da reeleição do Executivo, a unificação dos
pleitos e até mesmo a redução do mandato de senador.
Globetrotters
O ministro
da Fazenda Fernando Haddad, com roteiro próprio e grande comitiva de
congressistas liderados pelo presidente da Câmara dos Deputados, deputado
Arthur Lira (PP-AL), com seu próprio roteiro, tomam rumos diferentes e ganham o
mundo em dez dias de viagens oficiais, a partir da próxima terça-feira (10).
Índia e
China
Arthur Lira
deverá passar 10 dias de outubro fora do Brasil. Entre 10 e 20, o atual
presidente da Câmara viajará para a Índia e para a China, acompanhado dos
principais líderes partidários da Casa. A primeira parada de Lira será na Índia
para um encontro dos chefes de parlamento dos países do G20. Em 2024, a reunião
do P20, como é chamado o evento, deverá acontecer no Brasil.
Na sequência, o presidente da Câmara brasileira irá para a China, onde terá
encontros com parlamentares chineses e outras agendas empresariais.
Marrocos
Já Fernando Haddad viajará ao Marrocos, na terça-feira (10), para participar
das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial,
em Marrakech.
Segundo fontes do governo, o ministro embarca na terça-feira e só retorna ao
Brasil no sábado (14). Ele tem agendas previstas com o Banco Mundial e FMI,
além de reuniões bilaterais com os principais atores do G20, entre eles a
Índia. Fontes afirmam que os encontros serão focados no G20, na presidência do
Brasil à frente do grupo.
O encontro, entre os dias 9 a 15 de outubro, deve contar com a participação de
mais de 14 mil pessoas de todo o mundo, segundo informações do governo
marroquino.
De braços
cruzados
Enquanto
isso, no Brasil, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais da
Presidência da República, Alexandre Padilha, sem ter o que fazer, cruza os
braços.
Dezenas de matérias vitais para o governo estão expirando o prazo de votação.
Se não forem votadas, caem, por decurso de prazo.
— Esse é o Brasil.
De volta na
semana que vem
Um bom
Círio de Nossa Senhora de Nazaré a todos os leitores!
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as notícias
que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens exclusivas aqui
no Blog do Zé Dudu.
* Val-André Mutran – É correspondente doBlog do Zé Dudu em Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
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