Deputados campeões de gastos do Bancada do Pará em Brasília: Olival Marques (MDB), Renilce Nicodemos (MDB) e Delegado Éder Mauro (PL) (Foto: )
Bancada do Pará
O custo da
democracia I
O
contribuinte brasileiro paga com seus impostos não apenas os salários dos 513
deputados federais e 81 senadores que compõem o Congresso Nacional. Paga muito
mais. Estudo de pesquisadores das universidades de Iowa e do Sul da Califórnia
e da UnB quantificaram o custo dos congressistas no Brasil. Cada congressista,
custa US$ 5 milhões de dólares por ano, o equivalente a R$ 24.394.000, na
cotação desta sexta-feira (12).
O custo da
democracia II
As
conclusões do estudo revelam que; numa relação com a renda média dos cidadãos,
o Poder Legislativo no Brasil é o primeiro em despesas. O gasto com cada
congressista corresponde a 528 vezes a renda média dos brasileiros. O segundo
lugar é da Argentina. Lá, cada congressista custa o equivalente a 228 vezes a
renda média local. Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores compararam o
orçamento dos parlamentos e congressos de 33 países, compilados pela União
Parlamentar Internacional (IPU, na sigla em inglês); o Banco Mundial e o
escritório do FED (o Banco Central dos EUA) em St. Louis (no Estado do
Missouri).
O custo da
democracia III
Em 2020,
ano do estudo, o orçamento da Câmara e do Senado brasileiros somaram US$ 2,98
bilhões – ou 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Nos Estados Unidos,
o valor total chegou a US$ 4,73 bilhões, o que representa apenas 0,02% de tudo
que o país produziu naquele ano. O terceiro lugar em gastos totais ficou com o
Japão (US$ 1,12 bilhão, ou 0,02% do PIB), seguido pela Argentina (US$ 1,1
bilhão).
O custo da
democracia IV
“Tem uma
frase do professor Barry Ames, no livro The Deadlock of Democracy in
Brazil (O impasse da democracia no Brasil), segundo a qual, a tragédia
do sistema político brasileiro não é que ele beneficie as elites, e sim que ele
beneficia a si próprio”, diz o pesquisador Luciano de Castro, professor
associado na Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. “Você tem uma situação
em que o sistema político trabalha, em grande parte, para se beneficiar”,
ressaltou. Além de Castro, o artigo é assinado por Odilon Câmara (Universidade
do Sul da Califórnia) e Sebastião Oliveira, da Universidade de Brasília (UnB).
Câmara dos
Deputados
Em 2022, os gastos do Legislativo brasileiro, Câmara, Senado e Tribunal de
Contas da União torraram os R$ 14,5 bilhões de orçamento autorizado. O maior
limite de gastos é o da Câmara (R$ 6,95 bilhões), seguido pelo Senado (R$ 5,1
bilhões) e o Tribunal de Contas (R$ 2,4 bilhões) — apesar do nome, este último
não é parte do Poder Judiciário, e sim um órgão de assessoria do Legislativo. O
valor corresponde a pouco mais de US$ 3 bilhões, na cotação desta sexta-feira
(12)
Distorções
Sustentar a
mordomia de deputados e senadores custa uma fábula. O orçamento à disposição do
Legislativo em 2022 — ano das eleições gerais — foi maior que o de quatro
ministérios somados: Comunicações (R$ 4,2 bilhões); Meio Ambiente (R$ 3,6
bilhões); Turismo (R$ 3,5 bilhões) e Mulher, Família e Direitos Humanos (R$ 947
milhões). Também é maior que o montante disponível para o Ministério Público da
União (MPU), de cerca de R$ 8 bilhões.
Prioridade
máxima às mordomias I
Que o
eleitor/contribuinte jamais se engane, a maior parte do orçamento do
Legislativo irá para o pagamento dos salários e benefícios de congressistas e
servidores: R$ 6,43 bilhões. Só para a assistência médica e odontológica são R$
495 milhões. O segundo maior gasto é com aposentadorias e pensões, totalizando
R$ 5,5 bilhões, ou seja, gente que nem na ativa está.
Prioridade
máxima às mordomias II
Não
bastasse isso, Câmara e Senado dispõem de quatro superquadras residenciais
inteiras em Brasília para os apartamentos funcionais: em 2022, há R$ 21 milhões
reservados para a manutenção desses imóveis. Se o congressista decidir não
morar num desses imóveis, pode requisitar o auxílio-moradia: são R$ 105 milhões
reservados a esta finalidade naquele ano.
Prioridade
máxima às mordomias III
Além de
custar caro, a folha de pagamento do Legislativo federal é extensa, somando
mais de 20 mil pessoas. Dos três órgãos, a Câmara é de longe o que possui a
maior força de trabalho. Atualmente são 14.778 servidores comissionados,
efetivos (concursados) e estagiários, sendo o maior grupo o dos assessores dos
gabinetes (10.821), os chamados secretários parlamentares. No Senado há outros
6.132 servidores, sendo a maioria (4.121) de comissionados. Já o TCU conta com
outras 831 pessoas na força de trabalho.
Meu pirão
primeiro I
O analista
político e professor da Fundação Dom Cabral, Bruno Carazza, disse acreditar que
a origem das distorções mostradas no estudo é o fato de o Legislativo brasileiro
ter a última palavra na definição do Orçamento Público — e o fato de que este
poder não é sujeito a controle externo. “Os próprios parlamentares definem o
Orçamento do Legislativo e também os montantes do fundo eleitoral e partidário.
E como não há nenhum outro Poder para fazer o contrapeso, o que a gente observa
é que esses valores estão crescendo ano após ano. Isto torna a política cada
vez mais atraente: há mais dinheiro no sistema político-partidário e com
controles cada vez mais frouxos”, disse.
Meu pirão
primeiro II
Atualmente
envolvida num estudo no Capitólio, em Washington, sobre o funcionamento do
legislativo americano, a doutora em ciência política pela Syracuse University,
de Nova York, Beatriz Rey avalia que seria preciso qualificar a forma como cada
Congresso gasta para evitar comparações indevidas. “Como se trata de um ranking
de estatística descritiva, há fatores que podem impactar esse montante de
gastos nos Legislativos e que os autores não estão levando em consideração. Por
exemplo: o processo orçamentário em cada um desses países é muito diferente.”
Desperdício
A palavra
desperdício é a que melhor define o desprezo com o dinheiro público ao colocar
na ponta do lápis o custo dos congressistas no Brasil. Eles são muito caros
para o que entregam aos brasileiros.
Há alguma
esperança? I
O sistema
foi feito para todos nós não alimentarmos qualquer esperança de mudança nessa
verdadeira corte de um reino imaginário. Reduzir o número de penduricalhos das
duas casas, como: cotão, auxílio moradia e o gasto excessivo com assessores já
nos traria uma ótima economia anualmente, mas isso não está nos planos dos
deputados e dos senadores. Pelo contrário.
Há alguma
esperança? II
Os auxílios
dados aos congressistas em Brasília deveriam ser revistos, levando em conta a
situação econômica do país, mas, isso é encarado como uma interferência pelos
beneficiários. Outro estudo, este elaborado pelo Instituto Millenium, indica
que com alguns cortes nos benefícios dados aos nossos legisladores como fim do
auxílio moradia e redução de férias de 60 para 30 dias já traria economia de R$
2,3 bilhões aos nossos bolsos, mas sabem quando isso será debatido?
Fonte: Câmara dos Deputados. Pesquisa e organização Blog
do Zé Dudu – Coluna Direto de Brasília
Gastos e recursos
São dois os
chamados gastos e recursos dos deputados e senadores:
Cota Parlamentar – Chamada de Cota para o Exercício da Atividade
Parlamentar,
essa rubrica custeia as despesas do mandato, como passagens aéreas e conta de
celular. O valor varia de estado para estado, porque grande parte da cota é
gasta com passagens aéreas para Brasília. Algumas despesas são reembolsadas,
como as com os Correios, e outras são pagas por débito automático, como a
compra de passagens. Nos casos de reembolso, os deputados têm três meses para
apresentar os recibos. O valor mensal não utilizado fica acumulado ao longo do
ano – isso explica porque em alguns meses o valor gasto pode ser maior que o
teto mensal.
Na cota parlamentar estão relacionadas as despesas com: Divulgação do Mandato,
Telefonia, Passagem Aérea, Aluguel de Veículos, Material Escritório,
Combustíveis e Outros, como por exemplo: almoços e jantares.
Um salário
mínimo por um jantar
O
senadorGiordano (MDB-SP), por exemplo, liderando o ranking da gastança em
restaurantes. Ele torrou R$ 59 mil com 219 refeições em 2023. A maior despesa
foi feita na Cervantes, Tabacaria e Restaurante – R$ 1.314 (quase um salário
mínimo) num só banquete, no tradicional bairro paulista Cerqueira César, em
agosto. Foram servidas três Fraldinhas com Arroz Biro-Biro por R$ 390. Teve
ainda uma Moquequinha por R$ 189, um Bacalhau por R$ 168 e outros pratos.
Quatro refeições nesse restaurante custaram, em média, R$ 760.
Bom de
garfo
Em maio, um
dos três senadores eleitos pelo estado de São Paulo, o emedebista Giordano,
pagou R$ 1.024 por um jantar no restaurante Walju, no bairro Bela Vista.
Questionado, o senador afirmou que os pedidos são feitos em respeito às normas
legais, “estando restritos a compromissos de natureza política, funcional ou de
representação parlamentar, nos moldes do regramento estabelecido pelo Senado”.
Verba da
Gabinete
Atualmente,
cada deputado tem R$ 118.376,13 por mês para pagar salários de até 25
secretários parlamentares, que trabalham para o mandato, em Brasília ou nos
estados. Eles são contratados diretamente pelos deputados, com salários de R$
1.408,11 até o teto de R$ 16.640,22. Nessa rubrica é que congressistas
desonestos inflam o salário de alguns dos assessores para praticar a famigerada
“rachadinha”, ao dar uma esmola para o auxiliar e enfiar no bolso o resto da
quantia, que multiplicado pelo pagamento de 15 ou 25 laranjas, enriquece
qualquer um. Dezenas de congressistas a praticam, e nenhum nunca teve o mandato
cassado pelo crime por negligência dos agentes do estado que têm a obrigação
funcional de investigar o roubo desses picaretas. Se quisessem, esses agentes
pagos pelo estado para fiscalizar bandalheiras, se trabalhassem, certamente já
teriam colocado na cadeia vários desses “pobres coitados” representantes do
povo.
Confira na
Tabela abaixo como gastaram os recursos da Cota Parlamentar e da Verba de
Gabinete, os 17 deputados federais do Pará:
Fonte:
Câmara dos Deputados. Pesquisa e organização Blog do Zé Dudu – Coluna Direto de
Brasília
Aplicando
um filtro, confira a lista dos deputados por ordem de gastos com a Verba de
Gabinete:
Fonte:
Câmara dos Deputados. Pesquisa e organização Blog do Zé Dudu – Coluna Direto de
Brasília
Agora
confira a lista dos deputados por ordem de gastos com a Cota Parlamentar:
Continua na
próxima edição com o levantamento da atividade dos três senadores eleitos pelo
Pará.
De volta na
semana que vem
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as notícias
que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens exclusivas aqui
no Blog do Zé Dudu.
* Val-André Mutran – É correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
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