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Jantares nababescos nos mais caros restauranres de
Brasília e São Paulo foram pagos pelo contribuinte
Cobrança
antiga de providências, de eleitores/contribuintes, solenemente desprezada
pelos agentes de fiscalização do Estado, uma notícia chamou a atenção nesta
semana. Trata-se de uma citação da Procuradoria-Geral da República (PDR),
direcionada ao senador Alexandre Giordano (MDB-SP), por altos gastos com
combustíveis e festas em churrascarias. A “farra do cotão”, parece que agora
será investigada e o “liberou geral” tende a mudar, se resultar em punição de
algum de seus inúmeros praticantes com cadeira no Congresso Nacional.
Casquinhas
de camarão (R$ 210) e filé de Cambucu (R$ 274) servidos na mesa com vista para
o mar de Ubatuba, no litoral norte paulista. Rodízio com 18 cortes de carne (R$
210) em uma badalada churrascaria da capital paulista. Massas com molhos
variados (R$ 240) e tiramisù (R$ 27) de sobremesa no almoço de domingo em uma
tradicional cantina italiana de São Paulo.
Toda essa
farra gastronômica foi desfrutada no ano de 2023 pelo senador Giordano (MDB-SP)
e paga pelo contribuinte. Ao todo, o emedebista, que assumiu seu mandato no
Senado em março de 2021, com a morte do senador Major Olímpio, apresentou ao
Senado pedido de reembolso de despesas com combustível e alimentação em
restaurantes Vip de São Paulo, que chamaram atenção pelos valores.
As despesas
bancadas pelo Senado começaram já no primeiro dia do ano, com um almoço e um
jantar no Vasto, tradicional restaurante na Asa Sul, em Brasília, ao custo
total de R$ 533. Ainda em janeiro, durante o recesso parlamentar, Giordano
viajou para Ubatuba, no litoral paulista, onde não poupou dinheiro da verba de
gabinete para provar a casquinha de carangueijo no bem-avaliado Terra
Papagalli, na Barra da Lagoa, em uma tarde de quarta-feira (4/1), e pedir sete
pizzas no jantar do dia seguinte, numa demonstração de apetite fora do normal
ou, o que é mais provável, bancando uma festa entre “amigos” no
estabelecimento.
As notas
fiscais apresentadas por Giordano ao Senado mostram quais são os restaurantes
preferidos do senador. Entre eles estão, além do Vasto em Brasília, as
churrascarias Fogo de Chão, Rodeio e a Costellone Villares, algumas das mais
caras do Brasil, que ficam na zona norte paulistana, reduto eleitoral de
Giordano, a tradicional cantina Lellis Tratoria, que fica nos Jardins, e o
rústico Esch Café, na Alameda Lorena, na mesma região central da cidade.
A maior
despesa com refeição reembolsada pelo Senado foi no valor de R$ 1.024, em um
jantar de sexta-feira, no dia 5 de maio, em uma unidade da cantina Famiglia
Mancini, que oferece música ao vivo na Rua Avanhandava, no centro de São Paulo.
Na ocasião, o contribuinte pagou para Giordano cinco couverts (R$ 145), um
spaghetti à carbonara (R$ 130), três filés à parmegiana (R$ 444), um medalhão
ao funghi com fettuccine ao molho quatro queijos (R$ 145), entre outros itens e
bebidas — nenhuma alcoólica.
Assim como
os outros 80 senadores, Giordano teve aumento de salário neste ano, após
aprovação realizada pelo Congresso no apagar das luzes de 2022. O emedebista
recebe subsídio mensal bruto de R$ 41,650,92 mil — R$ 30,5 mil líquidos — desde
1° de abril de 2023, além de uma verba mensal indenizatória de R$ 30,2 mil para
custear despesas com alimentação, combustível, aluguel de escritório político,
material de consumo, divulgação da atividade parlamentar e passagens aéreas.
Todos os congressistas, passarão a receber em 1° de fevereiro de 2024, R$
44.008,52 mil, em seus contracheques.
Quem é
Giodano?
Um homem de
temperamento “fantasioso”, “galanteador quando quer negociar” e “vendedor de
fumaça”, foram as expressões ouvidas de ex-sócios e amigos que falaram à uma
agência de notícias em São Paulo sobre o empresário. Entre os relatos, uma
característica é quase unânime: o suplente do Major Olimpio (PSL-SP) gosta de
ostentar riqueza. A exibição do luxo se dá por relógios da marca suíça Rolex,
ternos da grife Camargo Alfaiataria e uísques caros. E pelo uso preferencial,
em algumas ocasiões, de helicóptero como meio de transporte. Mas, apesar da
exposição na mídia nos últimos tempos, seus negócios não são conhecidos pelo
público.
No pulso relógio Rolex, no dedo, anel de ouro
maciço com desenho de corvo: marca registrada do requintado ex-camelô, agora
empresário e senador da República por São Paulo
O inusitado
suplente, um empresário que coleciona processos judiciais — de não pagamento de
imóveis a invasão de terreno, passando por dívidas trabalhistas.
Ainda vivo,
o senador titular, Major Olimpio (PSL-SP), disse que o escolheu para a
suplência porque ele se colocou à disposição do partido para auxiliar na
organização do diretório paulista — presidido por Eduardo Bolsonaro — na
primeira grande disputa eleitoral da legenda. Ele transformou seu escritório —
localizado no mesmo prédio onde funcionava o diretório estadual do PSL até
julho deste ano — no comitê de campanha do major. É assim que o senador explica
a transferência de R$ 6,6 mil reais por locação de imóveis para uma das
empresas do suplente, a Enermade, que consta na prestação de contas da campanha
na época.
“Eu moro e
convivo na zona norte. E ali ele sempre gostou de política, era bastante ligado
— anteriormente, com o próprio pessoal do PSDB, com o Bruno Covas, ex-prefeito
de São Paulo, também morto há alguns anos vítima de um câncer, que é um cara
amigo dele. Quando eu vim para o PSL, ele começou a me ajudar com a organização
do partido. Não tem nenhuma ligação diferente disso”, disse Olimpio explicando
sua relação com o suplente.
Investigação
Segundo o
documento da PGR, o senador Giordano teria abastecido em dois postos de
combustíveis e gastado “valores exorbitantes”; além de “promover despesas de
alto valor em restaurantes e churrascarias de luxo”.
O órgão de
fiscalização aguarda o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal (STF) ao
pedido para intimação do senador Alexandre Luiz Giordano (MDB-SP), para
explicar a suspeita de uso indevido de verba indenizatória pelo exercício da
atividade parlamentar. O ofício foi registrado na última quinta-feira (18), e
só entrou no sistema agora, em protocolo, e chegou na manhã de terça-feira (23)
ao gabinete da ministra Cármen Lúcia, sorteada como relatora do processo.
O
Ministério Público Federal (MPF) observa que a quantidade de combustível
comprada pelo senador no mesmo dia é de “chamar a atenção”. Segundo a PGR,
foram 507,61 litros de gasolina e 188,67 litros de diesel em 19 de dezembro de
2022, “equivalente ao tanque de mais de 12 veículos de passeio”. Há, ainda,
menção a outra compra no mesmo estabelecimento, em 2 de janeiro de 2023, de
324,35 litros de gasolina.
“Diante
desse quadro, (…) mostra-se adequado franquear ao parlamentar noticiado a
oportunidade para prestar esclarecimentos acerca do caso”, acrescenta o ofício,
assinado pelo vice-procurador-geral da República Hindenburgo Chateaubriand
Filho.
Giordano
tomou posse no Senado em 31 de março de 2021, após a morte do titular Major
Olímpio, em decorrência da covid-19. O novo senador estava filiado ao PSL, após
passar por PSDB e PV.
À mídia,
Giordano afirmou que “a nota é referente a 15 dias de abastecimento” e que
“estão polemizando algo que não condiz com a verdade de um dia apenas”. Sobre
as festas nos restaurantes, o senador nada falou.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente
do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
administração
pública, PGR, Senado
Federal