Bancada do PL não abre mão da presidência da comissão principal da Casa (Foto: )
Mesmo
ciente do acordo que garantiu, no início de seu terceiro mandato, a destinação
ao PT a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e neste ano ao
PL, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer, de jeito nenhum, que seu
principal adversário assuma o colegiado.
Será nesse
clima de vale-tudo nos bastidores que a semana legislativa terá início. A ordem
do mandatário da Nação é que o PL não assuma a CCJ, e ponto final. Outro tema
central será como ficará a desoneração da folha de pagamento dos municípios. Os
prefeitos pressionam os deputados que elevem a cobrança ao Planalto para que a
desoneração seja mantida e não perca validade neste ano.
A
reportagem ouviu alguns deputados diretamente envolvidos nas negociação com o
governo para a desoneração da folha de pagamentos e o sentimento geral é
rejeição ao Projeto de Lei enviado pelo Executivo à Câmara dos Deputados, que
fez com que o governo reeditasse a Medida Provisória que acabava com a
desoneração de “fio a pavio”.
O governo
estuda propostas, mas deve ouvir prefeitos, deputados e senadores antes de
tomar uma decisão. Um dos caminhos é enviar um PL (projeto de lei) sobre a
desoneração da folha dos municípios, ou só revogar o trecho da MP que
estabelece a reoneração e não discutir o tema agora.
O
presidente Lula convocou para terça-feira (6) uma reunião com os líderes
partidários do Senado para melhorar a relação com os senadores, assim como fez
com os deputados duas semanas atrás.
Na Câmara,
o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), deve finalmente bater o martelo
sobre as presidências das comissões mais importantes da Casa nesta semana.
CCJ
Principal
assunto que deve tomar todas as atenções na semana, a disputa pelo comando da
CCJ, acordada anteriormente para o PL, mostra sinais que o acordo implodiu.
Partidos do Centrão, que tem o apoio do PT para não deixar a principal comissão
com o rival será uma disputa pesada. O PL não abre mão de presidir o colegiado.
A disputa
pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e CMO (Comissão Mista de Planos,
Orçamentos Públicos e Fiscalização) deve chegar ao fim nesta semana, abrindo o
caminho para a resolução em relação às outras comissões.
Como o PL
não desiste de reivindicar o comando da CCJ por ser o maior partido da Casa,
com 96 deputados, o PT trabalha para que a sigla do ex-presidente Bolsonaro não
fique com a maior comissão, o que estimulou o interesse do Centrão. No caso da
CMO, União Brasil, PP e MDB brigam entre si para angariar o Orçamento.
O principal
imbróglio em torno da CCJ é o acordo firmado no ano passado. Em 2023, o Partido
dos Trabalhadores presidiu a maior comissão, enquanto a legenda rival ficou com
o relatório do Orçamento. Neste ano, as posições seriam invertidas, mas o
governo não quer que o principal partido de oposição fique com o principal
colegiado da Casa.
A escolha
do nome do PL é vista como um problema pelo PT e pelo presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL). A deputada Caroline de Toni (PL-SC) foi selecionada pelo
presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e pelo líder da bancada na Casa,
Altineu Côrtes (RJ), para comandar o colegiado.
O governo e
Lira veem a congressista como “radical” e articulam para que ela não seja
priorizada. Para não abrir mão da comissão, a bancada do PL não descarta
rejeitar a congressista e indicar um nome de menor resistência, como o deputado
Luiz Carlos Motta (PL-SP), que foi o relator da Orçamento em 2023.
A
indefinição aumentou a possibilidade de a Comissão ser presidida por um partido
do centrão, o que alimentou a expectativa de União Brasil, PP e MDB.
Caso o PL consiga presidir a Comissão de Constituição e Justiça, a CMO passa a
ser o próximo alvo dos três partidos citados acima.
O PT, que
abriu mão da Comissão do Orçamento, espera equilibrar o cenário com o comando
de mais colegiados. O Partido dos Trabalhadores deseja as comissões de
Segurança Pública, Relações Exteriores, Meio Ambiente, Educação, Saúde e
Direitos Humanos — nesta ordem.
Os líderes
esperam que, resolvendo o impasse sobre as maiores comissões, as demais sejam
divididas por proporcionalidade de bancada, como era feito antes da reeleição
de Lira para a presidência da Câmara. Depois da reeleição, o deputado alagoano
negociou espaços em comandos de comissões em troca de amplo apoio.
Lula e líderes do Senado
A reunião
de Lula com os líderes de bancadas do Senado se dá depois da viagem do chefe do
Executivo à Guiana. O petista afirmou a jornalistas que pretende tornar os
encontros com o Legislativo rotineiro.
A pauta do
encontro não foi divulgada. Entretanto, a reunião se dá em momento que o
governo é alvo de críticas, inclusive do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), por ter mantido a reoneração dos municípios com mais de 142
habitantes na MP (Medida Provisória) 1.208 de 2024.
Lira com a caneta
O
presidente da Casa Baixa, Arthur Lira deve decidir nesta semana o comando da
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), da CMO (Comissão Mista de Orçamento)
e da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.
Enquanto
não há consenso, os colegiados seguem paralisados. O PL quer a CCJ, mas o PT
resiste ao nome proposto pelo partido.
CPI da Braskem
Na
terça-feira (5) a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) ouve às 9h os
depoimentos dos convocados, em que a presença é obrigatória.
CPI do Marajó
O senador
Magno Malta (PL-ES), quer intensificar, com a ajuda de senadores aliados, a
coleta das 27 (1/3 um terço) assinaturas para protocolar a abertura de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito na Casa para investigar as denúncias de
pedofilia e tráfico de órgãos que supostamente estariam acontecendo em
municípios que compõem o Arquipélago de Marajó, no estado do Pará.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente
do Blog do Zé Dudu em Brasília.