Ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Flávio Dino, provocaram tremores de grandes proporções nos arraiais políticos ao longo da semana (Foto: )
A semana
Tremor
O abalo sísmico de grande proporção com epicentro na Praça dos Três
Poderes, em Brasília, indica que vêm por aí, abalos secundários no decorrer das
próximas semanas. Com um detalhe: embora saibam muito bem do poder de suas
canetas, Flávio Dino e Alexandre de Moraes arrastaram o poder que representam
para dentro de uma crise que ninguém sabe onde chegará, muito menos os seus
resultados, de curto ou longo prazo.
E agora?
Nesta sexta-feira (16), o Plenário Virtual do STF, formou maioria para
manter a suspensão das emendas parlamentares, acatando a decisão monocrática de
Flávio Dino. Escabreados, congressistas temem operação policial para investigar
destinação dos recursos de emendas Pix.
Flávio Dino, indicado por Lula
e aprovado pelo Senado, assume a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal
Vício de origem
Não foi por falta de aviso que os inquéritos – considerados
inconstitucionais por um sem número de juristas – criados por obra e graça da
passagem de José Antonio Dias Toffoli pela presidência do STF, nomeando, de
ofício, Alexandre de Moraes para presidir coisas como Atos Antidemocráticos,
Milícias Digitais e, sabe-se lá Deus, mais o quê, nunca encerrados, após cinco
anos, poderia ter um final feliz.
Recrudescimento
Embora o procurador-geral da República, Paulo Gonet, tenha arquivado
notícia-crime apresentada pelo Novo na quarta-feira (14) contra o ministro
Alexandre de Moraes por suposta falsidade ideológica e formação de quadrilha, o
próprio STF voltou à roda e vai sofrer, quem sabe, um desgaste ainda maior em
sua imagem.
O tempo dirá!
Auxiliares diretos do ministro
Alexandre de Moraes, as conversas entre o ex-chefe da Assessoria Especial de
Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro (de terno), e Airton
Vieira, juiz instrutor de Alexandre de Moraes no STF, incomodaram o chefe
Vem mais por aí
A notícia da Folha de S. Paulo, revelando diálogos entre auxiliares do gabinete
de Moraes, ainda deve render uma série. Será escancarado como juiz não preside
julgamento se ele é parte, se ele é o ofendido, se ele é o queixoso. Juiz não
investiga, juiz não acusa, juiz não é Ministério Público nem advogado de
defesa. Juiz é juiz. É uma questão tão simples. Isso começou mal e vai terminar
pior, não há como terminar melhor o que começou mal. O Supremo legalizou tudo e
faltou prudência. A conta vai chegar, só não se sabe o tamanho e o estrago que
fará.
Balão de ensaio
Na quinta-feira (15), houve a tentativa do presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), com o reforço do seu colega do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e
mais 11 partidos, para que o presidente do STF, Luís Roberto Barroso anulasse a
liminar de Flávio Dino, que suspendeu as emendas parlamentares ao Orçamento.
Barroso não acatou o pedido.
Desengavetado
Lira resolveu jogar com as armas que tem. Numa só tacada, desengavetou e enviou
à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta sexta-feira (16), duas
Propostas de Emenda à Constituição (PEC) que limitam o poder do Supremo
Tribunal Federal (STF), já aprovadas pelo Senado.
A toque de caixa
Ninguém duvida que, com a maioria dos votos do Centrão, e até de partidos
que se dizem aliados do governo Lula, incluso o próprio PT, as PEcs não terão
dificuldade de serem aprovadas.
Risco calculado
A reação já era esperada pelo STF, que vê no movimento um risco calculado
com a decisão de hoje. Vem na esteira após a Corte formar maioria no plenário
virtual para manter a decisão do ministro Flávio Dino, de suspender não apenas
as “emendas Pix”, mas as individuais (obrigatórias) – um exagero –, e as de
Bancada. Dino exigiu que o Congresso crie regras para a execução desses
recursos que observem requisitos de transparência, rastreabilidade e
eficiência.
Próximos capítulos
Essa novela vai longe, será convidado, mesmo que não aceite entrar na roda,
o próprio presidente Lula, que pode ser retaliado no Congresso, a partir do
corpo mole na votação de sua agenda de governo. O indício foi a desaceleração
para concluir a votação do segundo PLP da Regulamentação da Reforma Tributária,
adia para o dia 26 de agosto. É um aviso.
Os eletrizantes desdobramentos tomarão ainda mais corpo na semana que vem.
Começou
A campanha eleitoral começou oficialmente nesta sexta-feira (16), quando
candidatos a prefeito e vereador poderão, enfim, se apresentar aos eleitores e
pedir votos. A disputa neste ano promete ser acirrada, com sete das dez maiores
cidades do país mostrando um cenário com chuvas e tempestades, sem uma
sinalização clara de quem será o vencedor nas urnas.
Favorito
No Pará, talvez, dos principais municípios, apenas Marabá já dá como certa
a vitória do candidato do MDB, Chamonzinho, deputado estadual mais votado nas
últimas eleições para a Assembleia Legislativa. Nos demais, nem Mãe Dinah se
arrisca.
Inelegíveis
O Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE-PA) apresentou ao Tribunal
Regional Eleitoral (TRE-PA), na quarta-feira (14), a relação que contém mais de
850 registros de gestores condenados administrativamente sem possibilidade de
recurso no período de outubro de 2016 a agosto de 2024. Ou seja, estão
inelegíveis. A relação completa dos artistas você confere aqui.
Bancada do Pará
Chegou a hora
O deputado federal Airton Faleiro (PT-PA) era o único parlamentar da
bancada paraense presente na segunda-feira (12), na audiência pública promovida
pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados,
para debater a proposta que fixa o número de deputados por estado para a
próxima legislatura. Chegou a hora de os deputados cumprirem com o seu dever e
resolver a distorção que se firmou há anos. A atual distribuição não é alterada
desde 1993, mesmo com as mudanças na demografia brasileira.
Deputado federal Airton
Faleiro (PT-PA), defendeu as quatro vagas a mais, que serão acrescidas as
atuais 17, totalizando 21, que cabem ao Pará, na representação dos estados e do
DF na Câmara dos Deputados
Decurso de prazo
O Projeto de Lei Complementar (PLP
nº 148/2023) baseia-se no Censo de 2022 para definir quantos deputados
federais cada estado e o Distrito Federal terão direito a partir de 2027. Se os
deputados não legislarem, quem o fará será o Tribunal Superior Eleitoral, uma
vez que o STF deu prazo até o dia 30 de junho do ano que vem para que o
Congresso faça a redistribuição das vagas. O PLP pode ser arquivado por decurso
de prazo, e o TSE legislará sobre o tema.
Mais quatro para o Pará
Airton Faleiro disse que o Estado do Pará, já em 2010, tinha direito a mais
quatro cadeiras além das 17 que já possui na Câmara dos Deputados. “O Governo
do Estado entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão do
Congresso, para corrigir essa distorção. O STF deu ganho de causa ao Estado,
por unanimidade, e estabeleceu o prazo até 30 de junho do ano para que vem para
que o Congresso decida a matéria. Se o Congresso não decidir, o Tribunal
Superior Eleitoral vai decidir a matéria a partir de 1º de julho, para garantir
essa correção”, explicou.
Plenário vazio da Câmara dos
Deputados. São 513 cadeiras distribuídas de acordo com a população de cada
Estado e do DF
Perdas e ganhos
Não adianta o deputado paraense pedir pressa aos colegas. Muitos Estados
perderão vagas, outros ganharão. “Hoje os Estados têm, no mínimo, 8 e, no
máximo, 70 deputados. Nós temos que achar uma equação. Precisamos achar uma
solução. Não adianta nós dizermos que o Judiciário está legislando. Aqui se
trata de omissão. Nós precisamos avançar numa proposição e cumprir o nosso
papel, o papel de quem determina as regras do jogo, inclusive para que os
tribunais se comportem a partir da decisão do Congresso. Se não fizermos isso,
não poderemos reclamar, porque o Tribunal Superior Eleitoral terá que decidir”,
advertiu Faleiro.
Serra Pelada
A Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado aprovou, na
terça (13), requerimento do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), que
questiona o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) sobre quais
providências o governo Lula está adotando para solucionar os “litígios” entre
garimpeiros e a Vale pela exploração mineral em Serra Pelada, no Pará.
COP 30
Aguarda despacho da Mesa Diretora do Senado o Requerimento n° 431, de 2024,
do senador Zequinha Marinho, que requereu realização de Sessão de Debates
Temáticos no Plenário, para discutir a participação do Brasil como país-sede da
COP 30, a ser realizada na cidade de Belém, no Pará, em 2025.
Barranco de ouro no garimpo de
Serra Pelada (PA), no início da exploração nos anos 80 do século passado
Solução
Reunião na terça-feira (13), sob o comando do deputado federal Joaquim
Passarinho (PL-PA), presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE),
discutiu com os membros do colegiado, alternativas e soluções para resolver
definitivamente o descalabro criado pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz
Marinho, ao editar a Portaria nº 3.665/2023-MTE, suspensa em 2024 e reeditada
logo depois, com vigência para o início de 2025, do fechamento do comércio aos
domingos e feriado em todo o Brasil.
Trabalhadores do Brasil!
O ministro, oriundo dos quadros do Partido dos Trabalhadores, vejam só, quer
impor aos empresários, goela abaixo, a volta do rame rame dos sindicatos para
apitar quando e se pode abrir o seu estabelecimento comercial. É inacreditável
a postura do ministro, não fosse o estrago sem tamanho que causa na
popularidade do chefe, Luiz Inácio Lula da Silva, junto ao empresariado. Mas,
isso, ao que tudo indica, lhes parece apenas um detalhe.
Na cabeceira à direita, o
deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA) fala ao colegiado da FPE, ao lado
do colega, à esquerda, deputado federal Luiz Gastão (PSD-CE)
No voto I
A poderosa FPE vai apoiar dois projetos para dar uma solução definitiva ao
retrocesso que quer impor o implicante ministro. O primeiro é o PLP nº
405/2023, do deputado Luiz Gastão (PSD-CE), que susta o efeito da portaria. A
matéria está pronta para ser votada em Plenário e com rito de Urgência
aprovada.
No voto II
E a solução mais duradoura, foi apresentada pelo próprio Joaquim
Passarinho, autor do PL nº 5.552/2023, que autoriza permanentemente o trabalho
aos domingos e feriados para o comércio em geral. A matéria aguarda parecer do
relator na Comissão de Trabalho (CTRAB) da Câmara dos Deputados, e Passarinho
discute com os colegas se apresentará o pedido de urgência para a sua
apreciação.
Poder & Governo
Lançamento
A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e a Secretaria da Mulher da
Câmara dos Deputados lançaram na terça-feira (13) o Guia Acessível para a
Candidatura das Mulheres (disponível
aqui). O guia foi elaborado em linguagem simples e feito em formato
acessível com a intenção de ajudar mais mulheres a entrarem na política e
ocuparem espaços de poder.
A bancada feminina; ao centro,
agachado, o presidente da Câmara, Arthur Lira
Conteúdo
A publicação traz conteúdos que vão auxiliar as mulheres candidatas a conhecer
as regras corretas para prestar contas, arrecadar verbas, receber recursos
partidários, lutar pelo horário eleitoral gratuito de rádio e televisão, entre
outros pontos.
De volta na semana que vem
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as
notícias que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens
exclusivas aqui no Blog do Zé Dudu.
* Val-André Mutran – É
correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
** Esta Coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Blog do Zé Dudu e é
responsabilidade de seu titular.