Igor Normando (MDB) vence com folga em Belém, e Zé Maria Tapajós (MDB) conquista Santarém em eleição apertada (Foto: )
Repetindo a apuração mais rápida nas capitais, nessas eleições, o candidato Igor Normando (MDB) venceu a disputa pela prefeitura de Belém com 56,38% dos votos. O deputado federal Éder Mauro (PL) ficou com 43,62%. Igualmente, em rápida apuração, alguns minutos após as 18h, o também emedebistas Zé Maria Tapajós era eleito em Santarém, com 51,79% dos votos, enquanto JK do Povão (PL) ficou com 48,21%. As duas vitórias consagram a estratégia do MDB, liderado pelo governador Helder Barbalho, que se desdobrou nessa segunda etapa das eleições municipais.
Perder em Belém e em Santarém era uma possibilidade real, o que abriria mais dois flancos importantes no estado contra a intenção de voos mais altos do governador, que planeja a vaga de vice-presidente na chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026 ou, pelo menos, uma vaga no Senado.
As derrotas em Marabá e em Parauapebas, duas das mais importantes cidades do Pará, ainda estão entaladas na garganta do governador, em resultado surpreendente após a contagem das urnas, ainda no primeiro turno.
Com a vitória maiúscula, Barbalho isola duas lideranças em ascensão no Pará, que, na prática, permanecem como “calos no sapato” do governador. O deputado federal Delegado Éder Mauro e o vereador JK do Povão, ambos do PL, continuam exercendo seus mandatos até 2026, adiando os planos da direita de um maior crescimento nessas eleições.
De olho no crescimento, também maiúsculo neste ano, o MDB dá a largada ao lado do PSD do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, à corrida eleitoral majoritária de 2026, comandando, cada um, quatro das maiores prefeituras do Brasil. Veja o resultado por partido das 26 maiores capitais do país, uma vez que, em Brasília, não há eleição municipal.
Confira as capitais por partido:
MDB
São Paulo (SP) – Ricardo Nunes
Macapá (AP) – Dr. Furlan
Boa Vista (RR) – Arthur Henrique
Porto Alegre (RS) – Sebastião Melo
Belém (PA) – Igor Normando
PSD
Belo Horizonte (MG) – Fuad Noman
Rio de Janeiro (RJ) – Eduardo Paes
Curitiba (PR) – Eduardo Pimentel
Florianópolis (SC) – Topazio Neto
São Luís (MA) – Eduardo Braide
União Brasil
Salvador (BA) – Bruno Reis
Teresina (PI) – Silvio Mendes
Natal (RN) – Paulinho Freire
Goiânia (GO) – Sandro Mabel
PL
Rio Branco (AC) – Tião Bocalom
Cuiabá (MT) – Abílio Brunini
Maceió (AL) – JHC
Aracaju (SE) – Emilia Correa
PSB
Recife (PE) – João Campos
PP
João Pessoa (PB) – Cícero Lucena
Campos Grande (MS) – Adriane Lopes
Republicanos
Vitória (ES) – Lorenzo Pazolini
Podemos
Porto Velho (RO) – Léo Morais
Palmas (TO) – Eduardo Siqueira
Avante
Manaus (AM) – David Almeida
PT
Fortaleza (CE) – Evandro Leitão
Esquerda definha e luz do pânico acende no PT
Esfacelados após a apuração final das eleições de 2024, no último domingo (27), PT, PSDB e PDT caminham para o cadafalso. Se não corrigirem a estratégia para 2026, a tendência será apelar para o rosário, com muitas orações, e aos ateus, resta sentar-se à mesa e estruturar novas federações para tentar dar rumo à Nau dos Desesperados.
Num momento de renovação no comando, com a saída da deputada federal Gleise Hoffmann (PT-PR) da presidência do partido, a legenda se engalfinha numa disputa feroz pela indicação do novo ocupante da cadeira que dirige os rumos do partido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele, aliás, já indicou que quer o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, cidade do interior de São Paulo, e que sequer teve a competência de eleger seu sucessor, Drº Lapena, na disputa deste ano. Outros nomes são apresentados a conta gotas, pois as suscetibilidades do partido estão registrando altas temperaturas, mas, quem pensa que esse desarranjo beneficia o outro lado do espectro político, se engana.
A vitória do PL nesse pleito não subscreve a até então inquestionável liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no campo oposto, que não para de dar sinais de se tratar de um dos mais desastrados estrategistas políticos do país.
Em 2020, ele não se envolveu na disputa municipal, e não queria falar com o presidente do seu então partido, o PSL, comandado pelo deputado federal Luciano Bivar (PE). Agora, o ex-presidente se diz prejudicado pela Justiça, por querer contato com o de sua atual legenda, o PL de Valdemar Costa Neto, e ter sido impedido por ordem judicial.
Apesar da toada em 2024 não ter sido tão ruim para o partido, foi singular para Bolsonaro, que tem sua liderança questionada, principalmente em São Paulo, onde atuou com um pé na canoa de Ricardo Nunes, que acabou se elegendo com total apoio e presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e outro na canoa do coach Pablo Marçal, num movimento de “duas caras”, fatal no mundo político.
Outros partidos sentiram o baque de 2024. O PDT convocou uma reunião da direção da legenda nesta segunda-feira (28) e cogita expulsar de seus quadros o ex-governador Ciro Gomes, que trabalhou contra a legenda na eleição de Fortaleza, a única em que o PT venceu, em disputa voto a voto com o candidato do PL.
O fato geral é que Brasília retoma os trabalhos no Congresso Nacional nesta segunda-feira (28), mas o rescaldo das eleições de 2024 durará meses.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
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