Retrato divulgado para a posse de Donald Trump exibido na National Portrait Gallery, em Washington - Foto: EFE/ Pari Dukovic /Instituto Smithsonian/Galería Nacional de Retratos (Foto: )
O dia 20 de janeiro de 2025 é,
talvez, um dos mais esperados deste ano porque é nesta data que uma série de
eventos começam a se definir em todo mundo. É neste dia em que Donald Trump
toma como posse como o novo presidente dos Estados Unidos pela segunda vez. Os
olhos todos que, atentamente, acompanharão a cerimônia pensam saber, ao menos
em partes, como é um dos maiores magnatas do planeta como o líder da maior
economia do mundo, porém, ele pode sempre surpreender.
Nesta sexta-feira (17), Trump
anunciou o lançamento de sua própria criptomoeda - $TRUMP -, além de já ter
feito inúmeras citações bastante polêmicas desde que foi eleito em novembro
último, com um resultado que surpreende uma boa parte dos estudiosos da política
norte-americana. Neste domingo (19), Trump fez seu último comício antes das
festividades, previstas para acontecerem às 14h (horário de Brasília) desta
segunda-feira e sob temperaturas muito baixas, com a possibilidade de recorde
de frio, além de Washington já ter declarado emergência por frio extremo.
Preparativos para a posse de
Trump
"A cortina se fecha em
quatro longos anos de declínio americano, e começamos um novo dia de força e
prosperidade americanas, dignidade e orgulho. Trazendo tudo de volta de uma vez
por todas", disse durante o evento.
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O que os especialistas consideram
é que o presidente chega à Casa Branca em um cenário geopolítico distinto do
que o de 2018, quando Trump teve seu primeiro governo, com mais coflitos em
andamento, em um mundo pós pandemia, com o protecionismo crescente e com as
relações diplomáticas ainda mais fundamentais para as relações comerciais
avançarem, se estagnarem ou até mesmo regredirem.
Então, por enquanto, o que se faz
é especular, questionar, responder o que é possível e, claro, esperar.
CHINA x EUA
Como será a nova era Xi-Trump?
Essa é a pergunta que todos os agentes de mercados e players do cenário global
- em especial os de comércio - se fazem neste momento, a seis dias da posse do
novo presidente americano. A Casa Branca terá um novo líder a partir do dia 20
e, embora Trump já tenha exercido esta função, os momentos são outros, as
demandas são outras e, talvez, as metas do empresário enquanto chefe de estado
da maior economia do mundo também não sejam exatamente as mesmas.
As mudanças são tantas que Donald
Trump até mesmo convidou Xi Jinping para estar em sua posse neste dia 20. Só o
convite já gerou uma verdadeira euforia no mercado que dias precificou sua ida,
dias o seu não comparecimento e em outros, a ida de um representante. Em todos,
porém, há sinais claros que o mercado pode receber sobre como será a conversa
entre os dois chefes de estado.
"A China está enfrentando
uma repetição das tensões e incertezas da primeira presidência de Donald Trump
, só que com uma economia mais fraca e ainda mais dependente das exportações do
que durante a primeira guerra comercial com os EUA", noticia a agência
britânica de notícias Bloomberg.
Deflação persistente, demanda
fraca do consumidor, uma crise imobiliária prolongada e uma moeda sob pressão.
Estes são, segundo analistas internacionais, apenas alguns dos persistentes que
Pequim vem enfrentando. E embora desde o final do ano passado a China venha
implementando medidas para tentar reviver sua economia, ainda de acordo com a
Bloomberg, "o crescente protecionismo nos EUA e outros grandes parceiros
comerciais pode ameaçar um dos motores de crescimento mais confiáveis da
China".
Temendo um nova fase de tarifas
elevadas e de um comércio, portanto, cada vez mais desafiador, companhias de
diversos setores se adiantaram em suas compras, buscando evitar os impactos
recentes dos novos tempos. Deste modo, apensas em dezembro do ano passado, as
exportações chinesas para os EUA foram de US$ 50 bilhões em mercadorias,
registrando o maior faturamento desde meados de 2022.
Em todo 2024, as exportações da
China para os EUA ultrapassaram meio trilhão de dólares, tendo sido fortemente
impulsionadas por essa antecipação antes do início efetivo do Governo Trump
II.
Gráfico: Bloomberg
"Se os EUA impuserem novas
taxas à China, Pequim pode retaliar com suas próprias tarifas, como fez antes.
O governo da China vem tentando comprar menos commodities dos EUA e mais
do Brasil, Rússia e outras nações mais amigáveis, como parte de um esforço de
anos para diversificar suas relações comerciais, incluindo a assinatura de
acordos comerciais com nações do Sudeste Asiático e a criação da maior zona
livre de tarifas do mundo. Isso reduziu a exposição aos EUA, mas também pode
tornar qualquer retaliação por meio de tarifas sobre produtos dos EUA ainda
menos eficaz do que da última vez", complementa a agência internacional.
SOJA NO CORAÇÃO DO CONFLITO
Novamente, a soja deverá estar no
centro das relações entre Donald Trump e Xi Jinping, entre Washington e Pequim.
Além da competitividade da soja americana que foi recentemente observada no
mercado global por conta de uma safra maior em relação à última temporada, os
compradores chineses também se adiantaram nas operações antes da posse do
empresário.
A China entra em 2025 com uma
cobertura quase completa nas suas compras de soja para os primeiros meses do
ano, não só se adiantando a Trump, mas também se preparando para o feriado do
Ano Novo Lunar, o mais importante do país. E o registro é de que os compradores
chineses já têm redirecionado suas compras para o mercado do Brasil, todavia,
com a chegada da nova oferta deixando a oleaginosa brasileira mais atrativa
para os importadores.
Há, naturalmente, mais fatores
que estimulam as compras da China pela soja brasileira, no entanto, é certo
dizer que foi a guerra comercial desencadeada há cinco anos que consolidou o
Brasil como maior exportador global da commodity. "O mercado da soja já
tem vivido uma guerra comercial", afirmou Eduardo Vanin, analista do
complexo soja da Agrinvest Commodities, em suas últimas entrevistas ao Notícias
Agrícolas.
Segundo analistas e consultores
de mercado, a tendência é de que a China registre um novo ano de recorde nas
suas importações de soja, como aconteceu em 2024. No ano passado, as aquisições
da nação asiática somaram 105 milhões de toneladas, 6,5% a mais do que no mesmo
período do ano anterior. Deste montante, todavia, a maior parte não foi de soja
dos Estados Unidos, mas sim do Brasil.
Gráfico: Karen Braun
Para a temporada 2024/25, de
acordo com as estimativas do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos), a gigante asiática se deverá importar 109 milhões de toneladas,
podendo renovar seu recorde e as expectativas são agora de entender qual será a
principal origem dos maiores volumes e a maior expectativa é de que seja, mais
uma vez o Brasil.
"A soja é um produto crucial
entre a China e os EUA, destacando o quão interdependentes os dois países são,
disse Zhang Xiaoping, diretor da China no Conselho de Exportação de Soja dos
EUA ao portal South China Morning Post. "A soja americana é conhecida por
sua alta qualidade e fornecimento estável, enquanto a demanda da China
permanece forte. Isso torna o comércio de soja vital para ambos os
governos".
Especialistas reforçam ainda
sobre a importância fundamental que o setor do agronegócio tem para a economia
norte-americana e que Trump tem ciência disso e que os produtores rurais têm
sido uma parcela importante de seus apoiadores, como aconteceu na primeira vez
em que se elegeu presidente dos EUA.
"Os EUA são um exportador
agrícola global tão importante, o que significa que seus lobbies agrícolas e
exportadores agrícolas estão desproporcionalmente expostos a retaliações",
disse Nick Marro, analista-chefe de comércio global da Economist Intelligence
Unit (EIU) também ao South China Morning Post.
E apesar do acordo assinado entre
os dois países para a "fase um" do acordo em 2020, desde 2021 as
compras de soja da China nos EUA vêm apresentando um declínio. Em 2022, Joe
Biden manteve as tarifas sobre alguns produtos chineses, uma vez que as
informações e os números dão conta de que Pequim não cumpriu parte do acordo -
que contava com a necessidade de um volume mínimo de compra de produtos
norte-americanos.
COMO MAIS O AGRO PODE SENTIR?
É fato que todo o comércio global
pode sentir efeitos do novo governo de Donald Trump. Para o agronegócio,
especificamente, o produtor rural e um dos maiores estudiosos do agro
brasileiro, Ricardo Arioli, em seu programa semanal Momento Agrícola selecionou
alguns destes efeitos.
Entre os principais está o crescimento
do protecionismo - alerta feito por praticamente todos os
especialistas ouvidos sobre o novo presidente dos Estados Unidos - bem como as
relações internacionais impactando diretamente nas comerciais, como é o caso do
Canadá e do México, como dois exemplos próximos.
Em 2023, os EUA abriram um painel
na OMC (Organização Mundial do Comércio) depois que o México proibiu
a importação de milho transgênico americano. Os Estados Unidos
venceram sob a alegação de que a imposição mexicana não estava baseada na
ciência. Na mesma relação, há ainda a preocupação em relação às questões
ligadas à imigração e a todos os desdobramentos que envolvem essa
discussão.
Do mesmo modo, com o Canadá,
o cenário parece ser mais simples na visão de Trump, já que ele entende que o
país não sobreviveria sem o comércio com os EUA e que, por
isso, há sua intenção de anexar o Canadá com um estado dos Estados
Unidos.
"“Em 20 de janeiro, como uma
das minhas muitas primeiras ordens executivas, assinarei todos os documentos
necessários para cobrar do México e do Canadá uma tarifa de 25% sobre TODOS os
produtos que entram nos Estados Unidos e suas ridículas fronteiras abertas”,
escreveu Trump na rede Truth Social, em novembro, segundo traz uma notícia da
Gazeta do Povo.
Com os carros elétricos em
evidência e o presidente americano classificando-os como "a nova fraude
verde", as expectativas eram de que os biocombustíveis poderiam
ter apoio e incentivo garantidos com o novo governo, o que não se confirmou.
"Parece que o negócio de Trump é o petróleo mesmo. Energia barata é
fundamental para que a indústria americana prospere novamente, para o controle
da inflação, o que também foi prometido por Donald Trump durante a
campanha", explicou Arioli durante o Momento Agrícola.
O olhos do agronegócio brasileiro
estão também sobre o mercado de carne bovina. No ano passado, os
EUA foram o segundo maior comprador do produto brasileiro, ficando atrás apenas
da China, tendo adquirido 229 mil toneladas da proteína animal. "Será que
podem vir tarifas sobre a carne importada do Brasil? Poder até pode, mas a
situação da pecuária americana de corte está bem complicada. O rebanho é o
menor desde 1951 e para mudar isso leva tempo, o que faz com que eles precisem
continuar importando nossa carne", detalha o produtor.
De outro lado, Arioli lembra que
tarifas poderiam ser colocadas na carne brasileira, no entanto, justamente para
a promoção de uma recuperação da pecuária dos EUA.
Como se tudo isso já não
bastasse, o comando da FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos),
uma espécie de Anvisa dos EUA, nas mãos de Robert Kennedy Jr. também chama a
atenção, uma vez que as especulações dão conta de que ele poderia rever as
normas para a aplicação de defensivos agrícolas nas lavouras
norte-americanas, causando impactos do campo à mesa dos consumidores finais.
Kennedy Jr. prometeu reformular a instituição.
>> Clique AQUI e veja os comentários de Ricardo Arioli
na íntegra no Momento Agrícola
QUEM VAI ESTAR LÁ?
Embora fosse um dos nomes mais
comentados, Xi Jinping não deverá estra presente na posse de Donald Trump. O
vice-presidente chinês, Han Zheng, no entanto, já está confirmado. Estão também
entre a lista dos presentes o presidente da Argentina, Javier Milei; a
primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni; presidente do Equador, Daniel
Noboa; Subrahmanyam Jaishankar, ministro das Relações Internacionais da Índia,
e Takeshi Iwaya, ministro das Relações Exteriores do Japão.
Donald Trump e Xi Jinping -
Foto: Saul Loeb/AP
O líder político da Venezuela,
Edmundo González, que disputou as eleições com Nicolas Maduro e teve sua
vitória reconhecida pelos EUA, também foi convidado. Outra lista de confirmados
importantes são os CEOs de grandes nomes da tecnologia além de Elon Musk - que
integra seu governo -, como Jeff Bezos da Amazon; Tim Cook da Apple, Sundar
Pichai do Google, Mark Zuckerberg da Meta e Shou Zi do TikTok, conforme informa
a Gazeta do Povo.
Donald Trump e Elon Musk -
Foto:Anna Moneymaker/Getty Images
Entre os convidados está também o
ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e sua esposa, Michele, assunto que
rendeu manchetes à imprensa brasileira durante as últimas semanas. Afinal, o
ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, negou mais de uma
vez sua ida a Washington para a cerimônia. Eduardo Bolsonaro, filho do
ex-presidente já está nos EUA e foi questionado pelo filho de Trump sobre seu
pai. Michelle, porém, está no país e poderia, inclusive, se encontrar com
Melania Trump, a esposa do presidente americano.
Trump Jr. e Eduardo Bolsonaro -
Foto: Redes Sociais/Divulgação
O governo brasileiro será
representado apenas pela embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza
Viotti. Uma comitiva de ao menos 21 deputados federais de oposição ao governo
também deverá acompanhar a cerimônia.
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Carla Mendes | Instagram
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Fonte:
Notícias Agrícolas