O Boletim de Acompanhamento nº 06/2020 do projeto-piloto Monitoramento
COVID Esgotos, que traz resultado das amostras de esgoto coletadas nos sistemas
de esgotamento sanitário das bacias do Arrudas e do Onça, em Belo Horizonte e
Contagem (MG), aponta novo crescimento na detecção do COVID-19 no esgoto. Com
resultados das amostras coletadas de 8 a 12 de junho, o boletim aponta que,
pela primeira vez, 100% das amostras de esgoto da bacia do Arrudas testaram
positivo para a presença do novo coronavírus.
Nessa bacia os
percentuais de amostras positivas já haviam aumentado de 71% para 86% nas
semanas anteriores do projeto, conduzido pela Agência Nacional de Águas (ANA) e
pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de
Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis/UFMG), em parceria com a Companhia
de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas
(IGAM) e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Na bacia do Onça, por
três semanas consecutivas, 100% das amostras resultaram positivas para a
presença do novo coronavírus, segundo o boletim.
A estimativa de
população infectada também aumentou na mais recente semana de coletas, chegando
a 11,7% da população atendida por uma das sub-bacias de esgotamento analisadas,
em um dos pontos de coleta. Na semana anterior (de 1º a 5 de junho), dados do
mesmo ponto de coleta permitiam estimar que 6,9% da população atendida estaria
infectada pelo novo coronavírus, causador do COVID-19.
Esse aumento indica
que mais de 50 mil pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus, conforme
carga viral identificada nas amostras coletadas entre 8 e 12 de junho. Esta
população equivale a aproximadamente 2,5% de toda a população interligada aos
sistemas de esgotamento e tratamento das bacias do Arrudas e do Onça. Na semana
de coleta anterior, estimava-se em mais de 20 mil pessoas infectadas nas
regiões pesquisadas.
“Os resultados e as
estimativas com base no monitoramento do esgoto indicam tendência de aumento
expressivo da população infectada pelo novo coronavírus em Belo Horizonte.
Portanto, medidas de prevenção e controle para evitar a disseminação do vírus
deveriam ser intensificadas” afirmam os pesquisadores, no boletim.
Sobre o
projeto-piloto
O projeto-piloto
Monitoramento COVID Esgotos tem o objetivo de monitorar a presença do novo
coronavírus nas amostras de esgoto coletadas em diferentes pontos do sistema de
esgotamento sanitário das cidades de Belo Horizonte e Contagem, inseridos nas
bacias hidrográficas dos ribeirões Arrudas e do Onça. Assim é possível gerar
dados para a sociedade e ajudar gestores na tomada de decisão.
O trabalho, que terá
duração inicial de dez meses, é fruto de Termo de Execução Descentralizada
(TED) firmado entre a ANA e o INCT ETE Sustentáveis/ UFMG. Com a continuidade dos
estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do
vírus nas diferentes regiões analisadas para entender a prevalência e a
dinâmica de circulação do vírus.
Os pesquisadores
participantes no estudo reforçam que não há evidências da transmissão do vírus
através das fezes (transmissão feco-oral) e que o objetivo da pesquisa é mapear
os esgotos para indicar áreas com maior incidência da doença e usar os dados
obtidos a partir do esgoto como uma ferramenta de aviso precoce para novos
surtos, por exemplo.
Com os dados obtidos,
será possível saber como está a ocorrência do novo coronavírus por região, o
que pode direcionar a adoção ou não de medidas de relaxamento consciente do
isolamento social. Também pode possibilitar avisos precoces dos riscos de
aumento de incidência do COVID-19 de forma regionalizada, embasando a tomada de
decisão pelos gestores públicos.
Futuramente os
resultados preliminares da pesquisa serão divulgados na forma de mapas
dinâmicos, que possibilitarão acompanhamento da evolução espacial e temporal da
ocorrência do vírus.
Outras ações de
comunicação do andamento dos trabalhos também estão em curso. No dia 22 de maio
foi realizado o webinar COVID-19: Monitoramento do Esgoto como Ferramenta de
Vigilância Epidemiológica. O vídeo com as palestras e as apresentações está
disponível no canal da ANA no YouTube.
Sobre os parceiros do
projeto-piloto
ANA
Criada pela Lei nº 9.984/2000, a ANA é a agência reguladora dedicada a
implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e
coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH).
Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento, gestão e
planejamento de recursos hídricos. Além disso, a Agência Nacional de Águas
emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas em corpos
d’água de domínio da União – interestaduais, transfronteiriços e reservatórios
federais. Também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens de
usos múltiplos das águas outorgadas pela instituição.
INCT ETEs
Sustentáveis/UFMG
O Instituto
Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de
Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões sobre o esgoto sanitário,
notadamente para países em desenvolvimento, de forma a contribuir para a
promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos serviços de esgotamento
sanitário, a partir da capacitação profissional, desenvolvimento de soluções
tecnológicas apropriadas às diversas realidades nacionais, construção e
transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos governamentais e
empresariais.
IGAM
Criado em 1997, o
Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) é vinculado à Secretaria de Estado
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Integra o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) na esfera federal. Na estadual,
faz parte do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA).
Entre as responsabilidades do IGAM estão a proteção, gestão e controle dos
recursos hídricos; monitoramento da qualidade da água; autorização e
acompanhamento de obras que interferem nos cursos d'água; emissão de alertas de
tempestades; fiscalização, monitoramento e elaboração de relatórios técnicos.
COPASA
Criada pelo Estado de
Minas Gerais, em 1963, com a denominação Companhia Mineira de Água e
Esgoto (COMAG), em 1974, com a incorporação do Departamento
Municipal de Águas e Esgoto (DEMAE), teve o nome social alterado para
Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA).
Com sede em Belo
Horizonte, a Companhia é uma sociedade de economia mista, de capital aberto,
controlada pelo Governo do Estado de Minas Gerais, que tem como objetivo
planejar, projetar, executar, ampliar, remodelar, administrar e explorar
serviços públicos de abastecimento de água e de esgoto, podendo atuar no Brasil
e no exterior.
Atualmente, a COPASA
detém a concessão do sistema de abastecimento de água de 641 municípios, sendo
que destes, também, detém a concessão do sistema de esgotamento sanitário de
311 municípios mineiros.
SES-MG
A Secretaria de
Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) é responsável pela gestão do Sistema
Único de Saúde (SUS) em todo o Estado. Além disso, uma das metas da SES-MG é
apoiar os municípios no processo de planejamento, fortalecimento e gestão do
SUS para o desenvolvimento de políticas de saúde focadas no cidadão e em
consonância com as especificidades regionais, com transparência e participação
social. Para outras informações sobre saúde, acesse: www.saude.mg.gov.br.