Por Fábio Tiepolo*
Após anos de debate, o Projeto de Lei 696/20,
proposto pela Deputada Federal Adriana Ventura, autorizou em caráter
emergencial a prática da telemedicina por conta da epidemia do novo coronavírus
no Brasil, e do isolamento social adotado na tentativa de evitar a propagação
do vírus. Essa liberação ainda não é uma regulamentação em definitivo, visto
que esse tipo de atendimento só está autorizado enquanto a saúde pública
estiver em colapso por conta da pandemia. Mas, podemos entender essa medida
como um avanço em uma prática cada vez mais condizente com o mundo em que
vivemos.
A telemedicina é um termo que engloba a utilização
de ferramentas tecnológicas para facilitar o acesso e o atendimento à saúde
para a população. De acordo com o artigo “Telehealth”, do The New England
Journal of Medicine, existem quatro objetivos a serem alcançados pelo sistema
de saúde que podem ser auxiliados por esse método: melhorar a experiência do
paciente durante o atendimento; melhorar a saúde da população; reduzir o custo
per capita de cuidados com a saúde; e melhorar a experiência em serviços de
saúde.
Médicos e pacientes podem se comunicar por
videochamadas para realizar o atendimento, tendo como ferramentas aplicativos
especializados. A inserção da telemedicina na rotina das pessoas tem benefícios
econômicos e sociais. Da mesma forma como reduz o gasto de operadoras de saúde,
influenciando em menores custos para o usuário final, também será possível
levar atendimento a locais com maior dificuldade de acesso à saúde. Assim,
existem maneiras de conciliar tratamento com prevenção de doenças de baixa
complexidade, ajudando a evitar que as pessoas posterguem os cuidados com a
saúde.
É inegável que se trata de um avanço necessário
para a medicina brasileira. Aliás, os principais países do mundo já usam o
modelo como uma forma de acesso à saúde e para a redução de custos. Além disso,
é uma excelente ferramenta para viabilizar os sistemas de saúde e otimizar o
tempo médico, gerando benefícios para todos os envolvidos e colocando o Brasil
em linha com as boas práticas adotadas por outras nações.
Espera-se que esse primeiro "teste" do
uso da telemedicina acelere a sua autorização de maneira definitiva, já que foi
possível perceber vários benefícios de sua prática. Com essa nova percepção
sobre a telemedicina, ganham-se diversas vantagens, e alguns outros setores
precisarão se adaptar a essa nova realidade. Por exemplo, as operadoras de
serviço de internet vão sentir a necessidade de entregar seus serviços com mais
qualidade, dado que será indispensável para a comunicação entre médico e
paciente. Isso também vai influenciar a disputa com a concorrência.
No entanto, não se trata somente de regulamentar e
esperar que o sistema funcione de forma adequada. O conceito de telemedicina e
suas variações é muito amplo e é necessário atenção para o entendimento e
desempenho adequado dessa modalidade de serviço, para que seja realizado pelos
médicos com ética. Vale lembrar que é um ínicio, e que a Frente Parlamentar do
Congresso junto ao Conselho Federal de Medicina estão em constante discussões
de temas sensíveis como este.
*Fábio Tiepolo é CEO da Docway (www.docway.com.br), empresa brasileira de inovação com foco em saúde.