Saída de cubanos do Programa Mais Médicos (PMM) em novembro do ano passado (Divulgação) (Foto: )
O Governo do
Pará, por meio da sua Procuradoria-Geral (PGE), está requerendo a anulação da
sentença emitida pelo juiz federal Henrique Jorge Dantas da Cruz, que suspendeu
os contratos realizados entre Estado e médicos cubanos, além de brasileiros
formados no exterior. A decisão foi emitida após Ação Civil Pública ajuizada
pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em 22 de maio deste ano, pedindo que
os profissionais parassem de atuar em todo o território paraense.
De acordo com a PGE, em nenhum dos momentos processuais,
até que a sentença fosse emitida no dia 17 de julho, o juízo ordenou a citação
do Estado do Pará como réu na ação. O órgão afirma que tal atitude viola
“garantias básicas previstas pelo Código de Processo Civil, como as do devido
processo legal, do contraditório e da ampla defesa”.
“Há um erro
claro no procedimento, por isso entendemos que a sentença é nula. O certo seria
que o juiz mandasse citar o Estado para que apresentássemos defesa, de acordo
com o que determina o juízo de admissibilidade, previsto no código”, explica a
procuradora-geral adjunta do Contencioso, Ana Carolina Paúl Peracchi.
A decisão também teria ignorado a petição
protocolada no dia 27 de maio pela Procuradoria, de forma espontânea,
requerendo a citação do Estado na ação e a realização urgente de audiência
virtual. O pedido foi reiterado, um dia depois, pelo Ministério Público Federal
(MPF), sendo a audiência igualmente solicitada.
Ainda de acordo
com a procuradora, apesar da manifestação espontânea, solicitando que o Estado
do Pará fosse citado formalmente na causa para que, legalmente, pudesse
integrar a relação jurídica processual, a sentença foi proferida no dia 17 de
julho em favor do CFM, determinando a suspensão dos contratos e
impossibilitando qualquer participação por parte do governo estadual.
A partir da
sentença, o Estado teria até 09 de setembro para apelação. No último dia 05, a
PGE interpôs recurso requerendo que a sentença seja anulada e que o processo
retorne ao juízo para que o Estado seja, por fim, citado. Porém, até o presente
momento, o pedido de efeito suspensivo não foi apreciado.
O QUE PEDE O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
O CFM requer que
o Estado “se abstenha de contratar profissionais, sejam brasileiros ou
estrangeiros, formados em faculdades estrangeiras, inclusive ex-participantes
do Programa Mais Médicos, os quais não possuam diploma revalidado e que não
estejam regularmente inscritos em CRM”. A justificativa do conselho para tal é
que o ato é um potencial risco à saúde da população.
MÉDICOS CUBANOS NO PARÁ
De acordo com a
PGE, no momento, há 471 médicos cubanos e brasileiros formados no exterior
atuando no Pará. Destes, 203 estão trabalhando diretamente no combate ao novo
coronavírus em 104 municípios paraenses e 134 desempenham suas funções em UPAs
da Região Metropolitana de Belém, nos Hospitais de Campanha do Hangar e de
Marabá, além do Hospital Regional de Castanhal e nas ações itinerantes da
Policlínica.
“Muitos desses
profissionais são médicos intensivistas com anos de experiência, que passaram a
atuar na linha de frente, atendendo pacientes em estado grave em diversos
municípios do Estado. Sem esses médicos, a população paraense não estaria
adequadamente assistida, mesmo que hoje tenhamos mais de 9 mil médicos
inscritos no CRM/PA”, garante o procurador-geral do Estado, Ricardo Sefer.
O procurador
ainda aponta que o CRM foi procurado por duas vezes seguidas pelo Estado para
que pudesse indicar médicos aptos ao atendimento dos pacientes da Covid-19,
antes de partir para as demais contratações, mas em nenhuma delas houve
resposta.
CONTRATAÇÕES
Segundo a PGE,
todas as contratações estão baseadas no Parecer nº SN/2020-PGE, lavrado com
base na Lei Complementar Estadual nº 131, de 16 de abril de 2020, que trata
sobre a contratação temporária, necessária ao enfrentamento da pandemia no
Pará.
“O parecer dá a
sustentação jurídica necessária para que as contratações sejam absolutamente
legais. Reconhecemos o trabalho desses profissionais. Aguardamos agora a
apreciação do recurso pela justiça, para tomarmos as medidas cabíveis”, reforça
Sefer.
REUNIÃO
No último sábado
(15), uma comissão de médicos estrangeiros foi recebida por gestores da
Secretaria de Saúde Pública (Sespa), da Casa Civil, do Programa TerPaz e da
Secretaria de Ciência e Tecnologia (Sectet) para tirar dúvidas sobre a
suspensão dos contratos e a ACP movida pelo Conselho Federal de Medicina.
Na ocasião, a
Sespa informou aos participantes que o Estado já recorreu da decisão e aguarda
a apreciação do efeito suspensivo. E que, no momento, cumprirá a sentença de
forma gradual, para que os atendimentos não sejam interrompidos, mantendo
assistência médica onde esses profissionais atuam.
Os médicos foram
comunicados de que, por meio da Sectet, o Governo do Pará já organiza o
programa de revalidação de diploma dos médicos estrangeiros, com o objetivo de
fornecer a mão de obra destes profissionais em todos os municípios paraenses.
Com informações da
Agência Pará