Publicado em 06/04/2021 - 19:41 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro (Foto: )
A pandemia do novo coronavírus pode
permanecer em níveis críticos durante o mês de abril, alerta o Boletim
Extraordinário do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
divulgado hoje (6) no Rio de Janeiro. O boletim confirma que o vírus Sars-CoV-2
e suas variantes permanecem em circulação intensa em todo o país, o que pode
estender a crise sanitária e dos sistemas e serviços de saúde nos estados
brasileiros e suas capitais.
Outro fator agravante é a sobrecarga
dos hospitais, com elevado índice de ocupação de leitos de unidades de terapia
intensiva (UTI). Os dados apurados pelos pesquisadores da Fiocruz revelam ainda
novo aumento da taxa de letalidade, que passou de 3,3% para 4,2%, contra 2% no
final de 2020. Os pesquisadores advertem que a expansão da letalidade pode ser
consequência da falta de capacidade de se diagnosticar correta e oportunamente
os casos graves, somada à sobrecarga dos hospitais.
Lockdown
Ante tal cenário, os responsáveis
pelo estudo afirmam que, no momento, é fundamental adotar ou dar continuidade a
medidas de contenção das taxas de transmissão e crescimento de casos por meio
de bloqueio ou lockdown (confinamento), seguidas de medidas de
mitigação, visando a reduzir a velocidade da propagação da covid-19.
Segundo os pesquisadores, as medidas
de restrição de atividades não essenciais precisam ser mais rigorosas para
todos os estados, capitais e regiões que apresentem taxa de ocupação de leitos
superior a 85% e tendência de elevação no número de casos e de mortes.
Para que as ações tenham sucesso, as
medidas de bloqueio devem durar pelo menos 14 dias e, em alguns casos, ser
prorrogadas por mais tempo, afirmam os estudiosos, que destacam também a
necessidade de convergência entre os poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, bem como nos diferentes níveis de governo (municipais, estaduais e
federal), em favor das medidas de bloqueio.
“Coerência e convergência são
fundamentais neste momento de crise para que as medidas de bloqueio sejam
efetivamente adotadas de forma a sair do estado de colapso de saúde e progredir
para uma etapa de medidas de mitigação da pandemia, diminuindo o número de
mortes, casos e taxas de transmissão e efetivamente salvando vidas”, ressaltam
os responsáveis pelo boletim.
Medidas
As medidas de bloqueio propostas
incluem proibição de eventos presenciais, como shows, congressos,
atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional;
suspensão das atividades presenciais em todos os níveis de ensino; toque de
recolher nacional a partir das 20h e terminando às 6h, inclusive nos fins de
semana; fechamento de praias e bares; adoção de trabalho remoto, sempre que
possível, nos setores público e privado.
Outras sugestões são instituir
barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos
aeroportos e do transporte interestadual; ações para reduzir a superlotação nos
transportes coletivos urbanos; ampliar a testagem e o acompanhamento dos
pacientes testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos
contatos. Os pesquisadores recomendam ainda o fortalecimento da rede de
serviços de saúde e aceleração da imunização da população.
Leitos de UTI
De acordo com o boletim divulgado
hoje pela Fiocruz, do dia 29 de março ao dia 5 deste mês, as taxas de ocupação
de leitos de UTI covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) caíram
nos estados de Roraima (de 62% para 49%), do Amapá (de 100% para 91%), do
Maranhão (de 88% para 80%), da Paraíba (de 84% para 77%) e do Rio Grande do Sul
(de 95% para 90%).
No sentido contrário, Sergipe
registrou o maior aumento na taxa de ocupação de leitos de UTI, que passou de
86% para 95%. Exceto por essas mudanças, os dados obtidos ontem (5) mostram
relativa estabilidade do indicador em níveis muito críticos, na maior parte dos
estados e no Distrito Federal.
Edição: Nádia Franco