Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro (Foto: )
O Instituto de Hematologia Arthur de
Siqueira Cavalcanti (Hemorio), vinculado à Secretaria de Estado de Saúde do Rio
de Janeiro (SES-RJ), inicia nesta semana a coleta de plasma (parte líquida do
sangue) de doadores que tenham recebido as duas doses de vacina contra a
covid-19, há pelo menos 14 dias.
O plasma coletado será usado em
estudo inédito denominado Immuneshar, que vai testar uma nova opção de
tratamento contra o novo coronavírus. O material será aplicado em pacientes
maiores de 40 anos com covid-19 e que estejam na fase inicial da doença, disse
hoje (24) à Agência Brasil o diretor do Hemorio, Luiz Amorim.
O estudo será feito em conjunto com a
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), SES-RJ, Hospital Virvi Ramos (RS),
Secretaria Municipal de Saúde de Caxias do Sul e Universidade Feevale (RS).
Essa é a primeira pesquisa
multicêntrica do país a utilizar o plasma doado por pessoas com o esquema
vacinal completo, para tratar pacientes no estágio inicial da doença.
O projeto tem financiamento do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Esperança
De acordo com o Hemorio, a técnica de
usar o plasma convalescente, também chamado plasma hiperimune, foi adotada
durante a epidemia da Gripe Espanhola, em 1918 e, segundo os pesquisadores, pode
ser uma esperança para o tratamento do novo coronavírus, principalmente nos
casos leves e moderados. Eles acreditam que como a vacina produz um tipo
específico de anticorpo, em tese mais eficiente no combate ao vírus, o
tratamento com o plasma pode reduzir as taxas de internação dos pacientes.
Luiz Amorim informou que serão
tratados 380 pacientes, maiores de 40 anos de idade, atendidos em unidades de
Pronto Atendimento (UPAs) da rede de saúde do Rio de Janeiro e do Rio Grande do
Sul, que tenham confirmado a infecção pelo novo coronavírus, que estejam no
máximo no terceiro dia de sintomas, sem necessidade de internação hospitalar e
que concordem em participar da pesquisa.
Desse total, metade receberá a
transfusão de plasma, para que possa ser feita análise comparativa da eficácia
do produto. A escolha dos pacientes que receberão o plasma ou farão o
tratamento padrão será aleatória, por sorteio. Esse é um procedimento padrão em
pesquisas, afirmou o diretor do Hemorio. Elas terão que assinar um termo de
consentimento para participar do estudo e vão se recuperar em casa, com
acompanhamento dos pesquisadores.
Resultados
Luiz Amorim estimou que o estudo
deverá ser concluído em até três meses. Os resultados serão avaliados em
conjunto por todas as instituições envolvidas no projeto. “Quanto mais centros
estiverem participando, mais rapidez teremos nos resultados”, disse o diretor
do Hemorio.
Amorim afirmou que caso os resultados
do tratamento com plasma sejam positivos, ele poderá ser utilizado em um número
maior de pessoas. A decisão, porém, será das autoridades de saúde pública.
Desde o início da pandemia, mais de 300 pessoas fizeram transfusão com plasma
doados no Hemorio. Os dados preliminares obtidos até agora apontam que a
técnica é eficiente nos pacientes em estágios iniciais de infecção, ao
neutralizar o vírus.
Edição: Denise Griesinger