Uma medida tomada pelo município de São Félix do
Xingu, no sul do Pará, promete assanhar organizações sociais e institutos, pelo
tamanho da cereja do bolo. A prefeitura local está tentando passar para frente
a prestação de serviços médicos, de enfermagem e exames em diversas unidades de
saúde públicas e, para isso, abriu um baita credenciamento no apetitoso valor
de R$ 23,987 milhões.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé
Dudu e podem ser conferidas
aqui. São Félix é mais um município do sudeste do Pará
a ser picado pelo mosquitinho do credenciamento para tentar, via pessoa
jurídica, “comprar” um combo de serviços de saúde. As prefeituras de Tucuruí,
Marabá e Eldorado do Carajás já estão com processos em curso, conforme já
reportado aqui no Blog.
O diferencial de São Félix do Xingu é que sua lista
de desejos é mais intensa e extensa. O governo local quer, com a contratação,
manter em funcionamento o hospital municipal, a maternidade, a Unidade de
Pronto-Atendimento (UPA) e demais unidades vinculadas à Secretaria Municipal de
Saúde, a pretexto do mantra constitucional de que a saúde é direito de todos e
dever do Estado.
O pacotaço de R$ 24 milhões cobre a contratação de
horas para diversos especialistas da área médica; consultas especializadas (em
pediatria, dermatologia, neurologia, ortopedia, cirurgia geral, psiquiatria,
urologia, oftalmologia e clínica médica); exames (ultrassonografia,
colonoscopia e tomografia do tórax); e procedimentos cirúrgicos de baixa e
média complexidades.
Folha no limite?
O Executivo de São Félix do Xingu justifica que a
medida é necessária porque não possui em seu quadro profissionais suficientes
para atender a demanda de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A gestão
municipal lembra que a folha de pagamento da prefeitura está “sobrecarregada e
no limiar” do limite legal e que, mediante a contratação de uma entidade para
prestação de serviços de saúde, a administração fica desobrigada do
recolhimento de encargos previdenciários, culminando em economia de, ao menos,
21%.
O Blog observou, porém, que a Prefeitura de São
Félix do Xingu não enfrenta problemas com a folha de pagamento no “limiar do
limite” da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Isso porque, conforme
prestação de contas da própria prefeitura referente ao primeiro quadrimestre
deste ano, a despesa com pessoal do Executivo municipal foi de apenas 38,37% da
receita líquida, situação, diga-se de passagem, excelente, do ponto de vista
fiscal, já que impõe distância dos limites de alerta (48,6% da receita
líquida), prudencial (51,3%) e máximo (54%) da LRF.
A terceirização dos serviços vai custar 61% dos R$
39,31 milhões previstos como orçamento da saúde municipal. A receita bruta da
Prefeitura de São Félix do Xingu é de R$ 242,19 milhões (R$ 224 milhões
líquidos) e mede forças com a da Prefeitura de Redenção, cujo faturamento bruto
anual é de R$ 249,74 milhões (R$ 235 milhões líquidos).
Fonte Ze Dudu