Um levantamento realizado nesta sexta-feira (13)
com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, a partir de dados ainda prévios do
Ministério da Saúde, aponta para uma hecatombe com quase 11 mil vítimas fatais
no Pará no ano de 2020 frente a 2019. Se os números se consolidarem, o Pará
terá assistido ao registro do maior salto de óbitos da história, já que em 2019
exatos 40.599 paraenses perderam a vida, enquanto no ano marcado pelo início da
agressiva pandemia de coronavírus o total de sepultamentos saltou para 51.379.
Caso sejam consolidados os números, o Pará revelará
uma taxa de crescimento de mortes da ordem de assustadores 26,55%. Vale lembrar
que o estado só atingiu 10 mil mortes por Covid-19 em 24 de março deste ano, 13
meses após declarada oficialmente a pandemia no Brasil.
Pelos dados do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) coletados pelo Blog, os números são recordes e mostram uma
tendência não experimentada pelo Pará desde que os indicadores de mortalidade
começaram a ser divulgados pelo Ministério da Saúde. Até então, os maiores
aumentos nominais de óbitos, de um ano para outro, haviam sido registrados de
2000 para 2001; de 2002 para 2003; de 2007 para 2008; e de 2014 para 2015. Em
todos esses períodos foi computado um aumento de mortes no SIM da ordem de
2.000 registros de um ano para outro, nada comparado ao triste registro de
10.780 fatalidades de 2019 para 2020.
VEJA
O NÚMERO DE MORTES NO PARÁ DESDE 2010
Aumento
em 126 dos 144 municípios
A morte não poupou praticamente 9 de cada 10
municípios paraenses em 2020. Dos 144 do estado, houve alta nos óbitos em 126
deles. Um, Placas, repetiu em 2020 o mesmo número de mortes de 2019, e 17,
mesmo com o terror do coronavírus, conseguiram sepultar menos cidadãos,
mostrando que milagres acontecem.
A pior situação é verificada em Mocajuba, município
pobre nas cercanias de Cametá, onde o número de óbitos saltou 82,69% de 2019
(104) para 2020 (190). A explosão de óbitos em Mocajuba não está, pelo menos
não oficialmente, ligada a mortes por coronavírus, já que a prefeitura local
divulga em seu boletim diário apenas 60 vítimas fatais em decorrência da
Covid-19 desde o início da pandemia. Os dados do Ministério da Saúde ainda não
detalham com precisão as causas dos óbitos de 2020, já que ainda estão passando
por checagem e tratamento.
O Blog, porém, analisou a curva de mortes em
Mocajuba mês a mês e observou que o pico de falecimentos coincidiu com o pico
da pandemia por covid no estado, em maio e junho de 2020. Em maio, Mocajuba
registrou 34 óbitos, após um abril com apenas nove registros. E em junho foram
24 falecimentos, que caiu para 15 no mês seguintes, julho.
Outros municípios que também experimentaram
adicional superior a 50% de mortes em 2020 foram Brasil Novo (70,51%), Ourém
(69,33%), Mojuí dos Campos (66,67%), Almeirim (64,96%), Jacareacanga (64%),
Soure (62,5%), Brejo Grande do Araguaia (58,06%), Magalhães Barata (54,76%),
Santa Cruz do Arari (54,17%), São Caetano de Odivelas (54,12%) e Prainha
(50,5%). No extremo oposto, Faro e Chaves foram as localidades que mais
conseguiram salvar vidas, com reduções de 31,71% e 21,43%, respectivamente.
Parauapebas
passa de 1.000 mortes
Pela primeira vez na história, Parauapebas, segundo
mais rico município do Pará, sepultou mais de mil pessoas no período de um ano.
Até então, a marca só havia sido atingida por Belém, Ananindeua, Santarém,
Marabá e Castanhal. Belém, a propósito, enterrou 13.006 no ano passado, 39,33%
a mais que em 2019 — e aqui cabe uma curiosidade: Belém assistiu à morte de um
total de 3.671 pessoas, de 2019 para 2020, mais que a população inteira do
município de Bannach, que tem 3.262 moradores.
Parauapebas, por seu turno, assinalou 1.004 vítimas
fatais em 2020, só atrás de Castanhal (1.419), Marabá (1.571), Santarém
(2.250), Ananindeua (3.507) e Belém. De um ano para outro, os óbitos em
Parauapebas dispararam 23,49%, mais que o dobro de Marabá, onde o aumento foi
de 11,26%. Entre os municípios mais populosos do estado, aliás, Marabá foi o
que preservou mais vidas no período da pandemia de coronavírus, ao lado de
Itaituba, que registrou crescimento de óbitos da ordem de 10,01%.
Fonte Ze Dudu