A sessão especial lotou o Plenário do Senado (Foto: )
Brasília –Durante
30 meses, médicos de todos o Brasil, enfrentaram e ainda enfrentam, com
“entrega pessoal” que caracteriza a profissão, o combate ao novo coronavírus
que se alastrou pelo mundo a partir da China, no final do ano de 2019.
Senadores e profissionais de saúde destacaram, em sessão especial comemorativa
do Dia do Médico, nesta segunda-feira (31), a importância da categoria,
lembrando o esforço empreendido, cobrando dos congressistas melhores condições
de trabalho e valorização do Sistema Único de Saúde (SUS). A sessão especial
foi realizada atendendo requerimento (RQS
648/2022) do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que também
presidiu a cerimônia.
Izalci resumiu aspectos da atuação dos médicos na
formação e no exercício profissional, e chamou atenção para o desempenho da
medicina no combate à covid, especialmente no início do combate à Convid-19,
doença desconhecida e com efeitos rápidos e mortais.
“Vieram as vacinas e os cuidados, mas é certo que
perdemos muitas vidas, entre elas muitas mortes de médicos e de demais
profissionais da saúde. O desafio que enfrentaram e os sacrifícios que fizeram
foram de tal tamanho que merecem aqui, na data de hoje, o nosso imenso respeito
e admiração”, reconheceu o senador.
O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que é médico,
lembrou que, a partir de 1º de fevereiro o Senado terá oito médicos no
exercício de mandato. Ele afirmou o compromisso da Casa em buscar o
aperfeiçoamento das pautas de saúde no país.
“Saúdo a todos os médicos brasileiros, na certeza
de que nada substituirá, com o avanço tecnológico que for, o dom divino que nós
médicos devemos ter para aliviar, confortar, curar aquele que nos procura”,
explicou.
Já o senador Guaracy Silveira (PP-TO) homenageou os
médicos que deram a vida em prol da humanidade e os que contribuíram com o
avanço da ciência.
“Lembro-me que, nos anos 40, o índice de
longevidade no Brasil era de 46 anos; hoje nós estamos na base de 76, 79 anos.
Vejamos bem que tudo isso é avanço da medicina, é conhecimento, é melhor
ciência, é melhor pesquisa”, destacou.
Marta David Rocha de Moura, diretora da Escola
Superior de Ciências da Saúde (Escs), associou o avanço da ciência médica ao
aumento da qualidade de vida dos idosos e à possibilidade de pleno
desenvolvimento das crianças. Ela manifestou a esperança de que, em futuro
próximo, os médicos possam celebrar a melhoria das condições de trabalho no
SUS, com aprimoramento de salários, jornadas de trabalho e condições de
formação acadêmica.
“Ao comemorar o Dia do Médico, nós estamos
reconhecendo o valor desses trabalhadores que obtêm sua recompensa ao ver uma
vida sendo salva. Na maioria das vezes somos rostos anônimos, que muitas vezes
você encontra nas madrugadas, amarrotados, cansados, sem um salário digno e que
cuidam desses indivíduos, cuidam de suas feridas, tratam de sua alma”, definiu.
Sidney Sotero Mendonça, superintendente da região
Leste da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, chamou a categoria ao “senso
de missão”, especialmente no SUS, e expressou preocupação das sociedades
médicas com a qualidade da formação técnica e ética dos profissionais em face
da proliferação de cursos de medicina.
“Segundo Hipócrates, tratar frequentemente, curar
às vezes, mas confortar sempre. Desde então, já existia um foco na humanização,
um foco no outro, um foco no serviço, e hoje vemos muitos jovens procurando a
medicina numa ilusão de status social, buscando confortar apenas o próprio
ego”, criticou.
Marcela Augusta Montandon Gonçalves, presidente do
Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, apontou problemas de
financiamento e de estrutura nos serviços de saúde, mas enalteceu a dedicação
que caracteriza a profissão.
“Mesmo com todas as dificuldades, quando nós
médicos conseguimos recuperar a saúde das pessoas, percebemos que escolhemos a
profissão certa e nos alegramos da nossa jornada. Graças a essa dedicação
constante, muitas vidas são salvas e muitas dores são curadas”, enfatizou.
Também o Presidente do Conselho Federal de
Medicina, José Hiran da Silva Gallo, citou o “total desprendimento” que os
médicos demonstraram diante da covid, mesmo sob condições precárias de
trabalho.
“Graças ao trabalho dos médicos e dos demais
profissionais de saúde, milhões de brasileiros superaram o coronavírus e
conseguiram escapar das estatísticas de mortalidade. Nos postos de saúde, nas
emergências e na beira dos leitos de internação e da UTI, quem estava
oferecendo suporte ao paciente e liderando as equipes de saúde eram os médicos
brasileiros”, lembrou.
Gallo também apresentou reivindicações da
categoria, como a tomada de medidas que assegurem o respeito aos direitos do
paciente, o fortalecimento do SUS e o controle sobre as condições de formação
de novos profissionais.
A diretora do Instituto de Cardiologia e
Transplantes do Distrito Federal, Adenalva Lima de Souza Beck, apelou aos
senadores para que zelem pela “saúde financeira” das instituições filantrópicas
de atendimento médico. Gustavo dos Santos Fernandes, diretor nacional de
oncologia da Rede Dasa, saudou a “função espetacular” dos médicos durante os 30
meses de pandemia e apontou como “deficitárias” as tecnologias oferecidas em
face das tabelas “atrasadas” de ressarcimento pelo SUS.
O oftalmologista Rodolfo Alves Paulo de Souza pediu
“carinho, zelo e empatia” aos futuros médicos. O psiquiatra Ulysses Rodrigues
de Castro lembrou os esforços no tratamento da covid e chamou as entidades
médicas a lutar por uma carreira sólida em nível nacional.
Raquel Medeiros, gestora pública e
endocrinologista, disse que o período de pandemia exigiu dos médicos “esforço
adicional de compromisso, integração, compreensão e capacidade inventiva”.
Gutemberg Fialho, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam),
reafirmou o compromisso dos médicos de proporcionar qualidade e melhorar a vida
do povo.
Mesa: diretor nacional de oncologia da Rede Dasa
(Diagnósticos da América SA), Gustavo dos Santos Fernandez;
diretora do Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal,
Adenalva Lima de Souza Beck;
presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran da Silva Gallo;
presidente e requerente desta sessão de homenagem, senador Izalci Lucas
(PSDB-DF);
diretora da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), Marta David Rocha de
Moura;
presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF),
Marcela Augusta Montandon Gonçalves;
oftalmologista Rodolfo Alves Paulo de Souza;
presidente da Unimed Brasil (Confederação Nacional das Cooperativas Médicas),
Omar Abujamra Junior.
Também discursaram, entre outros, a obstetra
Danielle do Brasil de Figueiredo, o infectologista Paulo Giovanni Pinheiro
Cortez, e a coordenadora da Faculdade Unieuro, Andréa Franco Amoras Magalhães.
O Dia do Médico é celebrado anualmente em outubro.
A data é associada pela Igreja Católica à figura de São Lucas, que era médico e
é declarado padroeiro da profissão.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.